Thursday, September 14, 2006

Jean Scharlau

Muitos lugares, um povo



Assumi com o Roy o compromisso de escrever algo para a inauguração do Reação Cultural - compromisso que é um prazer e uma honra - e fiquei pensando cá com os botões do teclado que sua lista de assinantes deve ter um bom pessoal morando fora do Brasil. Hoje assisti de novo, agora na tv, "Diários de motocicleta", em que numa cena Che Guevara, no dia do seu aniversário de 24 anos, faz um anúncio, uma saudação, uma conclamação e um brinde aos americanos, povo que é uma mesma etnia de múltipla mistura, do México à Patagônia, o faz pelo reconhecimento disto e à união daí conseqüente. Pensei então que podemos seguramente ampliar este conceito e aplicá-lo ao povo de todo o mundo, que é também uma só mistura da diversidade de todos.

Caso reconheçamos isto nos sentiremos mais próximos, nos afeiçoaremos mais à justiça, à paz, à harmoniosa e prazerosa convivência. É este um belo objetivo, com toda a beleza que é capaz de imaginar o coração humano, e os passos que fazem o caminho até ele firmam-se sempre na comunicação entre essa multitude diversa e una, que é o povo, um povo apenas, feito de muitos, que é todo o povo no mundo. Assim saúdo este piso de comunicação, colocado pelo Roy, na expectativa de estar reconhecendo o seu justo valor. Talvez seja possível, um dia, suprimirmos, banirmos do mundo a injustiça, o ódio, o crime, a indiferença, as guerras, a indústria de armamentos, como já foi erradicado o poder destruidor de muitas doenças que em outras épocas eram flagelos para este nosso povo no mundo – lepra, tuberculose, tétano, sífilis, pólio e tantas outras, como o nazismo e o stalinismo - doenças que fizeram imenso sofrimento e anteciparam o fim de centenas de milhões. Não temos a vacina contra a injustiça, portanto? a notícia de uma injustiça é urgente, pois é um alerta para que se a evite e combata, mas quando a vencemos, esta é notícia maior. A notícia de um risco imediato é a mais urgente e a notícia de um bem perene é a mais importante. A notícia de um mal que domina e se alastra peremente é igualmente importante.

Envio-lhes desta vez uma única notícia que é urgente e é importante, pelo mal que expõe. O homem que governa o Tocantins há 32 anos, o homem que colocou seu nome no hino de Tocantins e é novamente candidato a governador e favorito nas pesquisas, está sendo denunciado pelo filho, que diz ter exercido para o pai a gerência do que chama, aparentemente com conhecimento de causa, de “organização criminosa”. Por décadas!


O “dono” do Tocantins dominaria hoje uma rede de comunicações com mais de 20 jornais, rádios, TVs, possuiria em nome de capangas e filhos menores, trocentos imóveis, inclusive fazendas, empresas, inclusive uma de táxi aéreo e um vasto curral eleitoral. Porque esta é uma notícia urgente? Ora, porque o suposto canalha está prestes a ser eleito (e imunizado) governador. Porque há 32 anos o suspeito aumenta seu domínio e sua suposta gangue. É notícia importante porque mostra o mal que domina e se alastra pelos municípios e estados do Brasil desde sua “descoberta” e ainda mais depois da “revolução”, de 1° de abril, e da “redemocratização”, porque mostra que os bandidos inteligentíssimos infiltram-se e compram os cinco poderes da república - há 32 anos o elemento suspeito estaria roubando do povo e não houve imprensa, promotor, assembléia, câmara que o denunciasse, nem polícia que o investigasse – foi preciso que um dos bandidos da facção se arrependesse ou entrasse em guerra contra ele para a coisa aparecer. Esta notícia é importante porque nos mostra que quando os bandidos não brigam entre si “não há” bandidos. Confiram esta notícia aqui no jornal O Globo:

Deixo as boas notícias importantes, outras além da criação deste Reação Cultural, para outra vez, dada a urgência e importância desta notícia ruim que veio do Tocantins e que é o retrato de um Brasil velho e degenerado, que se não for combatido criará igualmente degenerado, ou talvez mais, o Brasil novo que estamos vendo crescer, junto conosco.


Mais do Meu, Aqui

2 comments:

Anonymous said...

Infelizmente ainda há muito disso pelo Brasil e, certamente, no exterior também.

Mais triste é ver que a maioria das vítimas destes crápulas não reage, aceita passivamente as atrocidades e provavelmente reeleja o sem noção.

Aqui no RS, em escala menor, tivemos um exemplo similar. O prefeito de Campo Novo, Edison Arnt, do PFL, eleito em 2004, teve seu mandato cassado devido à acusação de compra de votos. Mesmo sabendo de todas as falcatruas do Seu Edison, a população de Campo Novo o reconduziu à prefeitura no último dia 10 de setembro, quando houve novas eleições no município e o candidato cassado concorreu novamente, configurando nisto, na possibilidade dele concorrer um absurdo da lei eleitoral neste país. Contudo, o absurdo maior foi o povo tê-lo reconduzido ao trono.

Assim caminha a humanidade, a passos de formiga e sem vontade...

Que venham as REAÇÕES CULTURAIS abrindo mentes e horizontes mais limpos e justos.

Belo alerta, Jean!
Beijo e sucesso aqui no Reação!

Anonymous said...

Dá-lhe, Jean. Abaixo os oligarcas. Um abração.

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