Wednesday, October 11, 2006

Index 1 - Terceira Quinzena

Editorial - Terceira Quinzena

Leitores e leitoras do meu peito imenso, branco e chapado, benvindos à nossa terceira jornada com novos textos no Reação!

Esta edição está interessante demais, só afirmo isto. Não porque os escritos são, apenas, interessantes, mas porque o mundo todo está interessante, e quem conhece meu blogue Os Intensos, sabe o significado desta expressão.

No Brasil, a mula pica solta em termos de segundo turno. Alckmin ou Lula? Você é de direita ou de direita canhota? Brincadeirinha, deixo o direito e o torto em suas mãos, mas a pergunta certa é: Você votará em quem? Ou melhor, acredito, talvez, que a pergunta ainda mais certa seja: Faz alguma diferença em quem votar?

O Brasil se divide, a mídia se divide, as pessoas divergem e as campanhas são lançadas. O Reação não toma partido fixo. Os escritores, aqui, mandam o que querem e eu publico o que me comprometi a publicar. Os leitores lêem o que querem, e quanto mais disserem e escreverem e sugerirem, mais adiante seguiremos. Não queremos divisão. Gostariamos que o Brasil se unisse pelo Brasil. Gostariamos que as pessoas se unissem às pessoas, quer seja onde estiverem.

Portugal também tem seus problemas. Leio que a incertidão do país parece governá-lo, de uns tempos para cá. Falta de emprego, baixos salários... Colônia ou Colonizador, no passado, presente e esperançosamente não no futuro, o povo é sempre o mesmo. O povo é sempre o que se dá pior.

No Iraque, bombas, todos os dias. Bombas não no sentido literal, mesmo sendo, mas sim no sentido do choque, da explosão sentimental privada de soldados vendo soldados morrer, de soldados matando confundidos civis, de civis se matando entre si, confusos. O Irã expressa seus desejos de que não exista Israel, ou Estados Unidos. A Síria e a Coréia do Norte se únem a atacar, diplomaticamente, os Estados Unidos, mas com o teste nuclear subterrâneo do líder da Coréia do Norte, parece que em breve o ataque não será apenas diplomático.

Assim também ocorre em outros cantos, outras pontas, na Europa, nas Américas, em Cuba (afinal, Fidel está vivo ou morto?), na África, Ásia e Oceania. A humanidade se está reformando sem rumo fixo, sem massa própria, sem muito sentido.

O Reação não compreende muitos sentidos, mas sente, e expressa os sentimentos. Nesta edição temos o poeta Joaquim dos Santos a comentar o ódio no Oriente Médio, Silvio Vasconcelos nos re-lembra Rwanda, Helena Vasconcelos apela à cidadania cultural educacional deste governo e ao futuro, seja qual for, e Roberto de Queiróz comenta o cinema médio-oriental. Cristina Bondezan volta com sua coluna quinzenal sobre a responsabilidade social na área da Arquitetura, Camila fala sobre a política e o dia a dia, Nana de Freitas fala apenas sobre o dia a dia de um casal peculiar, Luiz Miguel Luz fala sobre sua própria vida de casado e, por incrível pareça, até classificados sentimentais recebemos com pedido de publicidade.

Também temos nesta edição a Poética Porandura do mestre Ademário, e um pouco mais sobre a cultura indígena, essencial para a compreensão da evolução humanitária. Além disto, mais dois novos colaboradores: Vinícius nos conta de uma cena testemunhada em São Paulo, triste, mas real, e nos questiona o que se questionou sobre a miséria brasileira universal, e Luciano, escritor do blogue Artfree, nos explica direitinho o por quê dos Beatles. O escritor Marconi Leal também participa desta quinzena, com um texto pra lá de divertido. Lá... Lá... Não! Lá de divertido.

Enfim, amigos e amigas que já desde o início nos acompanham, a cada quatro dias, novos textos para seu bel prazer. Comente, debata, envie-nos emails, porque estamos crescendo, devagar e sempre, e sem ti, o crescimento nunca é suficiente. O endereço original para o Reação já funciona e re-direciona ao blogue, por enquanto. Divulguem!

www.reacaocultural.com

Um forte abrax a todos, desejos de boa quinzena, e até o dia 26 deste mês de Outubro!

Roy Frenkiel
Editor que Não Edita
admin@reacaocultural.com

Universidade e Cultura

Por Helena Vasconcelos

Num país como o Brasil, cujo imaginário cultural reflete uma das mais fortes expressões do seu povo, a constatação que o estudante não encontra no meio acadêmico uma prática cultural integralizadora à sua formação universitária é, no mínimo, preocupante. Os programas de ensino superior são construídos em gabinetes ministeriais mais preocupados com cartilhas ideológicas e ações populistas, longe de qualquer perspectiva educacional no campo da cultura. Uma pesquisa realizada pela USP mostra que 80% dos jovens universitários entrevistados não sabem para que, afinal, em suas vidas, servem a arte e a cultura e que a passagem pelo ensino superior não altera sua prática cultural de forma diferente daquela vivenciada fora da universidade. O distanciamento pode ser entendido, a começar pela formação curricular, na medida em que se coloca à parte da cultura vivida, como se o “campus” do conhecimento, fosse uma ilha isolada do mundo externo.

Proliferam-se universidades porque é político. É comum até encontrar universidades com expressivo parque cultural construído: teatros, galerias de arte, museus, bibliotecas, livrarias, ateliês, estúdios, gráfica, editora, um núcleo de rádio e televisão, sala de cinema além de acervos históricos e artísticos. Um complexo de causar inveja a maioria das cidades do interior brasileiro, cuja população, lamentavelmente, não dispõe dessa infraestrutura. Apesar desse aparato, os estudantes não são favorecidos por uma prática cultural integrada ao ensino, no uso de seus equipamentos e bens culturais. Os programas de extensão universitária, geralmente, passam por um corredor burocrático em total desacordo com a dinâmica cultural. O modelo de cultura é o mesmo praticado nas secretarias de cultura - uma agenda de eventos isolados, recheados de ações ensimesmadas em seus gestores; política de resultado fácil e desprovida de compromisso com a pedagogia da cultura.

Este tema nunca foi preocupação de um ministério da cultura e não é do de educação, porque este, considera que cultura é outra área. Então, projetos culturais mais substanciais, por iniciativa de professores e alunos, esbarram na falta do aporte necessário à sua plena realização. Também os artistas se ressentem do tratamento dado a eles pelas universidades, o que é mais um dos sintomas da indiferença ao conhecimento da cultura durante a formação superior. Falta anima entre Universidade e Cultura - que não se reduz a um evento ou uma mostra, nem cabe em uma semana ou mês. É necessário perder o status ministrador de uma educação “desculturalizada”: renunciar a pequenas e provincianas ações para então potencializar o conhecimento da cultura na universidade. As universidades carecem de investimentos à pesquisa de vitalidade criadora e a presença de uma educação estética compartilhada aos saberes da comunidade – um mergulho na cultura - um saber que pode e deve ser construído com os estudantes, desde a educação básica até a formação universitária.


Helena Vasconcelos, é professora de Teoria da Arte e membro do Conselho de Políticas Culturais para os Países do Mercosul.

A Humanidade Desumana

Estava eu parado no farol, ao volante do possante Gol 1.0 (na verdade, sempre imagino que seja 0.1, mas não vem ao caso esta observação) de meu querido pai, quando testemunho cenas de nossa guerra cotidiana.

Com o farol vermelho, várias crianças avançam para a limpeza de pára-brisas. Eu mesmo já tive um vidro, que estava limpo, ser sujo pela meninada. Mas tenho algumas moedas sempre à disposição para tanto. E pago por um serviço às avessas: dou dinheiro para que não me sujem os vidros.

Pouco me importo. Nunca controlei bem minhas contas (pois afinal, ganho tão pouco que não há como gastar desvairadamente), de modo que não serão algumas moedas a ruína dos meus negócios.

Mas eis que o motorista da minha frente se estressa com a molecada. Episódio que presenciei várias outras vezes, porém numa proporção menor. A “menina limpa-vidro” deveria ter uns seis anos de idade e mais ria e pulava por graça do que efetivamente “trabalhava” como faziam seus amigos visivelmente mais velhos.

O motorista da frente grita e ralha. Com a cabeça para fora, ordena que a criança se afaste da traseira do veículo. Sem ser obedecido, o homem engata a ré e derruba a criança. A menina chora um pouco, mas, talvez pela rudeza a que já está acostumada, se levanta e dispara na carreira para a calçada. O sinal abre e o homem arranca muito forte... mas não está sozinho na corrida. Eis que o Gol 0.1 (ooops! 1.0!) se agiganta e faz frente ao Astra! E sob meu comando, consegue se aproximar o bastante para que a placa seja anotada.

Com maior fôlego, o outro motorista foge tranqüilamente. É bem sabido que agi como um cachorro a perseguir rodas de carros... O que eu faria se conseguisse interceptá-lo? Gordinho, de óculos, estudante de filosofia e poeta acidental, não apresento o currículo musculoso que se fez necessário para a ocasião.

Ridiculamente triunfante - afinal, uma placa do infrator já era um começo - dei-me conta de que seria necessário retornar ao local dos fatos e, junto da criança, comparecer a algum distrito policial para prestação de “noticia criminis”. Retorno e a criança está sumida. Como muitas das outras. Encosto e troco palavras com um senhor. “Foi bom para aprenderem a não atrapalhar o trânsito”. Como me doeram estas palavras! Logo vi que não se tratava de uma boa testemunha. “E o senhor é polícia ou parente da menina?” quis saber o homem. Não, senhor... como diria Cazuza, sou só um cara...

Ainda conversei com um colega da polícia dias depois. Sem testemunhas, sem perícias a partir de algum ferimento na menina, como eu já sabia, não havia o que fazer. Seria fácil identificar o motorista pela placa do veículo, mas o que fazer contra ele?

...

O que fazer?

...

O que fazer para o fim do nosso ódio?

O que fazer para que pobreza não seja uma excludente de ilicitude?

O que fazer para o fim da indiferença com a dor dos fragilizados?

O que fazer? O que fazer? O que fazer?

...

E o que faço para me livrar deste nó na garganta por ser impotente na defesa do mais fraco?

Menina... tenho vergonha pelo que lhe houve! Este não é o meu país!

Vinícius, entre gritos e sussurros

Reação Cultural – Fazendo a nossa parte.


- Falar da função social do arquiteto para jovens estudantes que vivem na periferia da cidade , sem qualquer oportunidade lógica ou imediata de acesso a informação de nível superior, é sempre um desafio. Os olhares vão se transformando a medida que conduzo a conversa para o planejamento urbano , mais especificamente para a criação e nascimento de um novo bairro, pois são eles que mais “percebem” o espaço e os primeiros a sentirem na pele os efeitos nocivos do mau planejamento.

-Um novo bairro, chamado inicialmente nos trâmites burocráticos de “Loteamento” , para existir, precisa ser submetido a uma série de exigências e aprovações técnicas ( não estou falando , claro, de assentamentos clandestinos , mas de empreendimentos tidos como sociais feitos pelo poder público ou pela iniciativa privada ou ainda por ambos ,em parceria, para gerar lucro ).

- Ao projetista caberá o equacionamento do espaço, o traçado das novas vias ,larguras mínimas de leitos carroçáveis e calçadas e sua integração ‘a malha viária existente, a destinação de 10% ( mínimo ) de área verde para o futuro lazer da comunidade, 3% de áreas institucionais para escolas , centro comunitários e postos de saúde .

- A somatória das citadas áreas que passarão ao domínio público municipal assim que aprovadas e registradas em cartório - vias, áreas verdes e institucionais - nunca poderá ser menor que 35% desde que a legislação de Uso e Ocupação do solo ( Lei Federal n.6766/ 79) assim determinou, salvo se o município criar outra Lei ,menos restritiva , que represente melhor as necessidades locais e não sem antes ouvir a comunidade ( princípio dos Planos Diretores – assunto para texto futuro ).

- Tudo funcionaria a contento, na prática, se a ganância e a perspectiva do lucro fácil dos empreendedores ( públicos ou privados, repito ) não os levasse a implantar ruas mais estreitas que a necessidade da região , economizar em rêdes de captação de águas de chuva ( por que será que muitas trechos das cidades ficam inundados? ) , a não executar dentro da técnica rêdes de água e esgoto , a destinar áreas para recreação nos lugares mais inviáveis quanto ao relêvo , impossíveis até para um campinho de futebol, a não pavimentar, destinar a área pra escola ou posto de saúde em locais não centralizados dentro do bairro, a economizar , economizar sempre, com a anuência dos aprovadores, diga-se - já que o produto destina-se a uma população que teóricamente se contenta com pouco? E não estamos falando de casas populares ainda...estamos tratando por ora de terrenos.

- Muitos questionam a validade de um grupo de profissionais liberais ( médicos, advogados, jornalistas, arquitetos, engenheiros ) promover esses encontros de orientação profissional com jovens carentes que dificilmente terão a oportunidade de cursar uma universidade .

-É uma teimosia quixotesca da nossa parte , mas que nos dá imenso prazer e sensação de que estamos fazendo a nossa parte , saindo da velha e confortável teoria e nos mobilizando, nos movimentando , conscientizando, informando - sem qualquer caráter político partidário .

- No mínimo há de se acreditar na trajetória única e intransferível que cada um traça para sua vida apesar da visível desesperança, acreditar que alguns deles conseguirão contar uma história diferente da que está aparentemente formatada para seus destinos.

Cristina Bondezan é arquiteta e urbanista. Nasceu e cresceu em São Paulo entre os italianos dos bairros do Cambucí e da Mooca. Exerceu cargos públicos na área de Planejamento Urbano, é docente do curso de "Design de Interiores "nas disciplinas : Projetos, Revestimentos , Gestão e Empreendedorismo. Seu escritório profissional situa-se na cidade de Marília, interior de SP . Um sonho : Ver o Brasil livre do parasitismo político . Um prazer : viver em amplitude e com olhos atentos...

CORREIO SENTIMENTAL

Moça jovem, bonita, loira, alta, magra, prendada, inteligente, carinhosa, romântica, compreensiva, delicada e dedicada procura relacionamento sincero e companheiro para compromisso sério. Terão preferência candidatos que comprovem fortes vínculos familiares, boa saúde, respeito à prática religiosa, bom caráter e disposição para o trabalho. Também considero importante que meu príncipe encantado não fume, não beba, não tenha vícios em drogas ou hábito de utilizar vocabulário de baixo calão. Meu parceiro ideal é ambicioso, protetor, seguro, romântico, solidário, compreensivo e, de preferência, heterossexual. Se você acha que pode me fazer feliz, escreva para mim e faça o sol do amor brilhar em minha vida. Junto com sua cartinha, peço que envie:
- Duas fotos coloridas 15 x 23 cm, sendo uma de rosto e outra de corpo inteiro, vestindo sunga (branca ou preta), de frente. * Candidatos que usarem qualquer tipo de artifício de propaganda enganosa serão automaticamente desclassificados.

- Fotocópia autenticada em cartório da declaração do Imposto de Renda (ano-base 2005) anexada a cópia do recibo de entrega.

- Fotocópias autenticadas dos documentos comprobatórios de propriedade de imóveis e veículos.

- Atestado médico de saúde, acompanhado de hemograma e espermograma completos.

- Atestado de bons antecedentes recente, emitido pelo órgão de segurança pública do seu Estado.

- Árvore genealógica completa até a quinta geração antecedente, com inventário psiquiátrico e, se possível, relação dos bens de família.

Crónicas da vida de casado.

Por Luiz Miguel Luz


Um dos grandes problemas em escrever crónicas é a periodicidade das mesmas, ou seja, de quinze em quinze dias tenho que encontrar algo sobre o que falar. Acontece que nesta quinzena o trabalho não me deu tempo para pensar e desenvolver um tema, assim sem tema e sem tempo só me restou uma solução bastante arriscada para que, num curtíssimo espaço de tempo, conseguisse encontrar um tema e desenvolver o mesmo, evitando assim o meu prematuro despedimento deste espaço. E a solução encontrada foi: convidar a minha sogra a vir passar o fim de semana cá a casa.

Antes do casamento a sogra não passa de uma figura mítica, semelhante ao lobisomem ou ao Minotauro. Pensamos que são apenas histórias para nos assustarem. “Não pode ser!” Pensamos nós. Aquela simpática senhora que nos deixa entrar na sua casa e nos oferece a filha (indo para a cama e deixando-nos sozinhos na sala) nunca se vai transformar num monstro horrível. Vai ser sempre aquela figura simpática, que se ri entre os dentes, face aos nossos comentários de que nunca nos vamos casar, pois não queremos privar uma mãe da presença da sua linda filha. Aquela simpática senhora que nos convida para comer e nunca deixa a sua gentil filha preparar as refeições dizendo-nos, mais uma vez rindo-se entre os dentes, que iremos ter muito tempo para provar as deliciosas iguarias da nossa futura esposa.

No dia do nosso casamento, o mito terminou e, tal como o IRS no primeiro mês de trabalho, a dura realidade instalou-se. A mudança começou assim que o padre disse que éramos marido e mulher. Foi aí que, pela primeira vez, ouvi gargalhadas da minha sogra, até então pensava que ela sofria de um grave problema maxilar que só lhe permitia rir entre dentes. Sinceramente, mesmo sendo ateu , acreditei na altura estar perante um milagre. Só quando notei que as gargalhadas eram dadas apontando para mim e num tom sarcástico é que comecei a ficar assustado, mas não em pânico. Em pânico só fiquei após a primeira experiência culinária a que a minha mulher me sujeitou.

Mesmo assim continuei a achar que isso da sogra não devia de ser assim tão mau como diziam. Cheguei mesmo a pensar que o facto de ela, sempre que me via, começar a gargalhar, se devia ao meu avançado estado de subnutrição, causado pela constante diarreia que me afligia logo após as refeições que a minha mulher preparava. Mas nem quando passei a ser eu a cozinhar as pizzas ultracongeladas (que comecei a comprar) e a recuperar o meu estado físico, as gargalhadas pararam.

Uma coisa que mudou radicalmente com o casamento foi a forma como a minha sogra me tratava. Antes do casamento, tratava-me apenas pelo nome próprio, depois do casamento passou a usar também o apelido, ou seja, deixei se ser apenas o “Esse” e passei a ser também designado como o “Esse Aí”. Numa coisa tenho que lhe dar crédito: nunca utilizou outro nome para me chamar, só adjectivos.

Ao longo dos meus dez anos de casamento, já pensei muitas vezes sobre o porquê desta incompatibilidade, criei e desenvolvi muitas teorias. Compreendi porque razão, no tempo dos nossos avós, as sogras eram assim. Nesse tempo era dado um dote quando as mulheres se casavam, para além disso, as mulheres sabiam cozinhar, tratavam da casa sozinhas e nunca pediam ajuda. Não se queixavam (muito) dos seus maridos, etc. Resumindo, o trabalho escravo deixava de existir na casa das sogras e passava para a dos genros, e como se isso não bastasse, ainda tiveram que pagar para que tal acontecesse. Obviamente que tudo isto é razão mais do que suficiente para ficar a odiar qualquer genro. Mas, nos dias de hoje? Não recebi qualquer tipo de dote. Tenho que ajudar (ajudar é palavra proibida cá em casa) partilhar as tarefas domésticas, ouvir as constantes queixas sobre a forma errada como encaixo a merda dos Tuperwares uns nos outros, desenvolvi uma úlcera nervosa causada por nunca saber o que esperar da próxima refeição feita pela minha mulher, e com tudo isto, ainda tenho que ouvir todos os adjectivos que a minha sogra coloca após pronunciar o tal nome (e não raras vezes, o respectivo apelido). Sim, porque as gargalhadas sarcásticas, eu até entendo (referem-se aos cozinhados com que a minha mulher me presenteia) agora os adjectivos, sempre me intrigaram.
Cheguei no entanto a uma conclusão, quando me apercebi que o meu sogro é tão, ou mais adjectivado do que eu, a existência de uma sogra tem um único objectivo: mostrar-nos como a nossa mulher irá ser dentro de alguns anos.

É essa a razão porque choro sempre que vejo o meu sogro: careca, curvado, magríssimo, sem opinião própria.....(por razões emotivas irei terminar por aqui).



Luis Miguel Luz, 38 anos, casado e pai de uma filha com 5 anos. Um gajo porreiro, bonito (de acordo com os actuais padrões de beleza patrocinados pela Fast-Food) que gosta de ouvir, tolerante e que, acima de tudo, nunca se cansa de realizar a sua parte das tarefas domésticas.....Pois...

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