Monday, April 30, 2007

Prof Toni - Eles Dizem, Nós Dizemos


Cangaço no século 21

Como toda infecção que se alastra sem encontrar anticorpos que lhe dêem combate, o Movimento dos Sem-Terra (MST) e assemelhados a cada novo dia de operações vão se superando. O grau de brutalidade de suas ações aumenta na razão direta da falta de vontade dos Poderes Públicos de fazer respeitar a lei e a ordem, de enfrentar esses fora-da-lei que cada vez mais escarnecem dos direitos alheios, das autoridades constituídas, da produção e do trabalho.

E os 35 trabalhadoares e líderes rurais mortos em 2006? Foram “suicidados”, tal qual o foi Wladimir Herzog pela ditadura? E os matadores da irmã Doroty Stang? E os assassinos de Chico Mendes? Quer dizer então que o MST é o bruto?

Em continuidade à sua megaoperação do “abril vermelho”, cerca de 150 militantes emessetistas invadiram segunda-feira a Fazenda São Francisco, em Mirante do Paranapanema. Brandindo foices e facões, “eles cortaram a cerca e foram ameaçando os funcionários” - como relatou o proprietário da fazenda. Essa fazenda, de 700 hectares, possui rebanho bovino de leite e corte e é produtiva, tanto que seu proprietário dela tira mais de 300 litros de leite por dia. Mas considerando-a de “terras devolutas”, os líderes do MST cortaram a cerca, misturaram 1.500 cabeças de gado e impediram os funcionários de ordenhar e alimentar os rebanhos.

Realmente foices e facões são armas ameaçadoras, principalmente para aqueles que vivem na tranqüilidade do ar condicionado e do carro blindado! Não sei se é o caso desta fazenda, mas na região as terras foram griladas em larga escala. Não é o MST que diz, mas sim o ITESP, que está sob controle tucano já faz 12 anos, pelo menos.

Em Presidente Bernardes, militantes do MST foram acusados de furtos pelo proprietário da Fazenda São Luiz, durante a desocupação da área. A fazenda fora invadida na semana passada pela nona vez e a Justiça determinara a desocupação, ocorrida no fim de semana. E foi então que 300 militantes emessetistas fizeram verdadeiro “arrastão”, levando bomba de poço artesiano, reservatório de água, caixas de energia elétrica e a fiação das casas dos funcionários - além de destruírem 5 quilômetros de cerca, levarem o arame e matarem 3 bois. “Não é movimento social, mas um bando de vândalos. Fizeram uma destruição desnecessária, o que prova que a última preocupação deles é a reforma agrária” - constatou o proprietário.

Então eles fazem isso por pura diversão? Ou terá sido um alerta para o governo Lula sobre o descaso para com a questão agrária? E as 1.400 famílias que o governo Covas prometeu assentar? Alckmin reforçou a promessa, mas ficou na promessa, menos, é claro, para o OPUS DEI, esse recebeu seu quinhão de terras, aliás, sem contestação alguma por parte dos fazendeiros paulistas.

A Fazenda Lagoão, em Itapura, no interior de São Paulo, com 1,7 mil hectares e 2,1 mil cabeças de gado, foi invadida duas vezes em três dias e passou a ser “administrada” por militantes do MST. Primeiro chegaram 102 famílias, depois 200. Seus líderes proibiram o administrador e funcionários da propriedade de realizar seus trabalhos e assumiram as tarefas. Por um tempo mantiveram os funcionários fechados nas casas, depois os liberaram para trabalhar, mas apenas acompanhados de militantes do MST. Usando ferramentas agrícolas e dois tratores trazidos pelo movimento, os invasores destruíram três hectares de plantação de capim-colonião que, a partir de maio, serviria de pasto para o gado. E isso porque o ex-padre sueco Renée Parrem, que comandou a invasão (ah se cometesse tal vandalismo em seu país de origem!), acha que “o capim serve apenas para latifundiários criarem gado e agora vai dar lugar a alimentos”.

Por que o ex-padre cometeria tal desatino em seu país? Lá existem trabalhadores vagando por terra semeada com capim? Terra improdutiva? Mais de 10% de desempregados nas cidades? Desamparo, violência, educação pública caindo aos pedaços?

No Pará, cerca de 500 fazendeiros e seus empregados, nas cidades de Parauapebas e Curionópolis, cobraram do governo, segunda-feira, o cumprimento de nada menos que 127 mandados de reintegração de posse expedidos pela Justiça estadual há mais de dois anos. Trata-se de fazendas invadidas por vários movimentos ditos “sociais”, incluindo MST, Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) e sindicatos de lavradores. Aí, realmente, assusta a absoluta incapacidade de o Poder Judiciário local fazer respeitar a lei. Mais de dois anos sem cumprir mandados judiciais significa impotência total da Justiça - e desprezo total à lei.

É verdade! O tal poder judiciário não consegue prender e julgar confessos assassinos! Claro, deve ter sido em legítima defesa, pois afinal aquela enorme freira, ianque, diga-se de passagem, estava armada de um perigoso crucifixo quando foi cravejada de balas. Tenho certeza de que estes mandatos serão cumpridos com eficiência, em breve, mas não tenho a mesma certeza de que os assassinos de irmã Doroty Stang e dos demais que tombaram defendendo os sem-terra receberão a mão pesada da justiça, esta é reservada aos pobres, pretos e putas apenas!

Nesta terça-feira outros movimentos de sem-terra ocuparam o Porto de Maceió. Seria fastidioso enumerar todas as operações praticadas por esses bandos na grande promoção anual do “abril vermelho”. Invasões e depredações de sedes de fazendas produtivas, destruição de cercas e de plantações, colocação de funcionários em cárcere privado ou os submetendo a extrema coação, ocupação de prédios públicos e sedes de instituições, como o Incra, saques de cargas e de praças de pedágio - quando não depredação destas - e violências correlatas impõem a pergunta óbvia: até onde chegarão? Que mais precisarão fazer para desmoralizar de vez todas as instituições do País, além das ações de puro cangaço que praticam em pleno século 21?

Pobre desta burguesia quatrocentona falida! Eles têm mais é que torcer para o governo Lula conseguir apaziguar os pobres, seja com bolsa-família ou quaisquer outras quinquilharias, senão eles vão exigir os dedos, não só os anéis.
Não curto as ações violentas, somente pela violência, mas temos que olhar para os milhões de brasileiros sedentos de terra para produzir, enquanto assistimos a uma violenta e covarde concentração fundiária.
Na sua sede de manipulação transformam todos os adjetivos sem-terra em substantivos, levando a confusão ideologia e a desinformação generalizada.
Pobres deles se o MST ou os deserdados do campo resolverem se armar!


Fonte: O Estado de São Paulo – 27/4/07 – Notas e Informações

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