Friday, March 30, 2007

Index Quinzena 14 - 30 de Mar - 15 de Abril


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Contatem-nos por e-mail, carta, pombo-correio ou garrafa atirada ao mar! Vocês gostariam de ver algum tema abordado aqui?


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Então avisem, enviem seus trabalhos indicando o desejo de tê-los postados aqui, ou, simplesmente, cadastrem-se pelo e-mail
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1 – Leiam a mais importante revelação, que vocês só encontram aqui, no Reação. Leiam nosso editorial do início ao fim, porque clicando aqui, vocês encontram nosso Elo Perdido!

2 – Jiló continua sua saga de respostas esculachadas e alguns protegidos. Acompanhem suas peripécias e seus comentários clicando aqui!

3 – A entrevista pasquiniana da quinzena é com Lucia Aratanha, veterana da CIA dos Atores que estreou no dia 28 sua peça “Swallowing the Moon”, inspirada no conto “Amor” de Clarice Lispector. Clique aqui, e não perca essa!

4 – Para compreender o mundo, às vezes precisamos recorrer a estatísticas. As nossas são Reativas! Clique aqui e acompanhe.

5 – Venâncio não só enviou duas charges, mas também um quadrinho para esta quinzena. A rir, clique aqui!

6 – Nóis continua retaiando nus Retalhos! Retalhe conosco, clicando aqui!

7 – Venâncio e sua Charge sobre as engenhocas e engenharias dos juízes e desembargadores do CNJ. Clique aqui, e testemunhe seu 7 pintado!

8 – A partir de uma notícia no jornal O Globo, nossa equipe desabafa na coluna Eles Dizem, Nós Dizemos. Clique aqui e reconheça a diferença!

9 – Halem de Souza (Quemelém) nos envia sua primeira parte do texto sobre o FUNDEB. Sério e essencial a um melhor entendimento da educação brasileira. Mais um texto que você saboreia e aprende, clicando aqui.

10 – Jean Scharlau enviou a segunda parte de seu conto sobre o Planeta Roxo. Leia as desventuras do indiozinho, clicando aqui!

11 – A Coluna do Jens continua nos matando de rir. Clique aqui, e chore suas lágrimas alegres conosco!

12 – Roberto de Queiróz preparou um dociê sagaz dos diretores cinematográficos. Faça parte de sua sabotagem hollywoodiana, clicando aqui, na coluna CLAQUE-TE!

13 – A Sacerdotisa continua a explicar tudo sobre o Sexo Delicado. Goze, clicando aqui!

14 – Lucas de Oliveira se apresenta ao Reação e estréia sua nova coluna poética, a qual você pode apreciar clicando aqui!

15 – Mais uma esporádica crônica de Rodrigo Capella. Clique aqui e acompanhe!


16 – Silvio Vasconcelos volta ao Reação, com contos da Galinha Verde. Leia mais, clicando aqui!

17 – André di Bernardi, nosso poeta cativo, envia mais uma de suas obras fantásticas. Aproveite e clique aqui enquanto há tempo!

18 – Depois de uma longa pausa, temos a volta de Rodrigo Gerdulli e sua Musa Musical. Leiam seu ode, clicando aqui!

19 – Bruno Venâncio não é só chargista. É também poeta, e nos enviou sua poesia repentista ao lado de sua charge. Clicando aqui você tira sua casca!

Editorial Quinzena 14 - 30 de Mar - 15 de Abril

Que tipo de Reação o Reação quer causar? Não anunciarei o que temos. Acompanhem o que temos, nossos colunistas e colunas, entrevista com Lucia Aratanha, veterana da CIA dos Atores, textos de Jens, Jean Scharlau, Roberto de Queiróz, Halem de Souza, charges e quadrinhos do Venâncio… Porque todos visam a mesma intenção. Nesse editorial, anunciarei a intenção.

No filme “The Wind that Shakes the Barley” (O Vento que Chacoalha a Cevada, tradução livre – dir. Ken Loach, também premiado), vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2006, o personagem Damien (Cilian Murphy, prêmio de melhor ator no mesmo festival) e seu irmão Teddy (Padraic Delaney) vivenciam a transição de poderes na Irlanda de 1920. Churchill queria que o país pertencesse ao domínio real e fizesse parte do Reino Unido. Por todo o país ocorriam, simultaneamente, uma série de demonstrações de resistência: maquinistas não carregariam milícia ou armamento britânico; a população protestava e resistia em escalada. A pressão social crescia com a presença do exército britânico deixando rastros de sangue e sofrimento por onde passava. O IRA (Exército Republicano Irlandês) surgiu da necessidade pessoal e imediata de vingança e resistência. Como matavam seus amigos, membros do Exército Republicano Irlandês não hesitavam em matar soldados ingleses.

Logo, por interesses distintos, irlandeses inocentes morriam por confessar ou não confessar, por acusar ou não acusar, por denunciar ou não denunciar uns aos outros. Se não os matassem os ingleses, o fariam representantes do Exército Irlandês clandestino em nome de mais armas, mais dinheiro e mais resistência, em prol de uma causa reativa que deixou de ser contra a violência e a opressão e passou a ser a favor da “independência irlandesa”. Repentinamente, a independência tornou-se mais importante do que os independentes. A bandeira, mais santa do que a população.

Com Andy Garcia em “Lost City” (2005, dir. Andy Garcia), Che Guevara é representado como um militar assassino e impiedoso. Antes disso, no entanto, vemos a imagem de Batista como assassino e impiedoso, e compreendemos como muitos cubanos simpatizaram com a causa comunista. No filme, três irmãos encontram-se moralmente presos em lados opostos da fronteira. Um deles luta pelo comunismo de Fidel. O outro, pelo pluralismo independente e o terceiro, por fim, não luta. Apenas expressa e ressente a violência, compreendendo a impossibilidade de evitar mais violência enquanto ainda existe a opressão. Em pouco tempo, Batista desaparece e surge Fidel. Este manda executar os companheiros de Batista enquanto o próprio se escafede da região. Depois, proíbem o saxofone, por ser instrumento imperialista, e a leitura de determinados livros, a apreciação a determinadas obras de arte, o acesso a certas fontes de informação... Erradicam o pensamento de alguns filósofos, detêm poetas e outros artistas, e ao paredão muitos foram e até hoje, sorrateira e silenciosamente, ainda vão. Saiu Batista, entrou Fidel…

A pergunta que sempre ressurge é: Será que estamos fazendo a coisa certa? Será que essa Irlanda, essa Cuba, vale a pena de minha própria morte? E a morte de minha família? E a morte de meus inimigos?

Judeus europeus saíram dos campos de concentração alemães e fundaram Israel, que cria campos de concentração para os árabes, ou pelo menos imita muito bem o potencial de fabricar guetos. Na África, em regiões como Darfur, Zimbabwe, Congo e outras, houve e ainda há conflitos de irmãos contra irmãos, de amigos contra amigos, de favelados contra favelados. Se eram Hutu ou Tutsi, se assassinavam. Se sofressem ou ganhassem o suficiente, denunciariam aos Afrikanners a pele de um primo, ou da própria mãe.

Primeiramente, para não complicar mais o que já é complicado, há um motivo primitivo, primordial, ao nascimento das Forças Armadas Israelenses, dos Hutu e dos Tutsies, dos representantes do IRA e dos Freelanders, como dos Curdos, Sunitas e Shiitas no Iraque: opressão violenta. Caso fosse uma opressão trabalhista, ou de imposição financeira, ainda seria opressão e suscitaria reação, mas talvez proporcional e menos violenta. O surgimento de um (opressão violenta) e o nascimento dos outros (grupos ‘terroristas’, separatistas, individualistas etc) é intrínseco.

Em segundo lugar, em todos os casos podemos simplificar a consequência como desastrosa. O IRA ainda clama seus atentados, como o ETA, como o Fatah e o Hamas. Na África, sudaneses brigam com etíopes, muçulmanos se erguem contra católicos. Na Cuba, ainda existe um regime totalitário, que nasceu para derrubar um regime totalitário. Estados Unidos, capitalista e imperialista, pretende derrubar o totalitário, mas também deseja a opressão do povo. Isso só pode significar, simploriamente, que a fundação de grupos contra-opressores não solucionou o problema maior: a violência. Muito pelo contrário, apenas a multiplicou, prolongou, reverteu ou inverteu os lados, mas a deu continuidade e a aumentou, na maioria dos casos. Irmãos matam irmãos, literalmente, em nome de causas que visam proteger a vida de irmãos. Faz sentido? Não. Não é para fazer sentido. Faz sentimento, e muito amargo, deprimente, ruim…
John Lennon, em sua canção “Revolution” diz: Revolução? Estou dentro... fora. Quando perguntaram a ele: Mas, John, como assim? Dentro ou fora, rapaz? Lennon respondeu: Dentro da exigência de mudanças, mas fora de qualquer espécie de protesto agressivo. Simples, não é mesmo? Não é, tampouco. Nada simples. Quando assassinam seu amigo ou parente diante dos seus olhos, é natural que você exija e deseje a morte do agressor. Realizá-la é também possível, se não provável, em termos sentimentais. Quando o conflito moral torna-se pessoal, torna-se também angustiante e ambíguo. Fazer o certo é sempre difícil.

No entanto, por ser difícil, não significa que devamos desistir. O certo é mesmo o mais complicado, mas deve ser feito. É esse certo que cria civilizações respeitosas ao meio ambiente e à sociedade, civilizações produtivas e elevadas. É nesse certo que precisamos nos espelhar. A resistência é necessária. A violência é proibida. Terminantemente proibida.

Reagir é conosco. Precisamos instigar o questionamento, o movimento da nação, seja ela qual for, em prol de um melhor mundo. Precisamos instigar indignação, inconformismo e protestos múltiplos em todas as áreas. Precisamos educar o ser humano a lutar até o fim pelo que é justo, e ensinar valores justos, de igualdade, tolerância, paz e integridade. Precisamos exemplificar sentimentos, situações, dilemas e conflitos na arte ilustrativa, que expõe, agride, mas não precisa matar ninguém. Falo do Brasil, por exemplo, que permitiu silenciosamente o aumento salarial de parlamentares, mas tolera um salário mínimo miserável… Que testemunhou a chegada de Bush com péssimas intenções em torno do etanol, com milhões de pessoas colhendo cana em escravocracia explícita, com um governo imperialista tomando conta, mais uma vez, da propriedade brasileira… Que testemunha diariamente a impunidade de seus políticos, a inexistência de uma fiscalização rigorosa aos donos das grandes empresas, aos mais ricos comerciantes, e testemunha também a exigência da impunidade a menores miseráveis, sintomáticos e insanos… Que aceita uma mídia palhaça, que ainda menciona Sobel como rabino, representante de uma comunidade judaica que ele nunca representou, que faz lambanças no Fantástico e contrata Jorginho para fazer papel de Jorjão, que explicitamente escolhe um lado específico a reportar, e ignora o outro… Falo do Brasil, mas falo dos EUA, de Israel, e de muitos outros países cuja filosofia existencial é praticamente a mesma.

A violência não faz parte do que precisamos fazer para criar um mundo melhor. Ela é apenas um sintoma de uma doença grave e fatal. Para erradicá-la, é necessário compreender sua extensão. Para erradicá-la, precisamos sair do círculo vicioso da negação. Esse é o teor do nosso Reação. Precisamos de vocês para fazer um mundo melhor… É sério. Acreditem.

Abrax,
Roy Frenkiel

Comentários da Quinzena

No Index

De Talvez:

Então, vou ser sincero, não é de hoje que eu entro nesse blog e não entendo nada que está escrito. Eu acredito que a ideia deve ser boa. Mas se a maneira que voces "postar" fosse mais clara e bem explicadinha, seria muito melhor acredito eu. Enfim, se me dizer qual realmente "o funcional" do blog eu poderia até me interessar e colaborar! :D valew

De Talvez depois da resposta do Jiló:

Agora sim eu entendi. Bom, vou dar uma olhada nos textos. Acredito que a idéia seja muito boa, alias é muito boa! Não sei se vocês aceitam criticas, mas acredito que sim então eu vou fazê-la. O layout que o blog apresenta pessoalmente eu acho muito pesado, a escolha da fonte e a maneira que os "textos" são expostos, não são definitivamente "legais". Caso vocês fizessem algo mais clean, poderia até atrair mais visitantes para esse blog. Bom, é o que eu acho! abraços.


De Santa:

Roy,
Sinto não ter tempo disponível para colaborar. Quanto ao comentário do "Talvez" eu me encontrei: A princípio relutei, reclamei, mais ou menos por aí. Não fica claro portanto, confuso...rsss. Mas o que me encanta é que vc é, sem dúvida, a pessoa mais aberta, flexível que conheço.Coisa rara.

PS: Mesmo no blogger limitado como é existem formatos (Layout) simples, claros, organizados, e uns até bonitos. Já tentou. Na verdade eles servem para melhor orientar a leitura do visitante.


De Bruno Venâncio

ô Roy
á tirando água de pedra!
e o cara ainda arruma jeito de me ajudar!!!
obrigado ae pela oportunidade e pela ajuda, sabe q eu to aqui é pra trablhar XD
manda seviço pro garotooooo hehe

abraço irmão!

Resposta do C.O.R: Talvez, o senhor é confuso até no nome! Talvez você precise mais é colaborar conosco e deixar de tentar entender as coisas. Talvez, talvez seja legal você frequentar o Reação e deixar seus comentários em todas as colunas. Talvez seja interessante isso, talvez porque seu nome é talvez, não sei bem explicar, mas talvez você tenha entendido o que quero dizer, né, Talvez?

Ave, Santa, Roy certamente agradece aos elogios e os agradeceu no respectivo campo dos comentários. Na real, você não o conhece, chamá-lo de cabeça aberta é como chamar um ovo de quadrado. Mas tudo bem, vale a pena pensar que meu chefe é tolerante mesmo, continue assim!

Ô Bruno, nosso cartunista predileto! É você quem nos ajuda, saiba disso!

Só fico indignado com tanta boa coluna por aí e vocês comentando no Index! Pega ladrão!

Pega Ladrão, do Jiló
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Na coluna Estatísticas Reativas

De Jens


Putzgrila!
O autor? O autor? O autor?
Seja lá quem for pegou o jeito. Papai Lessa deve estar satisfeito.
GipGip NhecoNheco.


De Halem Souza (Quelemém)
Agora, sim, já tenho sobre o que conversar no balcão do boteco...

Resposta do C.O.R:
Jens, meu inesquecível painho. O autor é algo que compromete revelar, concorda? Já me deram um nome ridículo só pra aparecer no Reação. Mas eu amo o Reação, e sairia até de baiana se precisasse. Em poucos lugares eu posso xingar tanto sem ser processado! Quanto a Papai Lessa, antes de mais nada, cadê o teste de DNA? PS: Nunca entendi o que gip e nheco significam… Enigma…

Halem, não precisa humilhar, poxa! Até tô lacrimejando aqui depois dessa. Que sacanagem ironizar com algo tão sagrado e bem-intencionado quanto o Reação! Falar sobre isso aqui no boteco, só depois de duas garrafas cheias de absinto e uma latinha de cerveja.

Ofendido, do Jiló
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Na Coluna Jens

De Sandra Camurça


Arretado, Jens, arretado!
Beijos.


De Marconi Leal

Então foi você, seu canalha! Aguarde. O doutor Nicomar Lael entrará em contato.

De Yvonne

Jens, que canalhice, rsrsrs. Beijocas


De Priscila

hahahahaha...adorei. morri de rir.

De david

É...agora o Marconi terá que criar a Açociassão do Mandacaru Mucho. Arre..

De Jean Scharlau

Pô, Jens, já tem até propaganda na tv: "quando você menos espera pode pintar um Marconi, previna-se com Viagra plus". Vi no madrugadão da Band. Agora, que foi merecido foi, porque se tu não tivesse broxado quem é que ia levar a fama? Não era ele? Pois então... Arriscou ganhar, arriscou perder. É dureza, digo, moleza, mas é a vida...
Uhuhahahuhuhaha (risadas sinistras II)


De Halem Souza (Quelemém)

Combatente Jens, isso é uma coisa que não se faz nem com o pior inimigo...Coisa feia. Por isso eu digo: quem faz a fama, deita na cama! E broxa! Menos o Ziraldo...

De Mauro Castro

Sou solidário ao infortúnio do meu caro Marcone Leal. Aqui em Porto Alegre conheço uma farmácia que está praticando preços muito em conta no Viagra.
Há braços!!

Resposta do C.O.R: A sacanagem são duas. 1 – O Jens, meu painho, acabou escrevendo o texto com mais comentários até agora aqui no Reação 2 – Nicomar Lael, um sujeito cheio de si e ARGHHHHHHHHH, ARROTO, advogado, não pára de encher meu saco. Por motivos incompreensíveis, pensa que eu tenho influência quanto a tiragem das colunas depois de minhas respostas carapalescas (de cara-de-pau) e raçudas. Chefe que é chefe tem mesmo é que falar como eu, mas tenha dó, falar com advogado? Não, não, ainda processo o painho, pô!

Sandra, arretado mesmo, Jens escreve de um jeito que até eu fico com calor.

Ô Marconi, fala pro doutor não encher meu saco? O único saco que ele deve encher é o seu, depois do Jens tê-lo muchado.

Yvonne, concordo, mas sempre que alguém xinga alguém eu concordo, então me ignore.

Priscila…? Priscila…? Priscilaaaaaaa! BUÁAAAAAAAAA! A Priscila morreu! Textos dela daqui pra frente, só psicografados : - (

David, ó Rei Davi! Axoxiaxão se escreve com X, pô!

Jean, você devia ser publicitário do Reação, não rola?

Halem, era isso que eu ia perguntar, se alguém já tinha deitado com o Ziraldo pra conferir. Já que você se deitou e respondeu, se deitou e respondeu, se deitou e respondeu, veja o ‘se deitou’ antes do ‘respondeu’, obrigado!

Mauro Castro, seja gente, faça diferente, e doe um Viagra a quem mais necessita!

Mucho, do Jiló

Entrevista Pasquiniana com Lucia Aratanha

Na noite da entrevista, quase nos desencontramos. Quando Lucia Aratanha chegou, no entanto, e quando nos identificamos através do turquesa de sua blusa, nos sentamos em uma mesa do alojamento escolhido para abrigar nossa conversa. Suas primeiras palavras: “Se não fosse hoje, ficaria complicado, porque já estamos começando com ensaios mais rigorosos!” Pois é, Lucia, ainda bem que não nos desencontramos. Leve em suas vestimentas e composição corporal, Lucia falou com as mãos, com gestos complementando o que suas palavras não alcançavam. A mente de uma dançarina, coreógrafa e coordenadora de movimentos corporais funciona assim, e é este o teor de sua carreira, culminando no trabalho atual “Swallowing the Moon” (Engolindo a Lua), que estreou dia 28 de Março no Carnival Center for the Performing Arts. A peça faz parte do projeto Miami Light-Here & Now do Carnival Center, que ocorreu entre os dias 28 e 30 de Março, onde Lucia se apresentará ao lado do coreógrafo Octavio Campos, e Jojo Corväiá, que terá seu próprio espetáculo músico-visual. Lucia é veterana da CIA dos Atores, e tem uma carreira de início em 1975. A peça de sua direção e interpreteção solo é inspirada, e não baseada, como ela insiste em explicar, na crônica “Amor” de Clarice Lispector. Como muitos de seus trabalhos, expressa as palavras de uma escritora visual e introspectiva, nos passos e metamorfóses que realiza ao palco. Lucia tem um propósito objetivo com esta entrevista, divulgar sua mais recente peça, seu primeiro trabalho solo nos Estados, e despertar a curiosidade da comunidade brasileira do Sul da Florida pelos espetáculos do teatro em movimento, e o teatro moderno em geral. Suas respostas fizeram parecer inúteis as perguntas.



Antes de mais nada, uma breve biografia e “mudanças de ares.”
Bom, eu tenho mais de 30 anos de carreira, né? Trabalhei no Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente, no Brasil.Vim a Miami em 1993, e aqui trabalhei um pouco, mas não tanto quanto trabalhava no Brasil. Fiz algumas colaborações com alguns artistas americanos, e trabalhei com Giovanni Luquini também, que é brasileiro. Agora só mesmo é que estou entrando em meu primeiro trabalho solo aqui. E é um projeto que tenho em mente há vinte anos, que é trabalhar com esse texto da Clarice, em um formato de conto, e fazer uma adaptação pro teatro em movimento. A Clarice é uma escritora que inspira muito a linguagem do movimento, por causa das imagens, porque ela é pura imagem. E eu também queria colocar palavra, porque é uma coisa que eu sou fascinada, e ela usa a linguagem.

Como foi o processo de chegada ao Here & Now?
Há geralmente uma seleção, à qual você aplica, né, mas no meu caso, conhecia a diretora mais intimamente, e alguém comentou com ela que eu tinha esse desejo, de fazer um trabalho, mas estava bem espaçado, não tinha uma deadline. Um dia ela me ligou, disse que sabia de meus desejos, conversamos, ela adorou e eu entrei. Esse ano estão fazendo só com três artistas, que é um sistema muito melhor, porque sobra mais patrocínio para cada um. Então existe uma restrição de tempo, de qualquer maneira, para evitar uma maratona massante de trabalho. Depois, de acordo com a avaliação do trabalho, vendo o que funciona e o que não funciona, pretendo desenvolver mais e de repetente até transformar a peça em um espetáculo de uma noite, o qual farei só eu, em uma noite. Porque com trinta minutos não se pode montar um espetáculo, claro. Quero continuar a trabalhar e desenvolver a peça sempre.



De onde vem o título “Swallowing the Moon”?
O título vem de um livro chamado “The Red Tent,” sobre mulheres da antiguidade, e essa era a expressão à qual eles se referiam às jovens, quando estavam prontas para receber um marido e engravidar. E essa descrição achei muito bonito, poética, e resolvi chamar esse trabalho de “Swallowing the Moon” (Engolindo a Lua). Do título da Clarice eu não gosto, não é apropriado, distrairia o público da idéia original. A Clarice era meio assim, mesmo (como na maior parte da entrevista, para encontrar as palavras, Lucia se movimentava, e é uma pena não conseguir traduzir todos os seus movimentos nas páginas desta entrevista, pois não caberiam por aqui)… E ela não revisava os seus textos, terminava e já estava bom, e estava bom, mesmo! Por isso que ela é tão visceral.

Como é o desafio de se traduzir as palavras de Clarice em “Swallowing the Moon”?
Bom, é um desafio grande, principalmente quando começamos a traduzir pro Inglês, porque estou usando um pouco do Português, mas não tanto, que prejudique o entendimento (a quem não fale o idioma). O trabalho é bem abstrato, não é um conto linear, e sim uma desconstrução do texto. Através da linguagem do movimento, que é uma linguagem abstrata, o espectador acaba precisando absorver a essência do trabalho. O mais importante não é contar a historinha, mas sim mostrar a trajetória, mostrar ao público essa trajetória do amadurecimento, o mergulhar dentro de si, e deixar a mão nas feridas e nos nervos, como uma proposta de crescimento, amadurecimento. Essa personagem atinge isso por ser uma mãe, mas o trabalho não é só para mães. Não fica fechado só na experiência da mãe. Eu tenho essa necessidade muito, porque mais e mais as pessoas têm essa tendência de estarem cada vez mais presas. Esse trabalho aborda isso, o medo da perda, por exemplo, que todos têm, e hoje em dia também temos medo, mais do que nunca, de perder a juventude. Esse trabalho quer mostrar o inverso, que quanto mais se trabalha, se batalha, mais vitalidade você ganha. Então não se resume às mães, é algo mais aberto. É um processo muito interessente com os colaboradores, de perder, experimentar, crescer... O processo da personagem acaba sendo o nosso processo de trabalho. Hoje mesmo estava sentada com Jennylin Duany, que está me ajudando mais no processo teatral, e ela estava me perguntando umas coisas e, de repente, me disse: “Não se mexe!” Acabei descobrindo uma coisa muito interessante, sem poder me mexer, acabei vendo uma imagem belíssima e super poética para o que eu estava tentando dizer. O processo é muito parecido com a personagem, que também vai se mergulhando, se descobrndo. Também tenho feito pesquisas nesses últimos vinte anos, e encontrei o mito de Inanna, que é considerado o último mito da era pré-patriarcal, que muitos psicólogos usam no tratamento de mulheres. Encontrei nisso justamente uma mesma trajetória que a Clarice coloca na personagem, a relação do limite…



Existe um conceito social, também, no conto da Clarice, das restrições da mulher na sociedade. Sua obra trata desse aspecto ou cria algo completamente paralelo?
A Clarice pega os personagens dela e põe em uma centrífuga mesmo, e no final, ela sempre dá um certo passo para trás. Quer dizer, a personagem muda um pouquinho, mas quase nada, ela acaba sempre voltando um pouco atrás. Por isso que eu falo “é uma adaptação,” mas é uma inspiração, porque eu não volto, não dou esse passo para trás com a personagem. Damos uma finalização melhor, mesmo porque tem um contexto pessoal no meu trabalho, porque do mesmo jeito que essa personagem evolúi, nós também passamos uma tonelada de acontecimentos na vida, e também vamos crescendo sutilmente, damos nossos passos para trás, mas crescemos de pouquinho em pouquinho em pouquinho. Então não queria terminar com esse passo para trás, porque seria desencorajador.

Fale um pouco do mito pré-patriarcal de Innana, e como ele se integra à peça.
É uma grande experiência, usando os movimentos, integralmente, e os símbolos que escolhi, como uma corrente que eu uso em cena, que é um pouco como a trajetória, uma metáfora de minha vida. Porque no mito, existe o símbolo de uma cobra comendo o próprio rabo, e Inanna tem de matar a cobra para poder quebrar o ciclo da juventude, para poder virar mulher. Ela precisa matar essa cobra. Essa imagem está bem presente no trabalho. A Innana, para poder visitar sua irmã, que é a Lilith, a Lua, a Deusa da Escuridão, ela precisa passar por sete portais, e em cada portal ela precisa retirar uma parte de sua vestimenta para chegar completamente nua. Isso representaria retirar as camadas, se purificar, o que se expressa no trabalho em um processo de transparência. Não fico totalmente nua na peça, mas existe esse processo de transparência, e no final, o seio esquerdo fica totalmente exposto, que é o próximo ao coração. Enfim, são elementos que fui tirando… Uma coisa bonita, por exemplo, do texto da Clarice é a relação que a personagem tem com os ovos. O ovo na peça me representa, não ao filho, e tem essa coisa da quebra dos ovos… Ela fala coisas muito bonitas, como, “a força da minha vida se quebrou.” Ovos também representam a viscosidade, que é algo muito feminino. Tem todos esses elementos no trabalho. É um trabalho que ou as pessoas adoram ou as pessoas não entendem, se chocam.

Então é essa relação de ódio e choque que as pessoas podem esperar da peça e que você deve esperar das pessoas?

Tipo, uma amiga minha veio me visitar e no final ela ficou muda, sem palavras. Não conseguia falar, e é isso que podemos esperar dessa peça, essa coisa do espetáculo acabar e ninguém aplaudir, uma platéia sem palavras.

É um trabalho tão provocante assim?
É um trabalho provocante, sim, que provoca, mesmo. Eu como intérprete sou mesmo visceral, e estou procurando outras coisas, mudar isso, mas esse trabalho é mesmo visceral, algo ao qual eu particularmente me identifico. Minha nora, por exemplo, que tem vinte e pouquinhos anos… O dia que ela bateu o texto para o computador, porque estava sem tempo, e quando acabou me perguntou: “Você se identifica com isso?” Apavorada, estava meio sem entender mesmo (risos). Aí eu respondi: “Calma, quando você amdurecer você vai entender.” (Risos gerais).


Depois dessa sequência da estréia com o Miami Light-Here & Now, você tem planos de apresentar “Swallowing the Moon” em outros locais, ou outras datas?
O Here & Now é um projeto super legal que dá suporte para artistas locais e dá oportunidade para poder apresentar nossos trabalhos, tenho essa intenção tanto dentro quanto fora do seu contexto.


Alguma expectativa da peça circular pelo Brasil?
Tenho uma amiga no Brasil que já me disse que tinha de fazer lá, que encaixaria perfeito. Estou, de fato, procurando outros caminhos e de repente até levo. Seria voltar ao Português, o que seria bastante interessante. Esse processo atual já foi bastante esquizofrênico, porque a tradução em Inglês é pobre em comparaçãp ao texto da Clarice. Estava com um pouco de dificuldade de fazer sozinha a adaptação mesmo, sair do texto quando fosse necessário. Então chamei um amigo meu, um dramaturgo, cubano, o Jose Manuel Dominguez. Ator, dramaturgo, diretor, uma pessoa maravilhosa, com um conhecimento da literatura brasileira muito maior do que os americanos, e a lingua é mais próxima, tem um entendimento melhor do Português. Mesmo assim o processo foi engraçado, ele trabalhava em Espanhol, mandava para mim em Espanhol, e pegava a tradução do texto, dava uma maquiada… O texto ainda tem muita coisa para mexer, desde o início, mas agora vou parar de mexer, se não, não fica pronto (risos).

Nunca fica pronto, né…?
O que é ótimo, porque quando fica pronto, fica velho (risos). Agora, voltar para o Português será mais interessante ainda. Agora mesmo, faço um pouco de Português, e algumas pessoas me perguntaram porque eu não faço tudo em Português. Mas, por exemplo, a maioria dos hispanos por aqui, trazem muito do Espanhol, mesmo como uma forma de crítica à presença latina nos Estados Unidos, um protesto ao linguajar típico de seus países. Isso ainda não existe em relação ao brasileiros, acho que ainda tem algumas gerações, talvez chegue a acontecer na geração da minha neta, mas por enquanto não acontece isso. E eu não fui criada aqui, então não me ambiento na cultura dos EUA. Então, eu penso, para quê falar em Português se ninguém vai entender! Para mim é mais importante me fazer entender do que falar o Português. Falo algumas coisas em Português, e inclusive canto um pouquinho, porque isso faz parte de nossa cultura, para tudo temos uma música, vamos sempre cantando, então eu também canto, mesmo sem ser cantora. Canto como todo mundo canta, como a faxineira que canta enquanto trabalha. Eu prefiro trazer esse sabor brasileiro do que falar em Português.

Qual é a diferença entre o púnlico brasileiro e o público Norte-Americano?
O teatro contemporâneo, aqui nos Estados Unidos ainda está engatinhando, acontece mais em Nova Iorque, mas Miami tem um público mais conservador, o que dificulta um pouco. Mas tem, temos um público, apesar de não ser grande, ele existe.

Ou seja, nem precisa dizer que a maioria de seu público é de estadunidenses e latinos?
A grande maioria, claro, pouqíssimos brasileiros.

Por que isso acontece? Falta de apelo à comunidade?
Sim, falta, principalmente em torno da área contemporânea, de arte mais instigante. Acho que o pessoal que vive aqui não é tanto o pessoal que têm muito interesse por esse tipo de arte.

Há algum modo, ao seu ver, de chamar a atenção para mais público?
Acredito que tenha, alguns, que talvez não saibam o que está acontecendo, portanto é sempre importante que haja publicidade. Adoraria que viessem e conhecessem o espetáculo, é algo completamente novo, uma nova experiência para muita gente. Porque há pessoas que nunca foram expostas a isso, estão mais acostumadas à arte mais digestiva, mais popular, mas às vezes a pessoa vai e pensa: “Ah, que interessante!” E da próxima vez fica mais curiosa. Precisamos sempre divulgar, porque se não, há pessoas que nunca saberão que gostam desse tipo de arte.

Fale um pouco de seu trabalho com Gary Lund.
Trata-se da peça Hostages of the Art: Surrender!.(Em tradução livre: “Seqüestrados pela Arte: Rendam-se!”), onde o público é o personagem principal. É uma peça política, mas não é politizante. Vem muito sobre essa idéia da guerra atual, da política, da cultura, e veio um pouco dessa idéia e de um brincadera que nós temos mais é que sequestrar o público para o palco. Já que vemos nas páginas dos jornais todo o dia sobre alguém que foi seqüestrado, portanto surgir a idéia. Na peça, nós seqüestramos a platéia, tapamos seus olhos e fazemos eles experimentarem a arte. Trabalha com toda uma parte sensorial. Depois até temos um momento em que elas podem se expressar por desenho ou escrita, e depois verbalmente. E depois eles vêem o trabalho que eles criaram. Nos apresentamos na FIU, no ano passado, umas quatro ou cinco apresentações e agora estamos ainda em processo de fechar com o Miami Light e o Carnival Center para fazer uma coisa maior para as pessoas.

Alguma última mensagem aos leitores?
Sim, claro: VÁ AO TEATRO!

Depois da entrevista, Lucia chamou ao telefone, e disse:
“Você me perguntou o que eu fazia e não respondi, mas faço também massagens e outros trabalhos corporais.”

Por fazer questão de ter a informação notada, cá a adicionamos.

Ficha Técnica:
Miami Light-Here & Now (28-31 de Mar)
“Swallowing the Moon”
– Por Lucia Aratanha, em interpretação solo

Video Design: Dinorah de Jesús Rodriguez
Costume Design: Estela Vrancovich
Set design: Carolina Pagani
Música Original e Design Sonoro: Ricardo Lastre
Text Adaptation: Jose Manuel Dominguez
Conselheiro de Movimentos: Gary Lund
Conselheira de Atuação: Jennylin Duany
Fotos por David Whitman

O sítio associado ao R.C CABARÉ, publicou o resumo desta entrevista! Clique aqui e conheça nossos sócios!

ESTATÍSTICAS REATIVAS


5 de cada 6 vozes imaginárias da esquizofrenia estadunidense são duzentas milhões.

98% por cento das pessoas que protestam pelo aumento de seus salários no Brasil são parlamentares ou presidentes da República. Os outros 2% são otários ou iludidos.

3 em cada 4 juízes democratas nos EUA foram susbtituídos por 7 republicanos. Ao quarto juíz democrata, pediram que se suicidasse.

Todo ano, tudo que muda fica sempre a mesma coisa.

Quadrinho de Venâncio


Retalhos


Para lograr seu milésimo gol, Rei Romário manda o técnico escalá-lo, manda a CBF conceder sua volta ao futebol brasileiro, manda o juíz acrescentar minutos ao jogo, manda que o próximo partido seja novamente no Maracanã, e quando a hora chegar, mandará a bola para o fundo da rede.

O melhor do Brasil é:
O grupo Calypso, de acordo com as novas pesquisas do National Geographic, revelando traços de uma séria crise de autismo que infectou o país com a visita de Bush.

Só saberão a verdade sobre os motivos da demissão dos juízes democratas nos EUA, quando as gravações clandestinas das conversas entre os mesmos forem expostas.

No Dia Internacional do Circo, faça sua homenagem ao palhaço Bush!

Charge do Venâncio


Com a diferença no aumento do salário, os juízes e desembargadores do CNJ contrataram uma equipe de arquitetos e engenheiros especializados, e pretendem construir um teto mais alto para as normas salariais da ONU.

Eles Dizem, Nós dizemos

Extraído de matéria do jornal O Globo Online, 26/03/2007.

Eles dizem:
“As mais de 2,200 pessoas presas na inédita megaoperação nacional das polícias civis de 24 estados e do Distrito Federal, na sexta feira passada, representam uma ínfima parte da multidão de foragidos da Justiça em todo o país.”

Nós dizemos:
Especialmente da multidão de foragidos nas prefeituras, palácios do governo e do planalto.

Eles Dizem:
“Mais de meio milhão de brasileiros têm que prestar contas à Justiça por crimes como seqüestros, assaltos, assassinatos e corrupção, entre outros.”

Nós Dizemos:
Quem realmente precisa prestar contas é praticamente autorizado a não prestá-las, e a imprensa é impedida por interesses paralelos a instigar mais sérias as invenstigações. Poderia o meio milhão ter sua raíz nas contas que não são sequer cobradas?

Eles Dizem:
“Com 550 mil foragidos … os governos federal e estadual teriam que mais que dobrar as vagas do sistema penitenciário…”

Nós Dizemos:
Sim, claro, porque a solução eficaz, como o aumento das vagas penitenciárias para abrigar pobres (principalmente pobres negros) e pessoas que apenas reagem à violência das faltas (falta de abrigo, falta de infra-estrutura, falta de saneamento básico, trabalho e salário dignos, e especialmente falta de educação, partindo da falta de vergonha na cara de nossos representantes políticos). Solução tão eficaz, que desde que vem sendo usada, não só que não solucionou, como apenas testemunhou o aumento da criminalidade urbana.

Eles Dizem:
De Tarso Genro, auxiliar do ministro da Justiça: “É por isso que nossas leis de combate à violência que estão sendo discutidas no Congresso Nacional podem não ter muito impacto sobre a realidade. Não adianta só prender. São necessárias iniciativas em outras áreas, como educação, saúde e trabalho.”

Nós Dizemos:
Auxilie ao Ministro da Justiça, então, seu Tarson, ou meu Genro, mas também aconselhe aos seus que deixem de roubar e lucrar tanto com falsas especulações, nossos funcionários públicos nobres. Ou será que o “não adianta só prender” refere-se ao pessoal investigado pela CPI do apagão aéreo?

Eles Dizem:
“O diretor do Depen, Mauricio Kuehne, soube que o número de mandados de prisão não cumpridos era superior a meio milhão numa recente conversa com o secretário naciona de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa.”

Nós Dizemos:
Ou eles precisam começar a conversar com mais frequência, ou pelo menos começar a falar sobre o Brasil, porque numa recente conversa há quase três décadas, quando eu nasci, já me avisaram que o surreal estava prestes a se tornar realidade.

Eles Dizem:
“Esta é a PRIMEIRA VEZ QUE UM ÓRGÃO DO GOVERNO FAZ UM MAPEAMENTO COM BASE EM NÚMEROS REAIS, e não apenas em projeções parciais sobre o assunto.”

Nós Dizemos:
E há de se espantar que a coisa tenha apenas caminhado para trás? Algum dia também compreenderão o quanto é mais importante que a Justiça tenha introspecção e raciocínio objetivo do que se espantar, posteriormente, pelo número criado pela grande negligência.

A mídia parece cobrar mais da Justiça à contenção da impunidade, mas raramente ataca a quem primordialmente precisa ser atacado.

Halem de Souza Comenta o FUNDEB


Paremos com a panacéia: FUNDEB, PDE e o atual quadro da educação brasileira – Parte I

É objetivo deste artiguete ( e tomei a liberdade – desculpe o editor – de apresentá-lo em duas partes para não cansar o leitor) discutir as principais mudanças recentemente introduzidas na educação brasileira – no que se refere a financiamento e gestão – e incluir um breve panorama do setor, no que diz respeito a seus profissionais e concepções pedagógicas vigentes. O presente texto é conseqüência de uma série de reflexões que surgiram a partir do que ouvi e li, dentro e fora da “grande imprensa”, sobre a importância da educação e seu papel na diminuição dos graves problemas sociais brasileiros, entre eles, a violência urbana.

Antes de avançar no tema, gostaria, se me permitem, apresentar certas “credenciais”, provavelmente inúteis, é claro, mas que talvez ajudem o leitor a perceber de que “lugar” estou escrevendo. Embora costume colaborar eventualmente nesta revista eletrônica, com textos versando sobre Literatura ( e o faço apenas como diletante, já que não concluí o curso de Letras, iniciado na década passada), resolvi falar sobre assunto diferente porque trabalho com Educação Pública há, pelo menos, treze nos, sendo três deles como professor da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais e outros dez como servidor público municipal (Belo Horizonte) em bibliotecas escolares. Além disso, tenho irmãs também professoras da rede pública, ambas com mais de vinte anos de atuação no setor; mais, sou amigo de professores, faço parte de comissões específicas do sindicato de minha categoria e fui aluno, durante todo o ensino médio, de uma instituição pública municipal. Se não sou um especialista no assunto, pelo menos estou emocionalmente apegado a ele e o conheço “de dentro” - o que não é pouca coisa. Feitas as apresentações, voltemos ao tema principal.

O governo Lula enviou, no primeiro mandato, a PEC nº 53 que modificava o artigo 212 da Constituição e alterava a redação dos artigos 60 e 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Com isso, criaria (e regulamentaria posteriormente, através de Medida Provisória) o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Votado no Congresso no final do ano passado, o FUNDEB está em vigor desde 1º de março de 2007. Ao lado dele, o Ministério da Educação lançou, ainda no mesmo mês de março, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), cujo objetivo, óbvio, é a melhoria dos indicadores do setor. Pergunto: adianta tudo isso?

Adianta, mas não muito. E antes que venham me patrulhar, dizendo que sou anti-Lula, quero esclarecer alguns pontos. O FUNDEB vem substituir o antigo FUNDEF, criado na era FHC (e, talvez, um dos gols de placa do governo tucano, além da reformulação do Programa Nacional do Livro Didático, infelizmente, hoje, foco de escândalos, mas isso é assunto para outro texto...). Porém, numa comparação direta, o FUNDEB tem muito mais vantagens que o FUNDEF.

Para começar, como destinação dos recursos, inclui a Educação Infantil, o Ensino Médio e a EJA (Educação de Jovens e Adultos), alijados no FUNDEF e cujo financiamento era comprometido, já que cada governo (estadual e municipal) dava a interpretação que queria para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN – Lei nº 9.394/96) – a famosa Lei Darcy Ribeiro. A vigência do FUNDEB é maior (14 anos X 10 anos, do FUNDEF). Também amplia o número de alunos beneficiados e prevê aumentos gradativos do montante de recursos a ser complementado pela União em cada ano de implantação do Fundo. Se o FUNDEF significou um salto qualitativo na educação brasileira, o FUNDEB representa seu aperfeiçoamento. É lógico que ainda há problemas na definição (a ser regulamentada por Medida Provisória) do valor mínimo nacional por aluno/ano e seus coeficientes (já que no FUNDEB aumentaram o número de faixas de alunos/modalidade de ensino. Mas, em compensação, já está clara a definição das contribuições de cada Estado e Município a partir da “cesta de impostos” de que se compõe o Fundo: passando dos 15% do FUNDEF, as contribuições aumentarão para 16,66% no primeiro ano, 18,33% no segundo e 20% a partir do terceiro ano, incluindo ainda o IPVA, o ITCMD e o ITR, que não faziam parte do fundo anterior. Tudo isso e mais os percentuais obrigatórios a serem aplicados pelos entes federativos como determina a LDBN significarão um aumento dos valores absolutos investidos em educação no Brasil.

Podemos começar a soltar foguetes? Acho que não.

O problema educacional brasileiro, modestamente a meu ver, não passa mais pela carência de financiamento em materialidade e infra-estrutura. O país pode chegar a investir até 5,1% de seu PIB no setor, em 2009, acima até dos 4,9% da média mundial (segundo o Unicef). Nosso problema, acredito, está no desprestígio da educação pública e do seu principal agente, o professor, além é claro, da alta concentração de renda na mão de certas parcelas da sociedade, que minimiza o capital cultural das famílias (por ser um conceito polêmico, será abordado mais à frente)

É verdade que o FUNDEB, no texto de sua regulamentação, pretende definir o que considera “efetivo exercício” do magistério, coisa de que nem o Conselho Nacional de Educação tem clareza e, a partir daí, orientar a política remuneratória dos professores. Existe mesmo até a proposta (sempre necessária e discutida, mas nunca efetivada) da criação de um Piso Salarial Nacional (não custa lembrar que 60% dos recursos do FUNDEB – tal como do antigo FUNDEF – são destinados à remuneração de professores). Embora não se fale ainda em valores (e dada a disparidade econômica entre os diversos estados brasileiros), fala-se numa possível regulamentação que aponte R$ 800, 00. Sabe-se que há localidades no Brasil que profissionais do ensino recebem muito menos do que isso. Mas me responda francamente: você acha justo que o salário de um professor da Educação Básica, área importantíssima para a melhoria e salvação do país – e não sou eu que digo isso, uma vez que não concordo, são jornalistas badalados e políticos a torto e a direito – acha justo, repito, que o salário-base desse profissional seja equivalente a dois salários mínimos? Volto ao tema na próxima edição.

Jean Scharlau

Aos indiozinhos do planeta Roxo (2a. parte)


Ao descer do ônibus, seu amigo corre até ele e o abraça. Curumim primeiro deixou-se abraçar pelo amigo e depois de alguns segundos correspondeu.

- O que foi, Curumim, não estás bem?

Curumim então perguntou:
- Urucum - era como chamava o amigo da cidade desde que o vira ficar todo vermelho depois de um dia de sol pescando no rio - porque as pessoas estão tão tristes e preocupadas, e porque têm tanta pressa?
Está para acontecer algo ruim?
- Não, não - riu o amigo - aqui as pessoas são assim mesmo.
- Não pode ser! Ninguém pode ser assim o tempo todo.
- Ah, não! Quando eles chegam em casa, à noite, e no domingo, às vezes não ficam assim.

Curumim calou-se, muito apreensivo e preocupado, pois sentiu um tirambaço na alma, sentiu-a doer, soube que estavam todos errados eisto deitou-lhe em cima um peso que pela segunda vez na vida sabia não poder carregar e do qual não se livraria. Não era o mesmo tipo de peso que sentira quando morreu sua grande amiga Guaibim. Tempos depois da morte de Guaibim o peso fora se dissolvendo com a mudança das luas e com os dias de sol e agora era só uma peneira cinza que oprimia o brilho de suas emoções mais felizes. Este novo peso, ele pressentia, não se dissolveria jamais.

O pai e a mãe de Urucum moravam com ele numa daquelas altas construções dos homens tristes. A casa deles pareceu-lhe muito grande, muito bonita, porém sentiu ali um desconforto que não sabia de onde ou porque. Quiseram que ficasse num quarto só para ele, mas Curumim não quis ficar sozinho e pediu para ficar no mesmo quarto com o amigo, que na segunda noite deu o jeito de instalar lá uma rede para ele. Naquele dia o menino perguntara se podia levar um vaso de folhagens que estava no corredor do prédio para dentro do quarto. Então compraram-lhe um. Pela manhã, enquanto Urucum ia à escola, Curumim carregava sua planta para o sol da janela do quarto, sentava-se ao lado e tocava sua flauta de bambu. Ao meio-dia e meia almoçavam juntos, e era um dos melhores momentos do dia.

Curumim não entendia direito como é que eles podiam comer sem ter pescado, caçado, ou colhido toda aquela comida que punham todos os dias à mesa, quer dizer, sem que eles nem nenhum dos seus vizinhos, ou qualquer pessoa das muitas a quem perguntou o tivesse feito. Curumim perguntou a várias pessoas daquela 'aldeia' de casas empilhadas e das 'aldeias' vizinhas, mas todos disseram que recebiam a comida por outras coisas que faziam, sem precisar caçar, pescar ou plantar. Curumim ficava imaginando que do lado de fora da cidade deveria haver muitas aldeias de pescadores, caçadores e cultivadores da terra trabalhando muitas vezes mais do que o normal, só para terem o que trocar com estes da cidade, que lhes davam então maravilhas em troca de tanta e tão boa comida. Mas que maravilhas seriam essas que valeriam tanto assim? Este era um dos mistérios do qual Curumim tentava desvendar-se enquanto tomava sol ao lado de sua planta, olhando a assustadora e enfumaçada paisagem do lado de fora do quarto do amigo. Urucum tentara diversas vezes explicar-lhe como as coisas funcionavam, mas essas tentativas deixaram em Curumim a impressão deque também seu amigo nada sabia. Por isto, por gentileza, Curumim não insistira mais em pedir-lhe explicações, que o outro parecia não ter mesmo, pois elas demonstravam tanta insegurança e dúvidas quanto suas próprias especulações.

Curumim, que nadava pelado todos os dias e a qualquer hora no rio Xaporu, não entendia nada daquela história de pegar ônibus, levar toalha e carteirinha, pagar mensalidade, entrar em fila, fazer exame médico para tomar banho num quadradinho de água clara mas fedorenta que ardia nos olhos. Curumim também não entendia porque em casa passavam tanto tempo olhando para aquela "tela" onde mostravam gente se matando e brigando e coisas sem sentido onde o que não era defaz-de-conta parecia mentira. Curumim passou a achar que nunca entenderia e que nunca quereria entender esse povo, pois quando entendesse é porque já estaria triste, irritado e enganado igual a eles, e isso o apavorava.

Curumim gostava muito do seu amigo Urucum e o melhor de toda a sua viagem foi um dia em que saíram para um parque, lugar com muitas árvores, onde tomou sorvete, coisa de que gostou muito, num dia que foi todo um belo dia, quando também viu o povo de Urucum se divertir (como o seu próprio povo) tocando música e dançando na rua, uma música com tambores e flautas e violões e cantos e danças e também outras delícias que não se vê, mas se ouve e se sente e imagina.

Urucum, o menino da cidade, não se cansava de tentar achar coisas e novidades para mostrar ao amigo do mato. Com a caminhada dos dias, porém, cada vez menos o fazia para convencê-lo das maravilhas de sua vida e mais para ver o que Curumim tinha a dizer a respeito, coisas que geralmente o surpreendiam e faziam pensar na própria vida, em como a vivia e imaginar como ainda a pretendia viver. Igual àquela vez em que comentou com Curumim as maravilhas do sistema hidráulico do banheiro, onde podiam fazer as necessidades confortavelmente sentado se não de cócoras, e depois disso a melhor higiene com um chuveirinho e não com folhas do mato. Curumim, interessadíssimo e impressionado com tanto conforto e aquática abundância, perguntou ao amigo:

- De onde vem tanta água, que jorra em todos esses lugares – cozinha, pia, chuveiro, banheira, chuveirinho, vaso?
- Vem do rio, disse-lhe Urucum.
- Oh! Disse Curumim. E para onde vai a água? Perguntou.
- Bom, também vai para o rio, disse Urucum.
- Outro rio? Perguntou o indiozinho.
- Não. O mesmo rio. Com cara misturada de espanto e nojo o pequeno índio perguntou:
- Vocês despejam o cocô e o xixi no rio de onde tiram água?!
Urucum, surpreso com a simplicidade do absurdo revelado mal conseguiu balbuciar que... sim...

Nota do autor.
- Pessoal (Quero fazer parecer que tenho mais de um leitor), eu poderia dizer aqui que a infante história continua na próxima quinzena, mas já escrevi isto na quinzena passada e alguns poucos que seguiram o texto até o intervalo não gostaram do recurso. Assim digo que talvez a continue na próxima quinzena, o que de forma nenhuma eu posso garantir. A história então ficaria sem fim? Absolutamente não, pois o final já foi apresentado no título – é o planeta Roxo (quem achar que o planeta Roxo no final é um saco, só pode ser um chato).

Grato pela leitura e até uma quinzena dessas, por aí.


Jean Scharlau publica em:
www.jeanscharlau.blogspot.com
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Conheça a TV Scharlau:
http://www.youtube.com/profile?user=jeanscharlau

Coluna do Jens

Catiripapos

Depois de um final de semana tumultuado, em que decidi manter-me incomunicável no recesso do lar a fim de meditar sobre os mistérios da existência (é mentira que estivesse escondendo-me de credores impacientes; e é menos verdade ainda que estou fugindo de um processo de reconhecimento de paternidade – são intrigas espalhadas por meus inimigos), na segunda-feira, após certificar-me de que nenhuma figura estranha rondava minha morada, senti tranqüilidade para retomar minhas tarefas cotidianas.
Liguei o computador, abri a caixa de email e lá estva o recado de RF, o editor satânico: “lembro que o fechamento do próximo número da RC é no dia 27”.
Ora, ora, ora...E eu sequer sabia que estava escalado para a próxima edição. Talvez ele houvesse me comunicado e eu tivesse deixado a mensagem passar despercebida. A pauta, qual seria a pauta? Vasculhei o email. Nada.
Como era dia 26 de março e tinha menos de 24 horas para escrever, não existia motivo para pânico.Isso em circunstâncias normais. Porém, em razão de excessos etílicos, verbais e emocionais vividos nos últimos dias, meu cérebro era um deserto de idéias. Não poderia voltar a falar mal do Marconi Leal, apesar do alto índice de leitura da crônica anterior (afinal, quem não gosta de gossips sobre os famosos?).
***
Em busca de auxílio, dirigi-me ao Bar do Nereu, reconhecidamente um reduto fértil em idéias inovadoras. Ciente da minha situação aflitiva, os colegas imediatamente prontificaram-se a ajudar, não sem antes dirigirem pesados epítetos à figura do editor da RC, em virtude do tempo exíguo para a elaboração da matéria.
Caloca, intelectual orgânico assumido, eternamente desempregado por, segundo sua avaliação, não encontrar uma ocupação digna do seu vasto conhecimento (de preferência cinco horas de labuta por dia e salário mensal na casa dos quatro dígitos, sendo que primeiro deve ser maior do que quatro), foi quem deu a idéia:
- Escreve sobre o presidente. Baixa o cacete no homem que manda no Brasil, vituperou ele, tomando o último gole da batida de coco que uma alma gentil, que sempre as há, colocara à sua disposição.
O pessoal não gostou muito. O presidente Lula ainda goza de grande conceito entre a freguesia, apesar dos seus novos “amigos de infância” (Collor, Geddel, Temer e Miguel Jorge, o homem dos banqueiros e dos Mesquita).
- Porra, no Lula não!, reclamou o Jorjão, quebra-galho, faz-tudo e contumaz barranqueador de éguas.
- Não é o Lula, imbecil, esclareceu o intelectual, sempre gentil e atencioso. Tô falando do Meirelles, o chefão.
- Quem?, indagou o Agenor, o garçom, abrindo mais uma Polar.
- O presidente do Banco Central, o Henrique Meirelles.
Interessado, pedi mais explicações - acompanhadas de mais uma batida de coco.
- É o seguinte, iniciou o Caloca: logo que assumiu, apareceram umas denúncias contra o Meirelles, lembram? O que o Lula fez? Deu-lhe status de ministro e os processos contra o cara desapareceram magicamente. Desde então, às vésperas de cada reunião do Copom (Conselho de Política Monetária, suas antas!) o Lula e o ministro da Fazenda dão declarações dizendo que os juros devem baixar com mais rapidez. E o que faz o Meirelles? Diminui apenas 0,25 pontos por puro desaforo. Só pra mostrar quem é que manda. E o que acontece? Nada.
- É, ninguém tem coragem de peitar o cara, concordou o Jorjão.
- É isso aí. Parece que se borram de medo do cara. Porra, se sou o Lula, chamo ele de cantinho lasco: e aí meu chapa, vai baixar essa porra ou não vai? Se ele disser que não, não quero nem saber, taco-lhe um catiripapo na orelha. Como não vai baixar, ô meu? Quem manda nessa porra sou eu! E dá-lhe catiripapo. Quero ver se não baixava. Em último caso, demissão sumária.
O bar inteiro aprovou a política de catiripapos preconizada pelo Caloca.
- Com essa cambada, só a relhaço, defendeu um gaúcho pilchado que havia se incorporado ao grupo.
Caloca voltou ao ataque:
- É esse negócio é muito esquisito. Tem treta aí. Afinal, quem manda no Meirelles? O Lula é que não é.
A pergunta ficou reverberando no ar enfumaçado do bar. Afinal quem manda no Meirelles?
Senti que o meu artigo já estava definido. Mais uma vez escapei pela tangente. Relativamente tranqüilo, pedi uma Polar. Foi quando o Jorjão, disse o que todos estavam pensando:
- O Bush, só pode ser o Bush.
O Caloca exasperou-se:
- FDP! Este é outro que tem que levar um catiripapo na orelha. Agenor, outra! - ordenou o irado intelectual. O garçom pensou em objetar que ele não tinha crédito na casa e nenhuma boa alma havia se oferecido para lhe pagar mais uma rodada. Porém, diante o olhar furibundo do freguês achou melhor não discutir.
O Meirelles que se cuide.
E o Bush também.

CLAQUE-TE!


Dossiê: Diretores (I)

Quentin Tarantino: o pai da violência e da exploitation contemporânea.
Por Roberto Queiroz

Outro dia desses, sentado em meu sofá velho, puído pelos anos, lendo uma Graphic Novel de Frank Miller, me fiz a seguinte pergunta: o que seria do mundo sem violência? E, principalmente – já que se trata de uma coluna sobre cinema – o que seria da sétima arte sem a violência? Essa é uma questão muito delicada que envolveria laudas e laudas de conhecimento.

No entanto, nos últimos anos um homem tem sido responsável por alterar o conceito que temos (e tivemos ao longo das décadas) a respeito da violência e suas múltiplas faces. Esse homem chama-se Quentin Tarantino, um simples gerente de vídeo-locadora que através de sua experiência como cinéfilo, aprendeu e muito a retratar a marginalidade e a maneira atroz como o ser humano pensa e age, transformando-se assim num exemplar vivo do gênero exploitation (onde barbárie e sexualidade andam de mãos a cada fotograma). Ao longo de sua carreira (curta, mas poderosa), nos apresentou os lados mais sórdidos da sociedade, muitas vezes escondidos em pequenos detalhes ou em roteiros simples, de fácil entendimento. Foi assim que começou em grande estilo nos trazendo um clima de angústia e apreensão onde um bando de desajustados, todos denominados por cores (Mr. Blue, Mr. White, etc), lutam entre si dentro de uma pequena garagem para repartir o fruto do roubo. Não há outro set senão aquele quadrilátero ermo, sufocante, devastador. É nele que os personagens se angustiarão e tramarão seus passos sórdidos.

Em Pulp Fiction: Tempo de Violência, Tarantino se divide entre três histórias que passeiam pela corrupção, a brutalidade e o desejo contido de expor o seu maquiavelismo (salvando, assim, a carreira de John Travolta que andava em baixa na época). Já em Jackie Brown, o jovem mestre do cult – pois é assim que gosto de me referir a ele – nos apresenta a sensual mulata Pam Grier como uma aeromoça que porta uma valise recheada de dólares que todos (mafiosos, policiais corruptos, informantes, traficantes) querem pôr as mãos. A mala funciona como a metonímia para a violência.
Eis então que Quentin, a fim de ousar mais em sua carreira, decide produzir o seu mais ambicioso projeto: Kill Bill. Uma verdadeira ode aos filmes de artes marciais, onde a loira fatal conhecida como the bride (a noiva), vai se vingando um por um, daquelas que tentaram matá-la no dia de seu casamento, fazendo dessa jornada um busca – em determinados momentos até espiritual – por redenção e paz. Kill é, na verdade, o sonho de um menino que se recusa a crescer. Um menino que via escondido dos pais os filmes de Bruce Lee e Sonny Chiba e desejava um dia poder realizar o seu filme de luta. E nesse ponto Kill Bill – podem acreditar! – é altamente eficaz. Atualmente, o diretor encontra-se a dias de estrear nos EUA sua mais nova produção ao lado de seu eterno parceiro Robert Rodriguez (para quem produziu A Balada do Pistoleiro e Um Drink para o Inferno e com quem co-dirigiu Sin City): Grind House, uma homenagem às antigas salas de cinema americanas especializadas em exibir filmes de baixo orçamento. E o diretor (aliás, diretores) promete de tudo: sangue jorrando, zumbis, psicopatas, falsos trailers (isso mesmo: trailers de filmes que não serão produzidos, apenas para ilustrar ainda mais o filme) numa combinação de dois médias-metragens que valem por uma megaprodução. Críticas à parte – pois muito se fala do excesso de brutalidade e de sangue nos seus filmes -, Tarantino veio para continuar o legado de diretores célebres como Sam Peckinpah, Sydney Pollack e Howard Hawks, que fizeram da violência uma expressão artística digna de respeito até entre os grandes criminosos da humanidade.

Muitos o comparam a Martin Scorcese (eu, particularmente, acho exagerado). No entanto, é inegável que a partir de fitas de vídeo mofadas (as antigas e quase extintas VHS) e muita paciência e vontade de aprender por conta própria, esse grande mestre do cult contemporâneo criou um espetáculo inigualável nos dias de hoje para aqueles, é claro, que possuem estômago forte e obsessão por adrenalina.

Sugestões de pauta, perguntas, dúvidas, acesse:
http://cave.zip.net
ou
http://claque-te.blogspot.com

Sacerdotisa e o Sexo Delicado


Assistindo uma entrevista na tv sobre sexo, comecei a pensar sobre algumas questões comportamentais, que me fizeram sentir o quão desigual ainda estamos na questão de gênero.

A escritora que era entrevistada dizia claramente: a mulher não deve transar no primeiro encontro, deve esperar pelo sexto encontro só pra então dar o tesourinho. Ouvi aquilo e fiquei triste, triste por ainda existir mulheres que se submetem ao sabor dos preconceitos, que se submetem a receitas pré-fábricadas de como se deve agir para prender a atenção de um homem, triste por saber que muitas outras mulheres assistiram essa entrevista e concordam em gênero, número e grau.

Pode ser que eu seja uma alma libertária, mas mesmo assim creio no poder da mulher sobre seu próprio corpo, sobre seus desejos e vontades, não vejo o sexo como algo pecaminoso, impuro e que se restringe única e exclusivamente de “couver” para um relacionamento. A sociedade Brasileira é extremamente machista, os homens classificam as mulheres em: as que são para casar e as que são para transar, pensando assim passam a vida toda “usando e abusando” da sexualidade de mulheres desprovidas de si mesmas, que iludidas pela paixão se entregam preocupando-se somente com a satisfação do outro e esquecendo-se do seu próprio prazer.

O dia em que as mulheres reconhecerem que são detentoras do seu próprio corpo, que podem se permitir sentir prazer sem ter que se submeter ao homem, com toda certeza sua auto-estima se elevará, deixará de sentir necessidade de auto-afirmação, de envolvimento sentimental sem sentido, e começará a observar novos valores na vida, novos objetivos como ser humano. Encontrará o sentido para coisas novas, tais como espiritualidade que não necessariamente exige religiosidade, saberá reconhecer o que a mídia impõe como verdade e o que é realidade, deixará de se auto-sabotar amorosamente, não mais seguirá tendências de moda e costume, reconhecerá que fisicamente falando ela é perfeita em todos os sentidos.

E a beleza da auto-aceitação fará com que ela brilhe em todos os âmbitos de sua vida, será elogiada, reconhecida e feliz.

Poesia de Lucas de Oliveira






PRA SER HUMANO

Enquanto a vergonha habitar em nós.
E o orgulho impedir um sorriso.
Nós habitaremos no orgulho sorrindo
Sendo sempre impedidos
Pela vergonha.

Enquanto formos mais fracos que a força obscura
E em nossos corações
Não se encontrar a Verdade.
A nossa fraqueza será mais forte que nós
E a nossa “verdade” será algo obscuro

Enquanto o sucesso alheio tirar nossa paz
E a inveja torturar nossas mentes
Tirar a paz alheia é tudo o que estará em nossas mentes.
Nosso prazer será torturar...

Enquanto a angustia causar a morte
Do valor do nascer do sol
E nossa imagem no espelho nos tirar o conforto
Enquanto naufragarmos no mar da futilidade
E uma etiqueta resumir nossas vidas.
Trocaremos o nascer do sol e a Vida
Por etiquetas, imagem e conforto.
Mas a futilidade, não causará a morte da angústia
Que nos resume a vida e nos tira o valor.

Enquanto o nossos viver for tão desumano
E nossa arrogância nos escravizar.
Viveremos pra sempre na escravidão ignorante
E assim, seremos humanos
.


Nascido e criado na cidade de Diadema SP, Luca Oliveira escreve desde os 12 anos, quando descobriu o poder transformador da leitura. Atualmente, trabalha como vendedor numa livraria.

Escreve para o fanzine CABARÈ! (
http://cabar5.blogspot.com), e colabora com o blog Arte Vital de Antônio Siqueira (http://arte.vital.zip.net)

Rodrigo Capella


Encontrar os amigos de escola e colocar a conversa em dia é sempre bom
e ainda desperta sentimentos únicos. Percebi isso, nessa semana, quando uma amiga, após uma incansável busca pela Internet, conseguiu reunir os amigos de colégio e marcou um encontro num barzinho perto da casa dela.

Dez pessoas sentadas frente a frente com o propósito de olhar fotos antigas, tecer comentários e resgatar histórias engraçadas da vida. Quando escondiam o apagador da professora era uma gritaria só, todos se divertiam. Quando corriam pelos corredores, era uma tremenda curtição. É, a vida nos proporciona momentos inesquecíveis, cabe a nós valorizá-los.

Essa história toda me fez lembrar do livro “Viver para contar”, autobiografia do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez, que se inicia com um recado ao leitor: “a vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la”. É, e é verdade. Logo nas primeiras páginas do livro, a mãe do autor pede para que ele a acompanhe até uma casa antiga, que seria vendida. Nesse momento, a cabeça do prêmio Nobel se assemelha a uma montanha russa, intercalando momentos reais e flash back, técnica consagrada no excelente e bem estruturado filme “Cidadão Kane”. É, é isso ai, o passado modela o futuro e dá os alicerces.

No livro, autor se lembra dos amigos de infância, dos professores, de quando iniciou no jornalismo ou ainda quando descobriu o que é sexo. “Viver para contar”, assim como “Cem anos de solidão”, outro clássico de Márquez, requer atenção. Lápis e bloco de anotação são necessários para guardar nomes, cenas e acontecimentos importantes. Muitas vezes não se sabe o que é real ou imaginário, tal como acontece no filme “Uma mente brilhante”.

Mas, essa era a intenção de Gabriel Garcia Márquez. Avida, para ser vivida com alegria, precisa ser compreendida em detalhes. Somente assim é que aproveitamos os momentos como se fossem único e planejamos cada segundo, colocando a criatividade em prática, seja ela subjetiva, concreta ou uma mescla.

Criatividade essa que nunca faltou ao escritor colombiano. Em“Viver para contar”, ele nos mostra como alguns fatos da vida se coincidem com a literatura. Seu avó, por exemplo, fabricava peixinho de ouro e no livro há um personagem que faz o mesmo tipo de trabalho. Além dessa criatividade acentuada, o que chamava a atenção em Marquez era a sua simplicidade e a cumplicidade com a literatura e com a própria vida: “nego-me a me transformar a literatura em espetáculo, detesto a televisão, os congressos literários, as conferências e a vida intelectual”

É, vida e literatura se misturam, vida e literatura são parceiras, são essenciais e oferecem, ao mesmo tempo, o combustível necessário para continuarmos vivendo: as recordações, repletas de esperanças e de melhores momentos. É isso ai, precisamos valorizar a vida e ter fôlego para contá-la aos filhos, netos, bisnetos e, quem sabe, tataranetos.

(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor do livro “Poesia não
vende”, que tem lançamento nacional no dia 03 de abril e traz
depoimentos de Ivan Lins, Bárbara Paz e Carlos Reichenbach, entre
outros.

Informações:
www.rodrigocapella.com.br

Silvio Vasconcelos




















Um dia, minha filha acordou-se assustada. Havia tido um pesadelo daqueles! Assustadoramente real. Porém, no final, eis que aparece uma galinha verde que lhe confirma tratar-se de uma ilusão.

Quero sonhar com galinhas verdes! Terei o direito de ter todos os pesadelos e acordar-me sorrindo.

Pesadelo 4:

Sonhei com o Papa!

- Santíssima bênção, Papa!
- Benedicto seja!
- Posso chamá-lo de Bento?
- Non!
- Posso chamá-lo de Papa Bento ?
- Non!
- Sua Santidade?
- Sim, meu filha!
- Sua santidade, me explique porquê que a igreja católica é contra o uso de preservativos e anti-concepcionais.
- Por que pode diminuir o pobreza do munda, minha filho!
- Mas isso seria maravilhoso!
- Non! Sem miséria non há riqueza para o Santa Igreja!
- Mas se Jesus soubesse que há como evitar a miséria e a propagação da AIDS ele seria a favor!
- Você vai ter que sonhar com Ele para saber...
- Sua Santidade, por que os padres não podem casar?
- Por que dá mais custo para pagar salário e sustentar família.
- E a vocação para a paternindade?
- Eles acham outras meninos para dar carinho!

Eis que aparece a galinha verde e acordo sorrindo.

Poesia di Bernardi


Se replantássemos,
o que de farto veríamos
surgir da terra suja?
O que brota de sementes ocultas é comparável a que?
As árvores obedecem a que tipo de argumento?
De um parto a outro.
Alegre, retumbante, folgo ao vê-los:
sai de um bicho
outro bicho.
O que sei do que é muito amplo começa aqui.
De um pato que sai de outro pato,
a tal versão luminosa, outra,
similar, para se mirar no mesmo espelho tosco.
De uma magnólia outra magnólia.
De onde vem
(e para onde vai?)
tudo isso que Deus termina?
Daqui, do meu estado de espírito encarnado
e do cerne lindo de romãs
surge algo parecido a uma rosa.
Posso, de redobrar coisas humanas.

A Musa Musical de Rodrigo Gerdulli



Tributo com T maiúsculo – Odair José
Por Rodrigo Gerdulli

O que mais gosto em arte é sua imortalidade. Em música, sobretudo, esporadicamente algum artista das antigas têm sua obra revista. Aconteceu com Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Tim Mais e Jorge Ben, redescobertos anos depois. Até mesmo aqueles considerados, digamos, bizarros, como Ronnie Von e Reginaldo Rossi, têm suas boas pérolas agora cultuadas.
Porém, estes não foram os poucos privilegiados com um tributo. Ainda faltava um injustiçado. E o que dizer daquele que foi o maior fenômeno popular das classes C e D da década de 1970, odiado pelos elitistas? Sim, apesar de ter vendido em torno de 66 milhões de discos, só então em 2005 Odair José juntou-se ao seleto grupo dos artistas oficialmente considerados cults.
Dentro do que se rotula como cafona, o Velho Oda é quem tem a obra mais interessante e desconhecida. Suas músicas mantinham forte apelo popular, ao mesmo tempo em que abordavam temas-tabu para uma sociedade ainda reprimida pelo regime militar. Sua prosa contemporânea sofreu tanto com a ditadura quanto a construção de Chico Buarque.





O que rolava antigamente na música popular brasileira era o namoro no portão sob a luz do luar, daí ele veio falando de cama, de pílula, de prostituta, de empregada doméstica, porque essa era a realidade do Brasil. Por tal razão, tornou-se um artista polêmico e até mesmo censurado.
Enfim, dignamente o tributo Eu vou tirar você desse lugar não foi norteado por questões comerciais, mas estéticas. Isto é, participam artistas de várias tendências, como MPB, BRock, indie, mangue beat e lá vai cacetada. Ninguém quis ser brega no disco. Brincar com a área do verdadeiro Odair já seria um exagero. Todos deram uma assinatura muito forte nas músicas.
Falar em destaques do CD é uma coisa muito pessoal, fica a cargo de cada um. Portando, uma breve apresentação, faixa a faixa:

01. Vou tirar você desse lugar — Paulo Miklos
Miklos, acompanhado na guitarra por Rick Bonadio, delicia-nos nesta faixa com o melhor do rock and roll, tanto na letra quanto no instrumental.

02. Vida que não pára — Suzana Flag
A banda de Belém, que alterna vocais masculinos e femininos, faz a versão mais otimista da obra.

03. Uma lágrima — Pato Fu
Esta versão, que é o primeiro compacto do Oda, caberia perfeitamente no álbum Toda cura para todo o mal, o último trabalho dos mineiros Uma delícia!

04. Eu queria ser John Lennon — Columbia
Uma vez perguntado por que ele queria ser John Lennon, mas no final cantava “Linda McCartney, eu quero o seu amor”, Odair respondeu: “E por acaso você acha que eu iria preferir o da Yoko?”
Enfim, a letra pra lá de sensata foi apreciada com uma doçura no ponto pelos vocais da carioca Fernanda Marques.

05. Ela voltou diferente — Mombojó
Tristíssima, porém com sutileza, esta música de corno nos arranca lágrimas.

06. Eu, você e a praça — Zeca Baleiro
Super fiel. Será que o Zeca queria ser brega?

07. Deixe essa vergonha de lado — Mundo Livre S/A
Se Arnaldo Antunes tivesse sido convidado para o tributo, eis o que ele faria. Letra recitada sob uma base eletrônica de outro mundo. O mais estranho é que ficou muito bom!

08. Foi tudo culpa do amor — Suíte Super Luxo
O dueto masculino e feminino chega a sugerir, meio que sem querer, as discussões de Odair José com sua ex-esposa Diana. Ótimo trabalho da banda brasiliense.

09. Nunca mais — Shakemakers
Uma faixa que destoa um pouco das demais, mas não por ser fundamental. Se é que me entendem...

10. E ninguém liga pra mim — Leela
Letra "down", clima pesado e Bianca Jhordão. Boa combinação.

11. Cadê você? — Sufrágio
Os paulistas do Sufrágio não decepcionaram e este clássico ganhou um Q oitentista.

12. Esta noite você vai ter que ser minha — Picassos Falsos
Uma versão em que Humberto Effe caprichou na delicadeza da melodia.

13. A maçã e a serpente — Poléxia
Talvez faltou aos curitibanos um pouco mais de convicção, mas não comprometeram.

14. A noite mais linda do mundo (a felicidade) — Jumbo Elektro
Empolgante! Estes sim vestiram a camisa e sacaram a canção.

15. Uma vida só (pare de tomar a pílula) — Arthur de Faria e Seu Conjunto
Uma introdução a la João Gilberto e um encerramento ao melhor estilo Hey Jude. Tudo a ver, não? Se for analisar pela originalidade, ficou bom...

16. Que saudade de você — Terminal Guadalupe
Dá até para imaginar Odair José emo. Interessante.

17. Vou contar de um a três — Volver
Agora, a banda brasiliense mostra como seria o Oda tocando na Jovem Guarda.

18. Cotidiano nº 3 — Los Pirata
Muito bom humor e muito portunhol. Cosa lindia de diós!

Canto dos Versos, com Bruno Venâncio






Ô meu Brazi,
O que anda aconteceno co cê?
Tô ficano cabrero com essa história toda
Sabe,
Quiria proziá co cê,
Tê uma cunversa pra isclarece...
Pra entendê,
Essa zorra num é normal...
Tem vivente ruim pur aí vagano
E boa gente se trancano...
Cumé que dá pra vivê assim?
Tem criança cum fome
E tem home de gravata se esbaldano...
Já vi rico ficar mai rico...
Mai nóis...
Que sêmo pobre, nunca saimo dissu...
Num peço favor nenhum!
Nasci cum dois braço, duas perna e duas bola
Como quarqué home!
Eu só quero uma ispricação,
E ocê seja cabra macho de vim fala cumigo!
Quero sabê,
Senta aí e me exprica pronde vai o meu suor?
Se eu vivo pur ocê
Por que ocê me trata assim?
Ô meu Brazi...
Num faiz assim cumigo...
Sô um caboclo bão...
Honesto e Trabaiadô,
Mai pra ser bem sincero co senhor
Tô cansado de passa perrêngue...
Ô meu Brazi,
Num pensa ocê qeu eu desisti...
Sô home!
Sô de saco roxo!
Sô do povo heróico!
Sô verde e amarelo!
Mai tô tão magrelo...
Que tá ruim inté pra trabaia...
Mai meu Brazi...
Me exprica...
Pronde vai meu suor?
Se eu morro por ti pur que que é q me trata desse jeito?
Ora!
Tenha respeito!
Ô meu Brazi...
Faiz um favor pra minha pessoa,
Cuida de nóis,
Cuida deu...
Purque pra fala bem a verdade pro cê
Uma hora nói cansemo de veiz...
Aí eu quero só vê...

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