Bernardi & Ophélia no Canto dos Versos
Ela descia a rua, entre os transeuntes do amanhecer, sob o asfalto e suas rachaduras.
Certamente se passaram os anos sem que eu notasse, não saí enquanto ele não adormeceu,
no berço do ódio e rancor daquela máxima rejeição:
o primeiro encontro com o não amor.
Não amor de puxar o tapete. Não amor de arrepiar os cabelos.
Não amor de um deserto de gelo.
Não amor de falsa orquídea que se fecha à primeira lágrima de prazer.
Ophélia Pessoa, em 30/05/07
Chegaremos ao céu?
Chegaremos até a porra das estrelas?
Não me venhas.
pois quero chegar ao descuido da palavra,
quero o porre da porra,
quero me perder naquele atoleiro
de tigres e avencas.
Naquele sol de fogo
Não me venhas.
Passarinhos, só os extratosféricos.
Pulo de caos em caos.
Se queres conexão, acesse: ruptura.
Ivo viu a uva.
Eu vi a vulva.
E vós?
Não me sobraram peitos.
Que se fodam os poetas e a poesia,
meu primeiro ópio.
Não me venha com preás e preâmbulos,
putaria ou band-aid.
Arco e flecha.
Retidão, lucidez e claridade.
Aversão sem itinerário.
Até a porra do sol
beijo uma lâmina de fogo e ojeriza.
André di Bernardi
Para ler a coluna d'A Sacerdotisa, o Sexo Delicado, clique aqui.
2 comments:
"Ivo viu a uva
Eu vi a vulva"
Gênio, gênio. Os melhores versos que li em anos. Poesia é isso aí, porra!
André, sensacional. O melhor de você que li até hoje também... E olha que ler de você é sempre bom, hein?
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