Sunday, November 26, 2006

Música minha, minha Música


‘Sobre a linha de largada, vamos, eu e você...’ Assim começa a canção, uma das mais lindas, uma das mais formosas, mais sedutoras, atrantes, inocentes, contagiosas que conheço, de uma banda que um dia se chamou Os Amigos de Natasha (Haverim shel Natasha), mas que já não existe mais, em Israel. ‘Al kav hazinuk, boi, ani veat...’


Fala sobre uma corrida, uma competição, sem dúvida alguma, porque israelenses sempre competem. A harmonia existe na competição, na corrida, no suor que goteja de suas testas, das lágrimas que escorrem dos seus olhos, das bolhas e dos calos a pestanejar seus pés, juntos, um ao lado do outro, empatados.
Correm, com as palmas das mãos, com as pontas dos dedos, com as palmas dos pés e com as unhas do mindinho, com os joelhos, tornozelos, com as partes interna e externa da coxa, e correm como se suas vidas dependessem da corrida. Não economizam um grama sequer de vontade, de paixão, de suas próprias essências, e não gozam desperdício na saliva de suas bocas, que saliva, que saliva, que saliva...

Nessa corrida há um vencedor, e há um perdedor, seja ele o par ou a companheira, seja ele quem for, o empate existe apenas no percurso. O percurso os faz flutuar, como pássaros, razantes de rapinas calcadas em ondas aéreas, sentidas pelo vento a cortar seus rostos, levando a poeira que do solo se ergue à sua passagem. E no ar, a lembrança do companheirismo, do carinho, de outras competições harmoniosas, de outras tardes e outras noites, outras madrugadas, outras manhãs encontradas na mente de quem as viveu, em outros momentos. Os corpos se acabam. A corrida os desgasta, mas para que haja um vencedor, há de haver um perdedor, e o perdedor é quem primeiro desiste, e nenhum quer desistir.

Mas, no refrão dessa canção dos Amigos de Natasha, diz o homem:

‘E eu me confundo, e caio...’ E segue o canto em seus murmúrios fatais. ‘Vaani mitbalbel venofel...’

Ela vence. Como não venceria? Quem consegue não acabar antes da linha de chegada, acompanhado do anjo que o persegue, que o acolhe, que o encolhe e guarda no bolso do peito? Quem resiste, quando as lágrimas umidecem os passos, e a saliva umidece o bom ar, e o suor apenas ofusca um mais forte olhar, um mais forte perceber... Ora, se não é trapaça, se não é cachaça, se não é fissura... Não importa:

'E eu me confundo, e caio...’

Essa é uma música minha, minha música!

RF

1 comment:

Anonymous said...

Magnífico texto, belíssima inspiração! Me lembrou a bossa nova de "Discussão" [eu lhe asseguro, pode crer, que quando fala o coração, às vezes é melhor perder do que ganhar, você vai ver].
Vou recomendar aos meus, ok?
Bjs

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