Coluna do Jens
A noite em que fui Marconi Leal
O vibrante editor desta publicação quinzenal, RF, sugeriu, meio que intimando: escreve alguma coisa sobre a visita do Bush. Imediatamente a parte politizada dos meus neurônios assanhou-se com a possibilidade de baixar o big stick no celerado que governa os EUA e, por extensão, o mundo.
No entanto, a idéia não foi bem aceita por aquela parcela dos neurônios adepta da gandaia – bem mais numerosa que a outra, esclareço. “Porra, política de novo? Bush? Bullshit! (atenção revisão: confere se está ok). Deixa disso, vamos falar de esbórnia. Vamos sacanear alguém. O Marconi, conta aquela do Marconi!”
Ao lembrar o nome de Marconi, os garotos da fuzarca venceram a parada. Sim, a idéia era por demais atraente para ser desprezada: fuzilar Marconi Leal, o escriba genial. Além de escrever estupidamente bem, o nefasto ainda tem 30 dias de férias. Um escândalo. Sim, sim, estava diante de mim a oportunidade de vingar todas as ocasiões em que senti-me humilhado pela escrita hilariante e cristalina de ML. Sim, sim, sou um invejoso e a inveja é uma merda. E daí? A vingança é doce.
***
Sem saber dos meus intentos malignos, RF, o valente editor, concordou em mudar a pauta: sai George Bush, entra Marconi Leal. Vamos lá (ao fundo, risadas sinistras).
***
A história a seguir é rigorosamente verdadeira. Aconteceu na primeira sexta-feira do mês de março.
Depois de um dia árduo, dirigi-me ao Bar do Nereu, onde está localizado meu escritório (segunda mesa à direita de quem entra), a fim de reunir-me com meu associado Moah. Ao chegar, deparei-me com uma agradável surpresa. Sentada à mesa com meu sócio estava uma beldade escandinava que, seguramente havia burlado a vigilância dos deuses e escapara do Valhalla (confere aí revisão). Controlando a saliva que teimava em escorrer pelos cantos da boca e, ao mesmo tempo, fazendo um enorme esforço para desviar os olhos dos peitos monumentais apontados belicosamente na minha direção, dando a impressão de que a qualquer momento romperiam o tecido da blusa, tive o imenso prazer de conhecer Valquíria (Val, só podia ser), o contato de uma agência publicitária interessada em comprar espaço nas várias publicações editadas por nossa pujante empresa.
Concluídas as negociações, Moah retirou-se a contragosto para fazer o que sabe melhor: cavar mais dinheiro para nossa organização.
A Deusa igualmente cumprira uma longa jornada de trabalho que a deixara fatigada. Assim, iniciamos os procedimentos de relaxamento. Na terceira cerveja e na segunda dose de tequila, ela confessou que era fissurada na Internet. A fim de me exibir, disse que tinha um blog muito freqüentado. Com os olhinhos azuis brilhando, confessou que a d o r a v a visitar blogs. Gostava particularmente de um camarada que escrevia muito bem e era muito engraçado. Um tal de Marconi Leal.
Ao ouvir o nome de meu arquiinimigo, o demônio que vive nas garrafas de tequila me soprou uma idéia maléfica: “Vai, aproveita. É agora, seu tonto.”
Fui em frente, resoluto.
- Puxa, é a primeira vez que sou elogiado ao vivo.
- Como assim? Não vai dizer que você é ....
- O próprio. Marconi Leal em carne e osso ao seu dispor.
- Porra, é inacreditável, disse ela candidamente.
- Uma agradável coincidência, respondi, pressentindo que a sorte estava ao meu lado.
Ela me analisava.
- Pensei que você fosse mais moço....e mais gordo, bem mais gordo....
- A web engana muito. Na verdade sou muito jovem de cabeça e fiz um regime rigoroso.
- Mas você não era pernambucano e morava em São Paulo?
Sorri, cativante.
- Sou um camaleão. Hoje gaúcho morando em Porto Alegre, amanhã carioca morando em Minas Gerais. No universo virtual tudo é possível.
Levemente embriagada ela não só concordou, como achou graça, sei lá porque razão.
***
Bem, encurtando a história: graças a identidade de Marconi Leal, seu ídolo, Val, a Deusa, concordou em partilhar alguns momentos íntimos na minha companhia. Isto depois de derrubarmos mais algumas cervejas temperadas com tequila e acompanhadas dos acepipes magistrais do Nereu. Na saída, sub-repticiamente dei uma piscadela lasciva para meus despeitados companheiros de bar: “É hoje!”
Godofredo, meu companheiro inseparável nestes momento lúbricos, concordou, dando os primeiros sinais de vida: “Nos demos bem amigão.”
***.
- Porra, isso nunca aconteceu antes.
Estávamos numa grande cama de motel (suíte super-luxo). Godofredo, o traidor, jazia murcho, sem vida.
- Tudo bem, benzinho, isso acontece.
- Não, comigo nunca. Nem comigo nem com o Ziraldo.
- Como?, ela não entendeu.
Expliquei que eu e o famoso cartunista éramos os únicos brasileiros que podiam gabar-se de nunca haver negado fogo em situações daquela natureza. E nunca precisamos de aditivos artificiais como viagras e quejandos. Só catuaba.
- Bem, pra tudo tem uma primeira vez, disse a Deusa.
- Meu, Deus, o que vai ser da minha vida, choraminguei. Não devia ter comido aquele bolinho de bacalhau. Foi isso! Maldito Nereu!
- Calma Coninho, calma.
Epa! Ela disse a palavra mágica. Coninho, Marconinho... Sim, não fui eu quem falhou. Foi ele, o agourento Marconi Leal. Ao assumir sua identidade incorporei também os seus problemas, como a virilidade claudicante. Assim, o autor do vexame não era eu e sim ele, ELE: Marconi Leal.
- Não te preocupa, não vou contar pra ninguém, ela garantiu carinhosa.
Reagi indignado.
- Não! Quero que conte para todos teus amigos, especialmente amigas. Pode escrever na sua comunidade no orkut. Quero que as pessoas saibam que apesar de ser um escrita genial e ter uma inteligência acima da média, Marconi Leal é gente como a gente, uma pessoa sujeita a falhar como um homem comum. Pode contar, Aliás, faço questão que você espalhe a notícia. Mande email, torpedos...Tenho certeza que minha legião de fãs vai entender e se identificar comigo.
- Puxa Coninho, como você é sensível e preocupado com os outros, a ponto de desmistificar o mito da sua virilidade infalível.
- Isso sou eu, um benfeitor da humanidade.
***
E assim foi feito. No dia seguinte a notícia do fiasco de Marconi Leal percorreu a web como um rastilho pólvora.
Criaram-se comunidades no orkut. Algumas solidárias: “Os amigos de ML que também não dão no couro”; outras francamente hostis: “ML, vergonha da raça” e outras de inspiração gay: “Sai do armário ML”.
Fabricantes de Viagra e Ciallis correram atrás do impagável cronista, com vistas a contratá-lo como garoto propaganda. O nefando, porém, não foi encontrado. Estava de “férias” em lugar incerto e não sabido – possivelmente atônito e envergonhado, sem saber a origem da notícia infamante (hehehe...mais risadas sinistras).
***
Porém, como tudo na web, o assunto foi comentado com intensidade mas por pouco tempo. Os internautas logo acharam um escândalo mais fresquinho para divertirem-se.
Mas a web também tem o seu lado implacável. Seus arquivos vão registrar para sempre a verdade indelével:
Um dia, Marconi Leal broxou.
A vida é dura. A vingança é doce.
***
AHAHAHAH (gargalhadas sinistras)
***
(Quem ainda não conhece e tiver interesse em conhecer Marconi Leal, o gênio da raça, é só clicar no seu nome linkado aí ai lado entre os colaboradores da Reação Cultural).
O vibrante editor desta publicação quinzenal, RF, sugeriu, meio que intimando: escreve alguma coisa sobre a visita do Bush. Imediatamente a parte politizada dos meus neurônios assanhou-se com a possibilidade de baixar o big stick no celerado que governa os EUA e, por extensão, o mundo.
No entanto, a idéia não foi bem aceita por aquela parcela dos neurônios adepta da gandaia – bem mais numerosa que a outra, esclareço. “Porra, política de novo? Bush? Bullshit! (atenção revisão: confere se está ok). Deixa disso, vamos falar de esbórnia. Vamos sacanear alguém. O Marconi, conta aquela do Marconi!”
Ao lembrar o nome de Marconi, os garotos da fuzarca venceram a parada. Sim, a idéia era por demais atraente para ser desprezada: fuzilar Marconi Leal, o escriba genial. Além de escrever estupidamente bem, o nefasto ainda tem 30 dias de férias. Um escândalo. Sim, sim, estava diante de mim a oportunidade de vingar todas as ocasiões em que senti-me humilhado pela escrita hilariante e cristalina de ML. Sim, sim, sou um invejoso e a inveja é uma merda. E daí? A vingança é doce.
***
Sem saber dos meus intentos malignos, RF, o valente editor, concordou em mudar a pauta: sai George Bush, entra Marconi Leal. Vamos lá (ao fundo, risadas sinistras).
***
A história a seguir é rigorosamente verdadeira. Aconteceu na primeira sexta-feira do mês de março.
Depois de um dia árduo, dirigi-me ao Bar do Nereu, onde está localizado meu escritório (segunda mesa à direita de quem entra), a fim de reunir-me com meu associado Moah. Ao chegar, deparei-me com uma agradável surpresa. Sentada à mesa com meu sócio estava uma beldade escandinava que, seguramente havia burlado a vigilância dos deuses e escapara do Valhalla (confere aí revisão). Controlando a saliva que teimava em escorrer pelos cantos da boca e, ao mesmo tempo, fazendo um enorme esforço para desviar os olhos dos peitos monumentais apontados belicosamente na minha direção, dando a impressão de que a qualquer momento romperiam o tecido da blusa, tive o imenso prazer de conhecer Valquíria (Val, só podia ser), o contato de uma agência publicitária interessada em comprar espaço nas várias publicações editadas por nossa pujante empresa.
Concluídas as negociações, Moah retirou-se a contragosto para fazer o que sabe melhor: cavar mais dinheiro para nossa organização.
A Deusa igualmente cumprira uma longa jornada de trabalho que a deixara fatigada. Assim, iniciamos os procedimentos de relaxamento. Na terceira cerveja e na segunda dose de tequila, ela confessou que era fissurada na Internet. A fim de me exibir, disse que tinha um blog muito freqüentado. Com os olhinhos azuis brilhando, confessou que a d o r a v a visitar blogs. Gostava particularmente de um camarada que escrevia muito bem e era muito engraçado. Um tal de Marconi Leal.
Ao ouvir o nome de meu arquiinimigo, o demônio que vive nas garrafas de tequila me soprou uma idéia maléfica: “Vai, aproveita. É agora, seu tonto.”
Fui em frente, resoluto.
- Puxa, é a primeira vez que sou elogiado ao vivo.
- Como assim? Não vai dizer que você é ....
- O próprio. Marconi Leal em carne e osso ao seu dispor.
- Porra, é inacreditável, disse ela candidamente.
- Uma agradável coincidência, respondi, pressentindo que a sorte estava ao meu lado.
Ela me analisava.
- Pensei que você fosse mais moço....e mais gordo, bem mais gordo....
- A web engana muito. Na verdade sou muito jovem de cabeça e fiz um regime rigoroso.
- Mas você não era pernambucano e morava em São Paulo?
Sorri, cativante.
- Sou um camaleão. Hoje gaúcho morando em Porto Alegre, amanhã carioca morando em Minas Gerais. No universo virtual tudo é possível.
Levemente embriagada ela não só concordou, como achou graça, sei lá porque razão.
***
Bem, encurtando a história: graças a identidade de Marconi Leal, seu ídolo, Val, a Deusa, concordou em partilhar alguns momentos íntimos na minha companhia. Isto depois de derrubarmos mais algumas cervejas temperadas com tequila e acompanhadas dos acepipes magistrais do Nereu. Na saída, sub-repticiamente dei uma piscadela lasciva para meus despeitados companheiros de bar: “É hoje!”
Godofredo, meu companheiro inseparável nestes momento lúbricos, concordou, dando os primeiros sinais de vida: “Nos demos bem amigão.”
***.
- Porra, isso nunca aconteceu antes.
Estávamos numa grande cama de motel (suíte super-luxo). Godofredo, o traidor, jazia murcho, sem vida.
- Tudo bem, benzinho, isso acontece.
- Não, comigo nunca. Nem comigo nem com o Ziraldo.
- Como?, ela não entendeu.
Expliquei que eu e o famoso cartunista éramos os únicos brasileiros que podiam gabar-se de nunca haver negado fogo em situações daquela natureza. E nunca precisamos de aditivos artificiais como viagras e quejandos. Só catuaba.
- Bem, pra tudo tem uma primeira vez, disse a Deusa.
- Meu, Deus, o que vai ser da minha vida, choraminguei. Não devia ter comido aquele bolinho de bacalhau. Foi isso! Maldito Nereu!
- Calma Coninho, calma.
Epa! Ela disse a palavra mágica. Coninho, Marconinho... Sim, não fui eu quem falhou. Foi ele, o agourento Marconi Leal. Ao assumir sua identidade incorporei também os seus problemas, como a virilidade claudicante. Assim, o autor do vexame não era eu e sim ele, ELE: Marconi Leal.
- Não te preocupa, não vou contar pra ninguém, ela garantiu carinhosa.
Reagi indignado.
- Não! Quero que conte para todos teus amigos, especialmente amigas. Pode escrever na sua comunidade no orkut. Quero que as pessoas saibam que apesar de ser um escrita genial e ter uma inteligência acima da média, Marconi Leal é gente como a gente, uma pessoa sujeita a falhar como um homem comum. Pode contar, Aliás, faço questão que você espalhe a notícia. Mande email, torpedos...Tenho certeza que minha legião de fãs vai entender e se identificar comigo.
- Puxa Coninho, como você é sensível e preocupado com os outros, a ponto de desmistificar o mito da sua virilidade infalível.
- Isso sou eu, um benfeitor da humanidade.
***
E assim foi feito. No dia seguinte a notícia do fiasco de Marconi Leal percorreu a web como um rastilho pólvora.
Criaram-se comunidades no orkut. Algumas solidárias: “Os amigos de ML que também não dão no couro”; outras francamente hostis: “ML, vergonha da raça” e outras de inspiração gay: “Sai do armário ML”.
Fabricantes de Viagra e Ciallis correram atrás do impagável cronista, com vistas a contratá-lo como garoto propaganda. O nefando, porém, não foi encontrado. Estava de “férias” em lugar incerto e não sabido – possivelmente atônito e envergonhado, sem saber a origem da notícia infamante (hehehe...mais risadas sinistras).
***
Porém, como tudo na web, o assunto foi comentado com intensidade mas por pouco tempo. Os internautas logo acharam um escândalo mais fresquinho para divertirem-se.
Mas a web também tem o seu lado implacável. Seus arquivos vão registrar para sempre a verdade indelével:
Um dia, Marconi Leal broxou.
A vida é dura. A vingança é doce.
***
AHAHAHAH (gargalhadas sinistras)
***
(Quem ainda não conhece e tiver interesse em conhecer Marconi Leal, o gênio da raça, é só clicar no seu nome linkado aí ai lado entre os colaboradores da Reação Cultural).
11 comments:
Arretado, Jens, arretado!
Beijos.
Então foi você, seu canalha! Aguarde. O doutor Nicomar Lael entrará em contato.
Hehehehehe! Marconi que me desculpe, mas a história é bárbara! O pai de um amigo meu - que não está mais entre nós, mas, todos dizem, era da pá virada - teve o prazer de ser Roberto Drummond pelo menos uma vez (não duvido que tenham sido várias, pelo que contam). Atendeu telefonemas para os quais Roberto não tinha tempo ou paciência e, depois de passar-se por ele, marcava encontro e esticava...
Ao contrário do Marconi Leal, no entanto, Roberto Drommond, como bom atleticano, nunca negava fogo... Rssssssss
Muito bom, Jens!
Um dos absolutos textos mais engracados que ja li! hahaha Gargalhadas sinistras! :P
Jens, que canalhice, rsrsrs. Beijocas
hahahahaha...adorei. morri de rir.
É...agora o Marconi terá que criar a Açociassão do Mandacaru Mucho. Arre..
Esse Jens é muito bom. Já estava na hora de alguém acabar com a balaca de Marconi Leal.
Pô, Jens, já tem até propaganda na tv: "quando você menos espera pode pintar um Marconi, previna-se com Viagra plus". Vi no madrugadão da Band. Agora, que foi merecido foi, porque se tu não tivesse broxado quem é que ia levar a fama? Não era ele? Pois então... Arriscou ganhar, arriscou perder. É dureza, digo, moleza, mas é a vida...
Uhuhahahuhuhaha (risadas sinistras II)
Combatente Jens, isso é uma coisa que não se faz nem com o pior inimigo...Coisa feia. Por isso eu digo: quem faz a fama, deita na cama! E broxa! Menos o Ziraldo...
Sou solidário ao infortúnio do meu caro Marcone Leal. Aqui em Porto Alegre conheço uma farmácia que está praticando preços muito em conta no Viagra.
Há braços!!
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