Filosofia do Direito
Sobre entrevista do novo titular da Secretaria de Ação de Longo Prazo
É minha segunda participação neste periódico eletrônico e fico extremante satisfeito por fazer parte desta equipe. Despertaram-me certas reflexões a leitura de uma entrevista do senhor Roberto Mangabeira Unger na Folha de S. Paulo do último dia 7 de maio (Brasil - A16).
Algumas críticas contundentes podem ser apresentadas ao filósofo. Mas antes disto, cabem algumas observações gerais. Em primeiro lugar, não seria justo resumir todas suas idéias a uma única folha de jornal. Ainda, como se trata de uma entrevista, com perguntas e respostas bastante pontuais e concisas, não se sabe ao certo qual efetivamente fora a intenção do filósofo.
Todavia, concentrando-se num aspecto geral da entrevista, percebe-se uma certa pragmaticidade do nosso novo ministro. De crítico feroz do governo - com ataques agudos até mesmo a pessoa do presidente da República, homem “avesso ao trabalho e a estudo” pelo que consta - nosso filósofo chega a ministro. Pelas minhas contas, deve se tratar do trigésimo ministro, numa escala crescente de ministérios e secretarias com “status” de ministérios.
E interessante a proposta de sua secretaria/ministério: a “tarefa de pensar o futuro se traduz no debate de propostas concretas”. Assim, a Secretaria de Ação de Longo Prazo procura canalizar o que deveria estar disperso no ar. Ação a longo prazo é (ou deveria ser) meta de qualquer ação governamental. Ação a longo prazo é o que, sem criar um discurso empresarial, eu procuro aconselhar aos poucos que me pedem conselhos: faça a faculdade, estude para o vestibular, tenha um emprego, planeje seu futuro, “aja a longo prazo”... O que muito desanima é a lentidão com que as esquerdas brasileiras tomam consciência de que o partido do atual governo assumiu em definitivo um discurso e gestão conservadores...
Por fim, cabe notar que o nosso filósofo Roberto Magabeira Unger é um dos fundadores e vice-presidente do Partido Republicano Brasileiro. É o mesmo partido do Vice-Presidente da República, José Alencar, e novamente uma criação de ministério faz entender muito mais uma acomodação de interesses.
É um triste país este...
Aristóteles da Silva
2 comments:
Triste não é o país e o povo, mas sim seus governantes. Lula tinha tudo para chutar o balde e inverter a equação onde os poucos quem têm muito ganham mais e muitos que pouco têm com menos ficam. Fez algumas mudanças cosméticas, é verdade, mas o essencial permanece o mesmo (que o digam os banqueiros). Parece que o presidente quer mostrar à elite que sabe jogar o jogo dela com a mesma (ou mais) eficiência - "vejam, sou pobre mas sou limpinho".
Acreditei muito, acredito bem, bem menos, quase nada. Acho que a minha geração falhou. O pior é que as alternativas Psol e PSTU não me parecem viáveis. Por enquanto estamos condenados a mais do mesmo. Até os sem-terra explodirem de vez.
Bem, coerência não parece ser uma das maiores virtudes de Mangabeira Unger. Ele já foi Brizolista, Cirista (foi guru de Ciro Gomes), fora o "flerte" com Collor de Melo.
Agora acho que está no lugar certo: como observou ironicamente o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), quem sabe numa Secretaria de Ações de Longo Prazo, o Mangabeira reaprenda a falar o português...
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