Thursday, March 15, 2007

Eles Dizem, Nós Dizemos

Renan Calheiros (Presidente do Senado)
Artigo exclusivo ao Blog dos Blogs, 5 de Março de 2007




Ele disse:
“Moralizar o sistema político-eleitoral e fortalecer o Legislativo; enfrentar de vez a questão da segurança pública; rediscutir o pacto federativo; tirar as reformas trabalhista, sindical e tributária do papel e criar condições para a retomada do desenvolvimento da economia.”

Nós dizemos:
O povo está cansado de ter de optar por votar entre incompetentes e ladrões. Para tanto, deve legislar que ladrões e pessoas incompetentes sejam terminantemente proibídas de se candidatar. Precisamos enfrentar de vez a questão da desigualdade e injustiça sociais. Precisamos rediscutir a destribuição das incompetências e ficar atentos às desigualdades descomunais entre os poderes estaduais. Redundâncias. A economia que importa é o bem estar da população, e não das corporações.


Ele disse:
“O crescimento econômico com que todos sonhamos – governo e oposição, trabalhadores e empresários – não será resolvido com a aprovação de um ou outro plano, simplesmente.”

Nós dizemos:
Nem todos sonham com um crescimento econômico que inclua empresários, e sabemos que o governo é oposição, geralmente, ao povo. Quanto ao ‘não será resolvido com a aprovação de um outro plano,’ acredito que todos sabemos disso.



Ele disse:
“Mais: crescimento econômico tem que ser sustentável, tem que vir acompanhado de maior distribuição de renda, redução das desigualdades sociais e regionais.”

Nós dizemos:
Mais? Em primeiro lugar! Acompanhado? O crescimento econômico não existe a quem importa, se não for especificamente almejado o abatimento das desigualdades.

Ele disse:
“Cabe ao Congresso aperfeiçoar os mecanismos de controle financeiro, de elaboração e tramitação do Orçamento.”


Nós dizemos:
Estamos pasmos com tamanha afirmação revolucionária…


Ele disse:
“Ninguém discorda, afinal, que a implantação de um sistema de tributação mais justo é condição básica para a retomada do crescimento.”

Nós perguntamos:
Se ninguém discorda, e até eu concordo, porque já não foi feito? Porque os senadores recebem o salário que recebem, e isto, com que todos concordam, não foi ainda realizado? Qual é a possível desculpa?


Ele disse:
“Antes de votar o PAC, o Congresso terá o cuidado de ouvir governadores, representantes dos trabalhadores, do mercado financeiro e empresários de todos os setores.”

Nós dizemos:
Esperamos que exista esse cuidado. Assim, quem sabe, teremos esperança de que, algum dia, terão cuidado em ouvir o povo, nossos representantes congressistas.


Ele disse:
“Acabar com as distorções tributárias que alimentam a guerra fiscal e repensar um pacto federativo mais equilibrado são tarefas inadiáveis.”

Nós perguntamos, de novo:
Se são inadiáveis, porque as estão adiando?


Ele disse:
“Nessa legislatura, precisamos dar um basta à enxurrada de medidas provisórias que ferem a soberania do Congresso e tumultuam o processo legislativo.”

Nós dizemos:
Não é só isso que tumultua o processo legislativo. Entenda bem, Calheiros, qualquer pessoa que ganhe o que o senhor ganha para fazer o que o senhor faz, acrescido de benesses é um luxo que “supercompensa” a miséria de grande porcentagem da população, tumultua muito o processo legislativo. Da Bíblia: “E o suborno cegará os espertos, e ofuscará os olhos dos sábios”.

Ele disse:
“O Senado já aprovou mudanças importantes que vão colocar um freio à edição de MPs sem qualquer urgência ou relevância. Falta a votação na Câmara.”

Nós dizemos:
Sempre falta alguma coisa…

Ele disse:
“O único caminho para aprovar toda essa agenda – que não é do governo nem da oposição, é do Brasil – é o diálogo. Diálogo institucional, diálogo político. Governo e oposição, pequenos e grandes partidos, deputados e senadores têm, mais do que nunca, a responsabilidade de colocar o interesse público acima das divergências partidárias, se quiserem aprovar reformas de base e criar um cenário favorável ao desenvolvimento.
Mãos à obra.”


Nós dizemos:
Caro senhor Presidente do Senado… O diálogo deve existir, sim, mas é o diálogo do povo, entre o povo. Se o povo se unisse, ao invés de desmoronar na miséria que o assola; se soubesse pelo que lutar e se juntasse cabeças, unisse pensamentos e novas idéias, se soubesse ler e escrever, se coubesse ao povo análises intelectuais; se fosse bem representado, ao menos, se nossos estudantes fossem militantes e militassem por eles, se nossas organizações fossem levadas a sério, se não lhes fosse negado o trabalho, ou um salário digno e condizente aos gastos reais de uma família; se soubessem que é ele, o povo, o verdadeiro governo desta nação, se houvesse uma verdadeira integração comunitária, se as pessoas verdadeiramente se importassem com as diferenças, com a desigualdade… Então sim, meu caro senhor Presidente do Senado, não importariam os diálogos entre governo e oposição, não seriam adiadas as reformas que já urgem há tantos e tantos anos, não haveria necessidade da invenção de medidas provisórias, não viveríamos tão inseguros publicamente, não teríamos dificuldade em eleger ou em mandar para casa candidatos incompetentes e o legislativo não seria uma fórmula mágica para se criar maiores problemas… Resumindo, é disso que falava na edição passada: Simplificam o complicado… Complicam o mais simples… E nós, no planeta Terra, continuamos ouvindo o que eles têm a dizer, e retrucando com nossas próprias palavras.



RF

PS: Gostei muito do artigo, pela qualidade e pela seriedade, e pelo fato de que tocou em assuntos, e em uma ordem, que auxiliam o processo de raciocínio e análise sobre a situação nem tão atual do sistema político brasileiro. Sei, contudo, que a idéia que nos vendem é velha, e talvez esteja na hora de, devidamente, aderir a outras idéias velhas, menos populares, talvez, mas mais interessantes.

1 comment:

Anonymous said...

Beleza!
É assim que se desconstrói o discurso hipócrita da direita neoliberal (o que o Lula quer andando junto com essa gente?)

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