CLAQUE-TE!
Essas palavras Vos Trazem:
A Gaiola das Loucas,
Filadélfia,
homossexualismo e o cinema,
O Segredo de Brokeback Mountain,
Roberto Queiroz
Tá pensando que é história de mulherzinha? – o homossexualismo e o cinema
Roberto Queiroz
Ao nos depararmos com o cinema corajoso, nu e cru, violento e direto como vemos hoje nas telas, não nos damos conta da dificuldade que certos cineastas tiveram para trabalhar alguns temas. Dentre eles, o mais polêmico sem sombra de dúvidas, é o homossexualismo. Como fazer para mostrar na tela grande o amor entre dois iguais de forma pura, sem recalques ou estereótipos, se a própria sociedade sempre foi preconceituosa com as pessoas que assumiam essa postura? Como lidar com essa repulsa? Imagine então a dificuldade de um diretor como John Schlesinger para filmar Perdidos na Noite, retratando de forma bastante pueril a relação nada convencional entre um cowboy do interior norte-americano e um golpista da cidade grande que, juntos, enfrentam as dificuldades de um mundo onde todos queriam passar a perna em todos! De lá para cá - e já se vão mais de três décadas desde a produção dessa obra-prima – muita chuva passou por debaixo dessa ponte. Muitos beijos, carícias, doenças inclusive, foram trocadas entre parceiros mais variados. E o resultado disso foram películas diretas, fortes e sem meias palavras.
O maior exemplo dessa vertente que me vem à cabeça imediatamente é o diretor espanhol Pedro Almodóvar. Entre produções como A lei do Desejo e Má Educação, o diretor, conhecido por suas imagens realistas e sem máscaras, passeou pelo universo da exploração sexual nos colégios religiosos e pelo amor masculino sem barreiras (lançando um até então desconhecido Antonio Banderas para o mundo). Outros exemplos gratificantes desse tipo de cinema na América Latina são o cubano Morango e Chocolate, de Tomás Gutierrez Alea, um retrato desolador sobre a vida privada na ilha comunista de Fidel e o extraordinário Antes do Anoitecer, de Julian Schnabel, cine-biografia do escritor Reinaldo Arenas, homossexual e ativista político convicto. Entre as produções nacionais, merecem uma conferida O Beijo da Mulher-Aranha, de Hector Babenco (baseado em romance homônimo de Manuel Puig e que rendeu a William Hurt o Oscar de melhor ator) e o recente, mas não menos belo Madame Satã, de Karim Ainouz, sobre a vida do malandro carioca na Lapa dos anos 30.
Para aqueles que curtem o lado mais polêmico da questão e não apenas o relacionamento em si, vale a menção às produções Filadélfia, de Jonathan Demme, sobre o caso do primeiro advogado a ser demitido de sua empresa por ser portador do vírus HIV, o belíssimo (e meu preferido do gênero) Traídos pelo Desejo, de Neil Jordan, onde um agente do IRA se envolve com um travesti, fazendo com que reveja todo o seu estilo de vida, e os recentes O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee, focado no amor pungente de dois cowboys num Texas que passa longe dos dias de glória do tempo dos westerns e Transamérica, de Duncan Tucker, sobre um transexual que se vê às voltas com uma paternidadedo passado, dias antes de uma decisão que mudará completamente a sua vida (no caso, a cirurgia para mudança definitiva de sexo).
Já para aquele público adepto do humor escrachado e das piadas de duplo sentido, melhor programa é se deliciar com as comédias A Gaiola das Loucas, de Mike Nichols – capitaneada pela dupla de comediantes Robin Williams e Nathan Lane -, o pasquim imposto por Stephan Elliot em Priscila: A Rainha do Deserto e seu mutirão de Drag Queens ou mesmo a sátira musical sobre os tempos da AIDS Paciente Zero, de John Greyson. E para aqueles que acham que pára por aí, estão redondamente enganados! Nunca o tema andou tão valorizado no cinema (que o diga o ator Philip Seymour Hoffman, vencedor do Oscar por Capote, de Bennet Miller, onde interpretou o escritor, gênio afeminado por trás de Bonequinha de Luxo e À Sangue Frio).
O cinema está deixando de lado o seu conservadorismo extremo? Talvez. Muito daquilo que sequer era discutido se pensarmos na sétima arte nos seus primórdios, hoje é cultuado com frisson e seguido por diretores de cinema em todo o mundo. Falta ainda muito chão para a consagração total? Com certeza! O caso do diretor Ang Lee, que recentemente viu sua obra-prima não sair laureada com a estatueta do Oscar ao final da cerimônia é um exemplo claro desse recalque que ainda existe – e, cá entre nós, sempre existirá - em algumas cabeças pensantes da academia. No entanto, acredito que com força de vontade e boas idéias dá pra se cortar metade desse caminho de injustiças e invejas e provar que não se tratam apenas de simples histórias de “mulherzinhas”. É preciso ser muito homem para se assumir verdadeiramente como é.
Clique aqui para acompanhar os Comentários da Quinzena passadae as Respostas do C.O.R!
Roberto Queiroz
Ao nos depararmos com o cinema corajoso, nu e cru, violento e direto como vemos hoje nas telas, não nos damos conta da dificuldade que certos cineastas tiveram para trabalhar alguns temas. Dentre eles, o mais polêmico sem sombra de dúvidas, é o homossexualismo. Como fazer para mostrar na tela grande o amor entre dois iguais de forma pura, sem recalques ou estereótipos, se a própria sociedade sempre foi preconceituosa com as pessoas que assumiam essa postura? Como lidar com essa repulsa? Imagine então a dificuldade de um diretor como John Schlesinger para filmar Perdidos na Noite, retratando de forma bastante pueril a relação nada convencional entre um cowboy do interior norte-americano e um golpista da cidade grande que, juntos, enfrentam as dificuldades de um mundo onde todos queriam passar a perna em todos! De lá para cá - e já se vão mais de três décadas desde a produção dessa obra-prima – muita chuva passou por debaixo dessa ponte. Muitos beijos, carícias, doenças inclusive, foram trocadas entre parceiros mais variados. E o resultado disso foram películas diretas, fortes e sem meias palavras.
O maior exemplo dessa vertente que me vem à cabeça imediatamente é o diretor espanhol Pedro Almodóvar. Entre produções como A lei do Desejo e Má Educação, o diretor, conhecido por suas imagens realistas e sem máscaras, passeou pelo universo da exploração sexual nos colégios religiosos e pelo amor masculino sem barreiras (lançando um até então desconhecido Antonio Banderas para o mundo). Outros exemplos gratificantes desse tipo de cinema na América Latina são o cubano Morango e Chocolate, de Tomás Gutierrez Alea, um retrato desolador sobre a vida privada na ilha comunista de Fidel e o extraordinário Antes do Anoitecer, de Julian Schnabel, cine-biografia do escritor Reinaldo Arenas, homossexual e ativista político convicto. Entre as produções nacionais, merecem uma conferida O Beijo da Mulher-Aranha, de Hector Babenco (baseado em romance homônimo de Manuel Puig e que rendeu a William Hurt o Oscar de melhor ator) e o recente, mas não menos belo Madame Satã, de Karim Ainouz, sobre a vida do malandro carioca na Lapa dos anos 30.
Para aqueles que curtem o lado mais polêmico da questão e não apenas o relacionamento em si, vale a menção às produções Filadélfia, de Jonathan Demme, sobre o caso do primeiro advogado a ser demitido de sua empresa por ser portador do vírus HIV, o belíssimo (e meu preferido do gênero) Traídos pelo Desejo, de Neil Jordan, onde um agente do IRA se envolve com um travesti, fazendo com que reveja todo o seu estilo de vida, e os recentes O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee, focado no amor pungente de dois cowboys num Texas que passa longe dos dias de glória do tempo dos westerns e Transamérica, de Duncan Tucker, sobre um transexual que se vê às voltas com uma paternidadedo passado, dias antes de uma decisão que mudará completamente a sua vida (no caso, a cirurgia para mudança definitiva de sexo).
Já para aquele público adepto do humor escrachado e das piadas de duplo sentido, melhor programa é se deliciar com as comédias A Gaiola das Loucas, de Mike Nichols – capitaneada pela dupla de comediantes Robin Williams e Nathan Lane -, o pasquim imposto por Stephan Elliot em Priscila: A Rainha do Deserto e seu mutirão de Drag Queens ou mesmo a sátira musical sobre os tempos da AIDS Paciente Zero, de John Greyson. E para aqueles que acham que pára por aí, estão redondamente enganados! Nunca o tema andou tão valorizado no cinema (que o diga o ator Philip Seymour Hoffman, vencedor do Oscar por Capote, de Bennet Miller, onde interpretou o escritor, gênio afeminado por trás de Bonequinha de Luxo e À Sangue Frio).
O cinema está deixando de lado o seu conservadorismo extremo? Talvez. Muito daquilo que sequer era discutido se pensarmos na sétima arte nos seus primórdios, hoje é cultuado com frisson e seguido por diretores de cinema em todo o mundo. Falta ainda muito chão para a consagração total? Com certeza! O caso do diretor Ang Lee, que recentemente viu sua obra-prima não sair laureada com a estatueta do Oscar ao final da cerimônia é um exemplo claro desse recalque que ainda existe – e, cá entre nós, sempre existirá - em algumas cabeças pensantes da academia. No entanto, acredito que com força de vontade e boas idéias dá pra se cortar metade desse caminho de injustiças e invejas e provar que não se tratam apenas de simples histórias de “mulherzinhas”. É preciso ser muito homem para se assumir verdadeiramente como é.
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