Sunday, April 15, 2007

CLAQUE-TE


Estes grandes encantadores de platéias: os personagens
Roberto Queiroz

O cinema, desde tempos imemoriais, sempre teve a capacidade de nos emocionar – pelo menos comigo, aconteceu dessa maneira – através de personagens fortes e cujas mensagens ecoaram ao longo dos anos, criando com isso uma legião de fãs-clubes ao redor do mundo. Não é de hoje que nos surpreendemos quando nos deparamos na tela com interpretações célebres, mágicas, contundentes, às vezes mórbidas (e cabe aqui um especial parêntesis aos vilões que tantas maldades cometeram para encantar multidões de espectadores) e, em muitos sentidos, inesquecíveis. Basta que nos sentemos na sala de projeção com nosso balde de pipoca e nosso refrigerante a tiracolo para ficarmos extasiados diante de tanta imaginação, talento e, principalmente, poder de encantamento.

A primeira vez em que eu tive essa sensação de frenesi relacionada a um personagem foi quando Mel Gibson trajou as vestes do vigilante rodoviário Mad Max. Todo aquele mundo apocalíptico, com aqueles degredados morais, a corrupção desenfreada, a violência atroz, fizeram com que eu ficasse assoberbado diante do perfeccionismo futurista do diretor George Miller. Passados alguns anos, assisti com mais detalhismo a epopéia espacial Star Wars, de George Lucas (Luke Skywalker, Han Solo, Obi-Wan Kenobi, Chewbacca e o meu favorito, Darth Vader e a voz metálica de James Earl Jones, que nunca me saiu da cabeça, estavam lá formando o inconsciente coletivo do que seria o cinema a partir de então).

Como todo esse fascínio iniciou-se na minha fase adolescente-aborrecente-rebelde, não poderiam faltar, é lógico, os assassinatos assustadores do trio Jason Woohrs, Michael Meyers e Freddy Kruegger (jovem sem filme de terror não é jovem). Outro que também chamou a minha atenção logo de cara foi Indiana Jones (eu tinha até uma corda em casa que fazia o papel de chicote e eu ficava rodando ela dentro do meu quarto durante as minhas brincadeiras). O tempo passou, o dente siso cresceu, e com ele vieram os icônicos Rocky Balboa, John Rambo, o Capitão Kirk e o Dr. Spock da saga Jornada nas Estrelas, Michael Corleone – essa parte é curiosa: sempre tive mais fascínio pelo filho do que pelo pai, interpretado magistralmente por Marlon Brando – Blade Runner (eu sempre quis ter a nave espacial dele) e o pugilista enfezado Jake La Motta de Touro Indomável (aliás, cabe aqui dizer que Robert de Niro é mestre em construir personagens que me surpreendem: Louis Cypher, de Coração Satânico; Max Cody, de Cabo do Medo; Travis Brickle, de Táxi Driver, etc).

Há também aqueles casos em que os protagonistas são desempenhados por animais ou figuras estranhas, sobrenaturais, inanimadas, entre outros casos: Os Gremilins (destaque para a simpatia de Gizmo), E.T, os cães Benji, Rin-tin-tin e Lassie – esse último de uma importância fundamental para a história do cinema, pois foi através de seus filmes que conhecemos Elizabeth Taylor -, Flipper, o fusca Herbie, Christine, o carro assassino (obra-prima do mestre literário Stephen King), os robôs C3PO e R2D2 até o crocodilo Elvis da série televisiva Miami Vice, companheiro inseparável do agente Sonny Crockett. Com o surgimento e o avanço das novas tecnologias (CGI, Rotoscopia, entre outras) e a crescente crítica que vem sendo feita ao conceito de “atuar” no cinema, ficou mais fácil ainda admirar esses casos de personagens criados para o deleite da platéia com uma participação mínima ou nula do ator/atriz. Como deixar de notar o Jar Jar Binks de A Ameaça Fantasma, o Frodo da Trilogia O Senhor dos Anéis, o King Kong digital criado pela companhia de Peter Jackson e o leão Aislam de As Crônicas de Nárnia? São todos tão fortes, tão vivos!

De uns tempos para cá – após um longo período de adoração por Hannibal Lecter, para mim, o último grande gênio da vilania cinematográfica a mostrar a cara – tenho sido acometido por uma verdadeira paixão por tipos que fujam do convencional. Talvez por esse fato, tenha ficado fascinado com a maneira com que o diretor Martin Campbell abordou o agente James Bond no último filme da franquia, o recente OO7 Cassino Royale (uma figura mais embrutecida, rígida, destoando do glamour criado em torno do personagem pelos atores Sean Connery e Roger Moore), o pirata canalha Jack Sparrow feito por Johnny Depp na trilogia Piratas do Caribe (uma verdadeira ode ao gênero marginal pop, cretino, mas com classe), a noiva Uma Thurman em Kill Bill, criação nostálgica da mente anticonvencional de Quentin Tarantino e, por último, mas não menos importante, o mutante resmungão Wolverine de X-Men.

Eles estão por toda parte: rindo, chorando, confundindo nossas mentes, roubando, ajudando, matando pessoas inocentes, tramando conspirações, apaixonando-se (às vezes por pessoas do mesmo sexo), enfim, cativando gerações de loucos por cinema como eu que não conseguem simplesmente ver um filme apenas como uma sucessão de fotogramas. Precisam ter alguém forte, decidido a buscar no âmago da própria interpretação uma molécula que seja de genialidade. Genialidade essa que faz da sétima arte a obra-prima que ela é.

Roberto de Queiróz

1 comment:

Anonymous said...

Minha primeira paixão cinetográfica foi o Tarzan vivido por Jonnhy Weissimuller. Ou teria sido Roy Rogers? Ou o Bufalo Bill no tempo em que matar índios e búifalos à granel não era politicamente incorreto? Sei lá.
Seja como for, cinema e seus heróis: tudo de bom.

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