Wednesday, July 04, 2007

Terra Procura Marcianos

Alô, alô marciano... Parece que é sempre assim, um tal de alô marciano para lá e acolá, ainda de soslaio cai pra cá. Marciano, mora? Tipo... Pensem bem... Nós somos tão carentes que não nos bastamos. É psicodélica essa coisa de procurar marciano... Autotélico, diz o Aurélio. Reticências e reticências, e la nave vá. Onde eu queria chegar mesmo? Nos marcianos é que não era. O parágrafo introdutório aqui se encerra introduzindo apenas a nebulosidade mental do autor. Pois, se de mais nada, falemos da alienação.

Quando eu era ainda esperma bípede, meus pais me levaram a visitar a casa de um amigo deles, o qual ainda que vagamente (ou seletivamente) plana-me à memória, apesar dos meus meros dois anos de idade à época, no máximo. Contam que depois de alguns minutos, disse à mamãe em frente ao sujeito, “Manhê! Simbora daqui pra um amigo mais legal, esse aí é muito chato!” Assim estamos, procurando marcianos. Está bem, não são marcianos, são as lindas flores, os bonitos colares, as descoladas tatuagens, o wifi o iphone o ipod e o iscambaum, todos fantásticos, deslumbrantes, inesquecíveis... Os montes, atrás dos montes, todos escondem ou expelem uma beleza formidável. A praia, ah, maravilhosa praia... Os esportes radicais... A curiosidade pela vida da Pittsburgh Hilton (roubei a piada não sei de quem, na certa o cara roubou algo de alguém – nesse mundo, Creuza? – e ladrão que rouba ladrão... Sabe como é né? Fim da interrupção com o fechamento do parênteses, prestem atenção, no caminho, na beleza que está esse blogue, as páginas todas formatadas por um profissional descoordenado especialmente para você)... A rainha! Salve a rainha! Ah! Os jogadores de futebol! Nossos Globo profissionais, produtores hollywoodianos, e tantos, tantas celebridades. São tantas as emoções! “Mas, manhê! Nossa como esse cara tá chato, tá chato!”

Sabe o que acho que nos tornamos, procurando marcianos, na cara dura? Uma sociedade com ADD ou DDA depende do local, Distúrbio de Déficit de Atenção, ou como eu gosto de chamar, Distúrbio dos Debilóides Altamente competentes, dependendo do local. Não... Uma sociedade hiper-ativa. Não é que queremos tudo mais rapido. O cigarro e a cafeína é que falam por nós. Nem necessariamente a nossa... A dos outros basta. Tiques-nervosos... Pula-pula, olha o confete, pula-pula, criança mimada. Esses somos nós... E não me venha com essa de que só acontece por aqui, não, não, nem floridecendo! Esses somos todos nós, sem exceções, ou melhor, exceções ao estado de espírito de pelo menos 30% de nossa população mundial, se não 50% contando só os da China, que vivem como viveram os sobreviventes do holocausto durante o tempo gasto à recuperação de seus traumas horrendos dos mais variados, e outra porcentagem desconhecida, segundo o Alienista de Assis, de pessoas lunáticas. Os restantes, que ainda convivem com a realidade em algum grau ou outro, encontram-se assim, blém-blém-blém.

Por quê? O que aconteceu com o mundo? É algo novo o que estamos passando?

Carolyn Forché usou a poesia para descrever os horrores da guerra, e ainda por cima teve a audácia de dizer que “a condição humana do século 20 demanda poetas de testemunha.” Isso significa que um poeta que não descreve a realidade de seu país, de sua sociedade, a “falar sobre as flores” é menos poeta? Pois, talvez sejam seus textos poéticos, mas minha pergunta é a seguinte:

Um ser humano que não se preocupa com seu destino diante de uma comunidade de outros seres humanos, e prefere estar apenas entre as flores, é menos ser humano?

Contudo, sem algum impacto emocional, social ou político e desprovido da oferta a desafios para, ao invés, descrever sentimentos românticos, utópicos e absolutos, mas abstratos, inatingíveis e monotemáticos, a arte deixa de ser arte e passa a entretenimento. Um jogo de futebol é entretenimento, mesmo que alguns jogadores logrem fazer arte. O ser humano pode ser completo em si, mas ainda procura marcianos a fazê-lo completo.

Mas, o texto está perdido. Nada que possa fazer a dár-lhe direção. Para não dizer que não falei das flores, lembrem-se que minhas palavras não se limitaram aos marcianos. Alô, alô terráqueo... Nossos vizinhos estão muito chatos, vamos embora, a uns mais legais.

Para ler a coluna coluna do cinema de Queiroz, em CLAQUE-TE, clique aqui.

1 comment:

Jens said...

Hei, se não rolar o telefone ou email da Jurema, a repórter gostosa, vocês poderiam indicar a minha humilde pessoa para uma marciana gostosinha que eventualmente aparecer aí na redação. Moro no Brasil, na Vila Nova. Basta ela estacionar o disco voador em qualquer boteco do bairro e perguntar por mim que não tem erro - a galera toda me conhece. Aguardo ansioso contato em primeiro grau. Nham!Nham!Nham!

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