Friday, September 29, 2006

CLAQUE-TE


Cinema e Política: Um relacionamento entre tapas e beijos
(Por Roberto Queiroz)



Quando pensamos na equação cinema X política sempre ficamos com um gosto amargo na boca que invariavelmente, salvo raras exceções, quer dizer conflitos entre autoridades e cineastas. E essa batalha não é recente, não. Vem desde os tempos dos criadores do cinema (figuras como Sergei Einsenstein, D.W. Griffith, Dziga Tvertov, entre outras feras) que já mostravam nos primórdios da sétima arte o quanto o nosso sistema era opaco e cheio de fragilidades.

O tempo passou, o cinema cresceu – tornou-se uma indústria das mais invejadas em todo o mundo -, alimentou tecnologias capazes de deixarem os espectadores com o cabelo em pé. E o tom de denúncia (principalmente contra nossos “amigos parlamentares”) nunca ficou esquecido no tempo. Para alguns mestres, mais do que forma de expressão, o cinema político tornou-se uma escola que precisa ser alimentada com novas informações dia-a-dia.

É o caso do sempre polêmico e denunciador cineasta Oliver Stone. Dele partiram pérolas como JFK - A pergunta que não quer calar, filme que levou as autoridades norte-americanas a reabrirem o caso de seu assassinato, e Nixon (polêmica cinebiografia sobre a trajetória do antigo Presidente Richard Nixon, extremamente criticada na época de seu lançamento).

O mesmo tema foi abordado, desta vez pelo ponto de vista da imprensa, no ótimo Todos os Homens do Presidente (All the President’s Men, de Alan J. Pakula), que nos traz o escândalo Watergate na versão dos jornalistas que deflagraram o escândalo, interpretados pela dupla Dustin Hoffman e Robert Redford. Há outros diretores que preferiram seguir a linha satírica. Casos em que se enquadram Politicamente Incorreto (Bulworth, de Warren Beatty) em que o protagonista brinca com a questão da mentira contada pelos candidatos em tempo de eleição, Team América – detonando o mundo (Team América, de Trey Parker), animação que escracha literalmente com a figura de George W. Bush e seus asseclas E Fahrenheit 11 de Setembro (Fahrenheit 9/11, de Michael Moore), que tenta vender a idéia do atentado às torres gêmeas do World Trade Center com muita ironia e sarcasmo.

Outro grupo famoso é aquele dos que denunciam a política através de escândalos mundiais. Nesse grupo, temos Fernando Meirelles com O Jardineiro Fiel (The Constant Gardener), Spike Lee com seu fabuloso Malcolm X, o queridinho desse grupo – atual adversário da política liberalista dos EUA – o diretor, ator e produtor George Clooney com seu Boa Noite e Boa Sorte (Good Night and Good Luck) e o sempre engajado politicamente Stephen Gaghan – roteirista do excelente Traffic, de Steven Soderbergh, e seu Syriana.

Aqui no Brasil, dois grandes exemplos dessa vertente são O Que é isso, Companheiro?, de Bruno Barreto (sobre o seqüestro do embaixador dos EUA em nossa terras durante o período militar) e Brasília 18%, de Nelson Pereira dos Santos, que foca através de um assassinato as corrupções e artimanhas que se passam 24 horas por dia na nossa capital federal.Poderia passar anos falando dessa relação de amor e ódio entre cinema e política, mas acredito que os exemplos acima já dão por si só uma amostra desse universo tão rico e denunciatório.

E podem aguardar, pois muito mais vem por aí. Principalmente se formos tomar por referência a situação no oriente médio. Aí, então... haja fotograma!



ROBERTO DE QUEIROZ

Carioca, 29 anos, morador da cidade maravilhosa,amante das mais inusitadas expressões artísticas (emparticular da sétima arte), do qual me considero umconfidente mordaz.

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