Thursday, March 15, 2007

Jean Scharlau

Aos índiozinhos do planeta Roxo


Era uma vez um jovenzinho que morava numa aldeia que por sua vez morava bem fundo na floresta, centenas de quilômetros rio acima, que por seu turno fluia no continente Amazônia, que era o lugar mais verde do planetinha azul que se chamava Terra. Já faz isso um horror de anos e hoje naquele planeta já não existem mais jovenzinhos, nem aldeias, nem continente amazônico, nem verde, nem azul, pois azul era a cor do gás oxigênio, que muito havia na sua atmosfera e hoje também não há.

Mas a nossa história não é a de hoje mas a de há muito, muito tempo atrás, quando aquele planeta era lindo e habitado e suas águas, seu ar, seu solo, tudo era cheio, transbordante, efervescente de vida, compartilhada por zilhões de seres, uma infinidade, que jamais seria possível contar, pois era mais que as estrelas, mais que as palavras que podem ser ditas, inventadas e imaginadas, mais de trilhões, quatrilhões, quintilhões de vezes o que temos aqui neste nossoplanetinha Roxo.

Pois bem, aquele jovenzinho, da idade de vocês, que morava no meio da floresta daquele planeta exuberante e vivo (nós já sabemos que floresta era uma inimaginável multidão de árvores, tantas que podiam cobrir, e cobriam, um continente inteiro, e já sabemos também que as árvores eram verdes, como aquela lá no museu natural), pois um dia o jovenzinho foi visitar outro jovem, morador de uma enorme cidade, para retribuir a visita que dele recebera em sua aldeia. Quando eu falo em cidade, não imaginem algo como o que temos hoje, imaginem algo muito,muito maior, 200, 300, 1.000 vezes maior, para cima e para os lados.

O jovem da cidade fora à aldeia uma vez ensinar aos aldeões a higiene, a leitura e que mesmo morando em lugares e tendo hábitos que as colocavam muito distantes umas das outras, as pessoas eram parecidas e poderiam viver próximas. Logo que chegou perto da cidade o jovem aldeão notou que aumentava o número de veículos parecidos com aquele em que ele estava e viu que muitos deles, principalmente os maiores, soltavam fumaça por trás. Mais perto da cidade viu coisas muito estranhas, maiores que tudo que já tinha visto, retorcidas e feias, soltando muita fumaça por cima.

E era muito ruim o cheiro perto da cidade. Primeiro o jovem achou que alguém tinha comido algo estragado e passava mal, ou era mal educado e fizera sujeira ali dentro, então abriu a janela e percebeu que o mau cheiro estava no ar da rua. Suas decepções não pararam por ali, pois ao começar a entrar na cidade começou a ver casas muito feias, muito sujas, muito amontoadas, de uma feiúra que além do mais não deixava espaços, não deixava árvores, não deixava nem ruas, era uma feiúra toda e só. Quanto carro, quanto barulho, quanta correria! E as pessoas não estavam com caras boas.

Parecia que todos estavam muito zangados e tristes. Imaginou que chegara logo depois de ter acontecido uma grande tragédia, ou talvez aquela cidade estivesse sendo ameaçada por uma cidade vizinha. Foi com a face e o corpo tenso, o espírito apreensivo e em grande suspense que seu amigo o encontrou no terminal rodoviário (as vias de transporte chamavam-se rodovias, como vocês estão lembrados – vias para rodas).

(Segue na próxima quinzena)

Jean Scharlau
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3 comments:

Anonymous said...

Como assim continua na próxima quinzena? E até lá a gente fica fazendo o quê? Roendo as unhas de curiosidade, deixando a imaginação fervilhar sobre os rumos do jovem aldeão na cidade grande?
É por essas e outras que as pessoas se entregam à bebida ou à devassidão sexual.
Jear Scharlau e RF, o editor ensandecido, perderam completamente o senso de rsponsabilidade para com leitorado de mente frágil que frequenta essas páginas. Façam-me o favor, senhores!
Continua na próxima quinzena é a mãe!

Jean Scharlau said...

Taí, Jens! A mãe, pra próxima quinzena... Não tinha pensado nisso. Mas pode ser que a mãe do amigo seja uma boa. Valeu a sugestão.

(A mãe do amigo DO INDIOZINHO seja uma boa PERSONAGEM, fique bem entendido.)

Anonymous said...

Aguardemos, então (com ou sem a mãe).

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