Sunday, April 15, 2007

Professorinha Silvia - Educando e Aprendendo


Pais e Encarregados de Educação

A esta altura do ano lectivo já tenho alguma experiência com os Encarregados de Educação dos meus alunos, o que me permite agora uma visão mais objetiva dos diferentes géneros de pais que os meus alunos têm e que existem no nosso sistema educativo.

Há os pais que estão sempre, ou tentam estar, ao corrente do que se passa com o seu educando: verificam os testes, verificam se eles fazem os trabalhos de casa, perguntam aos filhos pelos momentos de avaliação, etc. Depois, deslocam-se à escola sempre que podem. São pais ocupados e não podem ir muitas vezes, mas é garantido e sabido que sempre que vão sabem porque vão e do que falam. Estes pais, os interessados, são pais que podem e devem perguntar aos professores (ou ao Director de Turma, no caso concreto) o que se passa com a avaliação dos seus filhos e tentar esclarecer o porquê desta ou daquela nota. Estes pais exigem dos filhos e exigem, e têm o direito, de exigir dos professores.

De seguida há os pais que nunca põem os pés na escola, nunca respondem às convocatórias do Director de Turma, nunca sabem se os filhos fazem ou não os trabalhos de casa e nem sequer vêm receber as notas dos filhos. Quando vêem que os filhos estão a ser castigados por algum mau comportamento, aparecem, fora de horas, na escola e dizem à Directora de Turma que não podem fazer isto ou aquilo com ele e que o seu filho julga que foi bastante injustiçado pois o comportamento denunciado não foi assim tão grave. O pior é que o filho acba por saber que tem as costas quentes e, no último período escolar, resolve que se pode portar mal quanto quiser uma vez que já tem as notas garantidas... E se não tiver as notas que acha que deve ter, o pai do menino interporá resurso de modo a que os professores lhe dêem as notas que lhe agradam. Neste caso os pais não exigem dos filhos mas exigem dos professores.

Temos também os pais que, de gostar tanto dos filhos, falham na parte mais importante: o castigo e a repreensão. O seu filho porta-se mal, tem negativas, não trabalha, os pais são informados, vêm à escola, dizem que realmente ele tem que ser castigado, que apoia qualquer decisão que os professores tomem, nem que essa decisão seja que ele passe os intervalos a limpar as mesas ou o pátio da escola mas, entretanto, vão dizendo que já não sabem o que hão-de fazer aos seus filhos. Ora, se os pais não sabem o que fazer aos seus filhos, que poderão os professores fazer? Estes são os pais que não exigem nem dos seus filhos nem dos professores.

Por último há os pais que, achando que entendem muito sobre a escola e a avaliação, se deslocam à escola bastantes vezes e tentam, directa ou indirectamente, ensinar os professores a avaliar o filho. Estes pais estão de tal forma convencidos que sabem mais sobre o trabalho de ensinar e avaliar que, ao ver que o seu filho tem muitas negativas no fim de cada período e ao ouvir que ele não trabalha e tem um comportamento desadequado na sala de aula e para com os professores, descarta logo o que a professora lhe diz, como se não tivesse qualquer importância, e diz que vai falar com o presidente da escola pois há coisas que não estão bem na escola em relação ao seu filho. Estes pais além de não exigirem dos seus filhos e exigirem dos professores, julgam que os professores percebem pouco do trabalho que estão realizar e tentam obrigar a escola a moldar-se à sua vontade de modo a que o seu filho possa passar de ano sem ter que levantar um dedo para o fazer.

Dos quatro tipos de pais que aqui apresentei, os meus preferidos são os primeiros. Durante três anos trabalhei com este género de pais. Pais que exigiam bastante da escola, que reclamavam pelos direitos dos seus filhos mas que também exigem dos seus filhos trabalho, empenho e resultados positivos. Não são pais que se contentem com a simples aprovação do seu filho sem que ele saiba ou tenha aprendido nada, são pais que exigem que os seus filhos estudem e aprendam e que apliquem esses conhecimentos de forma a obter os melhores resultados possíveis!

Sou de opinião que, se os pais exigirem dos filhos um bom comportamento, educação, trabalho e empenho, os professores poderão fazer o seu trabalho de uma forma mais eficiente e não terão qualquer problema em apresentar uma avaliação clara e o mais objectiva possível de modo a esclarecer as dúvidas dos Encarregados de Educação.

Como se tem dito ultimamente, a boa educação (em todos os aspectos - social e tambem da aprendizagem) começa em casa.

3 comments:

Anonymous said...

Fessora Silvia:

No meu tempo, em se tratando de escola a palavra do professor era a lei. Rodou, rodou - repetía-se o ano, tratando de estudar mais para não bailar na curva novamente. Hoje em dia, os mestres são até agredidos na sala de aula, como aconteceu recentemente numa escola de região metropopiltana de Porto Alegre.
O mais interessante: os alunos não são mais reprovados. Que política educacional é esta, que premia o aluno que se esforça e o que é relapso da mesma maneira? Qual é a lógica?
Vou parar por aqui porque estou começando a ficar indgnado. O médico proibiu-me emoções fortes.
Um abraço, sora.

Anonymous said...

Professora Sílvia, há algumas semelhanças entre as situações descritas por você (posso tratá-la assim?) e algumas que ocorrem aqui, no Brasil. Mas primeiro é preciso saber se você se refere a escolas públicas ou instituções privadas de ensino (porque há muita diferença).

Os pais (que aqui chamamos de "comunidade escolar", no contexto da escola pública que é onde trabalho) realmente estão na tipologia apresentada por você e, obviamente, todos prefirimos o primeiro tipo apresentado. Mas nosso foco deve se dirigir justamente para os outros - para que se tornem como os primeiros - já que uma educação de qualidade necessita também do envolvimento da comunidade (ou "dos pais", todos eles).

Nossos coordenadores aqui (os seus "directores de turma" aí, acredito) sofrem; bem como nosos diretores de escola (deve corresponder ao seu "presidente de escola"). Ainda mais no quadro lembrado pelo comentarista anterior, o da "aprovação automática" (ou, como gostam as dirigentes educacionais, "progressão continuada"), praga que, ao que parece, não chegou a Portugal.

Bom ver o tema EDUCAÇÃO discutido por aqui. Um abraço.

Anonymous said...

Olá,

querem saber como era uma escola no Portugal rural em 1881?

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