Friday, September 15, 2006

LANÇAMENTO

REAÇÃO CULTURAL – PRIMEIRA EDIÇÃO
SEMANA DE ONZE DE SETEMBRO 2006

Apresentação

Esquindô, ole-lê, ola-lá! Foi dada a largada, e cá estamos camaradas. Editorial e outros dez textos de gente boa, apenas, comentaristas da sociedade, cultura e política, comentaristas, salve, salve, paz e bem, parafraseando meu amigo M. Pirata.

Tudo começou com uma inocente postagem pedindo algo que eu, à época, não sabia que havia pela Internet. Ledo engano. Quando propus a criação de um ‘pasquim’satírico e bem humorado, realmente desconhecia sítios importantes, ou jornais independentes como O Torresmo, ou blogues dos que se criam a cada novo dia, como diz Jean em sua casa, como o próprio blogue em homenagem ao Pasquim, o oficial, linkado aqui. No entanto, acredito que, quanto mais nos empenharmos em nosso objetivo, mais chances temos de um sucesso, e a palavra ‘sucesso’ aqui é relativa. Pois bem, vejamos, o que procuramos criando um pasquim virtual?

Em primeiro lugar, liberdade de expressão, e em segundo, humor inteligente, que nos abra a mente para a variedade cultural do Brasil e do mundo, e que assim nos faça pensar e conhecer a humanidade melhor, como um todo. O objetivo é que todos encontrem no Reação um espaço para escrever, comentar e espalhar aquilo que a mídia, em sua massiva dominância, ainda não transmite. Cabe a nós, portanto, cidadãos brasileiros ou do mundo, viabilizar nossa própria expressão, ora essa. Cabe a nós, como diria Biafra, nos transformarmos na mídia das massas. Para tal, precisamos de leitores. Não só leitores, mas colaboradores. Aqui ninguém precisa entrar, ler e elogiar, não. É para contribuir mesmo, com comentários, com debates, com novos textos.

TEXTOS SERÃO ACEITOS CASO CORRESPONDAM AO NOSSO PADRÃO! LEITORES, MANIFESTEM-SE!

Poesias, crônicas, artigos, críticas, imagens, cartuns e charges e o que puder ser postado aqui (neste blogue provisório) e no sítio oficial, acreditem, será postado.

As atualizações dependerão dos colaboradores e da administração. Daqui de Miami, tenho uma administradora e uma pessoa que está, basicamente, aprendendo a fazer sítios internáuticos com nosso projeto. De malas, por que de graça ninguém faz nada, e se faz, é isso mesmo. Portanto, caso alguém tenha interesse em alavancar o projeto e patrocinar a parada, esse alguém sera muito benvindo. Por enquanto, fazemos o que podemos, e contamos com milhares de contatos, dos quais dezenas já responderam e aos poucos, vão se cadastrando oficialmente, para dar continuidade ao que intencionamos.

Enviar os emails ainda é um processo dificultoso. Quem deveria receber e não recebeu, reclame no email
admin@reacaocultural.com. Muitos voltaram, e a maioria voltou com a tentativa de enviar o pasquim completo, como faz Fritz Utzeri com seu Monblaat. Contudo, este mesmo está se digitalizando, e nós não poderiamos nem deveriamos fazer o trajeto inverso. Vamos mesmo apostar na Internet e em encartes com o Index e o resumo dos colunistas, para atrair a população leitora.

A primeira edição fechou com alguns textos a menos, mas a largada é assim mesmo, as coisas nem sempre saem de primeira como gostariamos. No entanto, sei de textos que já estão engatilhados, e desesperadamente preciso de um cartunista colaborador. Urgentemente…

Comentários dos leitores via email, ou comentários bons daqui, receberao resposta e destaque especiais. Tentaremos fazer com que o colunista responda, caso contrário, o fará o editor que não edita, no caso, eu.

A circulação também depende de vocês. Acumulo contatos, profissionais e amadores, mas vocês podem ajudar repassando aos seus. Além disto, cada blogue que linka e destaca o Reação, traz uma dezena (mínimo) de leitores novos diários. Para pensar e contribuir…

Assim, é dada a largada e o lançamento do sítio está ainda previsto para a próxima edição… Este blogue é provisório, mas já é um canto para se iniciar. Afinal, todos precisamos começar de algum lugar. Adorei os textos enviados, e estou adorando a disponibilidade de dezenas de pessoas que eu não conheço verdadeiramente dando uma força. Daqui de Miami, saúdo a todos, parabenizo a todos, agradeço a todos pela paciência, e que venha o futuro, porque o presente se recheia de surpresas suficientes!

Abraxao a todos,

Roy Frenkiel

Thursday, September 14, 2006

Quem Somos



Somos um grupo de pessoas comuns dispersas pelos 5 continentes, que se preocupam com o mundo e gostam de comentá-lo livremente. Somos um grupo de especialistas em muitas coisas e em nada, e apenas queremos instigar reflexões sobre a variedade cultural e artística da lingua portuguesa em todo o planeta. Nós não somos homogênicos, nem temos interesses particulares. Por hora, não contamos com nenhum patrocínio, e todos os nossos colaboradores e colaboradoras apenas o fazem porque querem contribuir com uma onda pensamental que, unificada, poderá quiçá lograr se alastrar pelas ondas globais da virtualidade e transcender ao plano real.

Nascemos de uma conversa no blogue Os Intensos, que mudou de nome e foi atualizado por seu autor, Roy Frenkiel. Em uma de suas postagens em meados do ano passado, levantou a sugestão da criação de um Pasquim virtual, e apesar de já haverem muitos, o grupo de leitores em intercâmbio resolveu se unir e criar o Reação Cultural em Setembro, dia 11 de 2006.

Procuramos apenas dizer que as culturas, apesar de diversas, têm algo em comum, e sobre o que temos em comum discursamos para entender que a humanidade, como um todo, especialmente em épocas de globalização frenética, também pode se unir por um mundo melhor. O objetivo da arte é causar uma reação imediata ao público, que com os sentimentos instigados pode reagir concretamente na percepção de seu mundo, e realizar atitudes positivas para torná-lo mais rico. Nesses tempos de guerras, politica separada da sociedade, decadência ambiental; nesses tempos caóticos de um mundo caótico, nós apenas queremos que o público reaja, porque acreditamos não existir nada pior do que a apatia e a impotência de um indivíduo, para formar nações saudáveis, justas e niveladas. Reaja conosco!

Editorial






Caros e caras, a fita é cara mesmo, nada barata. Pensei que montar um periódico com dez a quinze esritores seria uma baba, saliva, como diria meu guru. Não é! É ainda menos quando a relação editor/escritor se dá apenas pelas vias eletrônicas da Rede. Sim, porque foi através da Rede que conheci os aqui presentes, sagazes, fugazes, capazes profissionais da arte da comunicação e, quando eu falo em profissionalismo, falo mais em experiência, sensibilidade e prática do que em ganhar tutu em nome das letras. Para ganhar tutu, mesmo, atualmente, em nome das letras, há de se usar as letras para desenhar uma bunda. Ou minto?

(Eis um exemplo ilustrativo: )


Pois bem, juntamo-nos, combinamos o que cada um escreveria e, percebendo como o projeto caminhava, decidi que o lançamento do REAÇÃO CULTURAL seria no dia Onze de Setembro. Cinco anos depois dos aviões destruirem as Torres Gêmeas, usariamos a Rede para causar uma espécie diferente de reação.Infelizmente, por coisas da vida, a principal sendo falta de tempo meio a compromissos sem fim com as particularidades de cada qual, envio esta composição, cuja peguei gosto de chamar por pasquim, apenas hoje.

Por que reação e não ação? Afinal, é conhecida a noção de que quem reage pensa menos do que quem age. Quem apenas reage depende sempre do que vem de fora para arrumar o que está dentro de si, nos âmagos dos pensamentos secretos, muitos deles secretos até para quem os pensa sem saber. Logo, reação por quê?

Bem como aos aviões a penetrar às Torres Gêmeas em Nova Iorque, bem como aos ataques do PCC, bem como à guerra no Iraque dos Estados Unidos e ao conflito no Líbano com Israel, o desejo para este ‘jornal sem notícias’ é de que as pessoas reajam ao aqui ponderado como reagem aos demais grandiosos eventos das humanidades segregadas. D’xá eu xplicá mió:

Nós precisamos reagir sim! Unidos pela cultura, por que não? Alguém já tentou, em pleno século XXI, era da informática antes de passar pela era da alfabetização? Muitos tentam, rede adentro, imprensa afora, mas se o povo não reage às ações de quem tem tempo demais nas mãos para ponderar qualquer atrocidade, ou se o povo reage com o medo esperado, com a alienação desejada, com o desespero tão bem quisto, ora pois, diria o amigo luso ou amiga lusa, ora pois, o mundo finda sem nem mais quê. Se nós não acordamos, ninguém acordará por nós. Se nós não cobramos dos nossos políticos o que apenas lhes cabe por profissão e por serem nossos serviçais oficiais, ninguém os cobrará. Haverá apenas uma avalanche de cpi’s fiscalizando cpi’s, e uma nova Xuxa à televisão, para que o cidadão adormeça tranquilo, nas vistas das pernocas da fofuxa.

Reação Cultural, nós pedimos, que venha das culturas, variadas, diversificadas, multilaterais e faciais, coloridas e ricas e múltiplas e flexiveis por esse mundão que a Rede alança, em nome dos poucos leitores cadastrados e dos muitos ainda clandestinos. Reação Cultural, imploramos. E para não ficar apenas implorando ao relento, decidimos algo fazer a respeito. Pode não ser muito, mas é o que podemos, no momento.

Por preguiça pura, ou que se entenda a falta de tempo, ou que se interprete por inspiração do Pasquim original (criado às épocas da Ditadura pela patota de Ziraldo, Jaguar, Millôr Fernandes, Henfil, e muitos, muitos outros feras totais da arte e cultura brasileiras), não editarei nossos escritores. Eles que se editem, ora essa. Nem eu pago para que escrevam, nem eles me pagam para que edite. Assim que, responsa deles, problema deles, o meu é que as colunas fiquem bonitinhas, a arte perfeitinha, as letras grandinhas o suficiente e que não haja muitinhos diminutivos em questão, algo que eu odeiozinho ter de ler.

Comuniquem-se conosco! Você é a alma dessa reação. Só um pormenor. Caso queiram conosco se comunicar, o façam por risco próprio. A única garantia que eu tenho é que todas as cartas serão respondidas (ou espero poder garantir coisa tal, né? Não sou nenhum deus pra saber o futuro, tenha santa paciência), e que caso seja eu o contestador, responderei com graça e delicadeza. No entanto, e esta também saiu por mais uma inspiração descarada do Pasquim 21, (2002-2004), caso conteste o camarada designado a me ajudar com as respostas, só espero que o leitor ou leitora entendam que mãe tem duas, uma em casa, outra no Reação Cultural.

Bom proveito, forte abrax

De seu editor que não edita,

Roy Frenkiel

Para receber informações sobre o novo sitio em construção, escreva para:
admin@reacaocultural.com

Se você quiser fazer parte oficial de nossa família, mande uma mensagem com seu nome, idade, localidade e profissão!

Jean Scharlau

Muitos lugares, um povo



Assumi com o Roy o compromisso de escrever algo para a inauguração do Reação Cultural - compromisso que é um prazer e uma honra - e fiquei pensando cá com os botões do teclado que sua lista de assinantes deve ter um bom pessoal morando fora do Brasil. Hoje assisti de novo, agora na tv, "Diários de motocicleta", em que numa cena Che Guevara, no dia do seu aniversário de 24 anos, faz um anúncio, uma saudação, uma conclamação e um brinde aos americanos, povo que é uma mesma etnia de múltipla mistura, do México à Patagônia, o faz pelo reconhecimento disto e à união daí conseqüente. Pensei então que podemos seguramente ampliar este conceito e aplicá-lo ao povo de todo o mundo, que é também uma só mistura da diversidade de todos.

Caso reconheçamos isto nos sentiremos mais próximos, nos afeiçoaremos mais à justiça, à paz, à harmoniosa e prazerosa convivência. É este um belo objetivo, com toda a beleza que é capaz de imaginar o coração humano, e os passos que fazem o caminho até ele firmam-se sempre na comunicação entre essa multitude diversa e una, que é o povo, um povo apenas, feito de muitos, que é todo o povo no mundo. Assim saúdo este piso de comunicação, colocado pelo Roy, na expectativa de estar reconhecendo o seu justo valor. Talvez seja possível, um dia, suprimirmos, banirmos do mundo a injustiça, o ódio, o crime, a indiferença, as guerras, a indústria de armamentos, como já foi erradicado o poder destruidor de muitas doenças que em outras épocas eram flagelos para este nosso povo no mundo – lepra, tuberculose, tétano, sífilis, pólio e tantas outras, como o nazismo e o stalinismo - doenças que fizeram imenso sofrimento e anteciparam o fim de centenas de milhões. Não temos a vacina contra a injustiça, portanto? a notícia de uma injustiça é urgente, pois é um alerta para que se a evite e combata, mas quando a vencemos, esta é notícia maior. A notícia de um risco imediato é a mais urgente e a notícia de um bem perene é a mais importante. A notícia de um mal que domina e se alastra peremente é igualmente importante.

Envio-lhes desta vez uma única notícia que é urgente e é importante, pelo mal que expõe. O homem que governa o Tocantins há 32 anos, o homem que colocou seu nome no hino de Tocantins e é novamente candidato a governador e favorito nas pesquisas, está sendo denunciado pelo filho, que diz ter exercido para o pai a gerência do que chama, aparentemente com conhecimento de causa, de “organização criminosa”. Por décadas!


O “dono” do Tocantins dominaria hoje uma rede de comunicações com mais de 20 jornais, rádios, TVs, possuiria em nome de capangas e filhos menores, trocentos imóveis, inclusive fazendas, empresas, inclusive uma de táxi aéreo e um vasto curral eleitoral. Porque esta é uma notícia urgente? Ora, porque o suposto canalha está prestes a ser eleito (e imunizado) governador. Porque há 32 anos o suspeito aumenta seu domínio e sua suposta gangue. É notícia importante porque mostra o mal que domina e se alastra pelos municípios e estados do Brasil desde sua “descoberta” e ainda mais depois da “revolução”, de 1° de abril, e da “redemocratização”, porque mostra que os bandidos inteligentíssimos infiltram-se e compram os cinco poderes da república - há 32 anos o elemento suspeito estaria roubando do povo e não houve imprensa, promotor, assembléia, câmara que o denunciasse, nem polícia que o investigasse – foi preciso que um dos bandidos da facção se arrependesse ou entrasse em guerra contra ele para a coisa aparecer. Esta notícia é importante porque nos mostra que quando os bandidos não brigam entre si “não há” bandidos. Confiram esta notícia aqui no jornal O Globo:

Deixo as boas notícias importantes, outras além da criação deste Reação Cultural, para outra vez, dada a urgência e importância desta notícia ruim que veio do Tocantins e que é o retrato de um Brasil velho e degenerado, que se não for combatido criará igualmente degenerado, ou talvez mais, o Brasil novo que estamos vendo crescer, junto conosco.


Mais do Meu, Aqui

Marconi Leal

11 DE SETEMBRO NO BRASIL

— Ih, olha aí Ernesto, olha aí, os terroristas lançaram um ataque em Nova York, meu Pai do céu!
— Que o quê, mulher! Esse filme eu já vi. Não é com o Van Damme?
— Van Damme nada, homem! Olha lá, é tudo real.
— “É Tudo Real”, isso mesmo. É com o Schwarzenegger.
— Homem, Deus eterno, você não tá vendo a televisão? Isso daí foi um “terroriste plóte”, olha ali na tela: “terroriste plóte”!
— Mulher, eu não entendo inglês. E, além do mais, eles mudam os títulos sempre. Se é “terrorist póste”...
— “Plóte”!
— Enfim, “póste”, “pórte”, se o nome é esse, eles vão traduzir por “O Pote Terrorista” ou “Folha de Alface no Parque”, alguma coisa assim...
— Ernesto, Ernesto, será impossível que nem uma vez na vida você ouve o que eu tô dizendo? Isso daí tá acontecendo agora, é ao vivo, Ernesto!
— Ha! ha! Essa é boa! Já vi esse tipo de explosão não sei quantas vezes, mulher. E, pra falar a verdade, essa daí não é nem tão bem-feita assim, viu? Olha lá: aquele foguinho ali é computação gráfica pura! Tu vai ver. Já, já entra o Chuck Norris e resolve essa parada toda com o “quiquebóxi” dele. Vai voar pedaço de terrorista pra tudo que é lado!
— Ai! Ai meu Deus do Céu! Outro avião, Ernesto! Explodiu outro avião!
— Iiiiih, que mal-feito! Já não se fazem mais filmes hollywoodianos como antigamente... Tu lembra de “A Ponte do Rio Kwai”? Aquilo sim era filme... Tinha interpretação, ação bem coordenada, roteiro afiado e, principalmente, legenda. Cadê a legenda desse negócio, hein, Marilda? Eu não to entendendo nada! Desliga o sap!
— Isso daí é a CNN, Ernesto! Pssss... Peraí! Eu tô tentando ouvir!
— Tem graça! E desde quando tu entende inglês, hein? Tu não domina nem o verbo “tóbi”, mulher...
— É “to be”, ignorante. E fique sabendo que, no ginásio, eu tive uma excelente professora de inglês, dona Natasha. Até americana ela era.
— Ué, e a América já havia sido descoberta naquele tempo?
— Muito engraçado, ha, ha, tô morrendo de rir... Agora faz silêncio, por favor, que eu quero ouvir a notí... Ai, não! Olha lá! Olha lá, o prédio tá caindo!
— Vê-se logo que o filme não é do Spielberg! Onde já se viu um prédio cair assim, todo inteirão? Que absurdo! Não dá pra assistir isso. Bota aí no Telecine, mulher!
— Ai, ai! O outro também! Lá se vão as Torres Gêmeas, Ernesto!
— Sei, sei. Vai cair Nova York toda, será que você não percebe? Mas aí, ligam pro Jackie Chan e ele resolve tudo com três ou quatro gritinhos. Agora, muda de canal que eu já tô entediado.
— É um desastre, Ernesto! A sociedade ocidental está em perigo! É o fim do mundo como nós o conhecemos! Um desastre! Um desastre!
— Sem dúvida. Um desastre! E não sei se é o fim do ocidente, mas pelo menos da arte cinematográfica produzida nele, ah, isso é! Dá cá o controle...
— Três mil mortes, Ernesto! Três mil! Meu Deus, onde será que o mundo vai parar? Que valores nós vamos legar aos nossos netos?
— Quanto a você, não sei. Mas eu vou fazer questão que eles assistam a filmes iranianos. Isso, me dá aqui o controle. Mas por que é que você está chorando, mulher? Era só um filme, meu Deus! Vem cá, vem. Ih, ó lá, tá passando aquela série que você gosta no Sony. Vamo ver?



Marconi Leal nasceu no Recife, a 30 de janeiro de 1975. Não por vontade própria, mas por puro esquecimento. No caso, esquecimento de sua mãe, que não tomou a pílula. Atualmente, reside em São Paulo, onde desenvolve o trabalho de redator, revisor e escritor, além de uma asma alérgica motivada pela poluição. É autor de "O Clube dos Sete", "Perigo no Sertão", "O País Sem Nome", entre outros.

Venus Contra-Ataca



Plutão da Cara
Por Camila Canali Doval

Estou aqui pensando em como Plutão deve estar se sentindo. Será que já assimilou o baque? Será que já se deu por conta de sua nova situação? Plutão deixou de ser planeta. As cartilhas de todas as escolas mudarão. Ou não mudarão, por falta de verba, e as crianças terão que riscar Plutão do sistema solar com seus próprios lápis por tempos infinitos. Nunca será esquecido. Nunca descansará em paz. Seu rebaixamento será sempre revivido a cada vez que a professora chamar a atenção dos alunos para este “detalhe”: risquem Plutão, queridos, pois Plutão já era. Pobre Plutão. Ainda lá, mas não o mesmo.


Existem, agora, dois caminhos para Plutão. O primeiro é conformar-se com seu novo status de planeta-anão. Afinal, o que importa o título? O cargo? O conceito? Você é o que você é e os astrofísicos podem mudar o quanto quiserem sua posição nas tabelas, porém sua essência... Sua essência não está ao alcance de nenhuma classificação. A não ser, é claro, que o que vem de fora atinja o que está dentro de tal forma que o big bang desloque irremediavelmente o centro de sua gravidade. Tem gente que é assim: um planeta em si mesmo, não se importam com o que dizem por aí, não precisam de ninguém.


Agora... E se Plutão optar pela REAÇÃO? E se ele achar que não é bem assim? Que nós, terráqueos, não temos o direito de fazer e desfazer da vida dele? Que ninguém, muito menos um mero ser humano, tem poder para apontar o dedo e dizer “ei, você não é planeta!” E se Plutão resolver que não gostou nenhum pouco dessa história de desclassificação, que ninguém é melhor que ninguém e que vai mostrar para a gente quem é que manda aqui? Ai ai ai. Ninguém segura um astro plutão da cara.


Embora Plutão possa “não estar nem aí” para o que se fala dele aqui na Terra, a nossa existência está correndo riscos sérios por causa da mudança. Plutão não é mais planeta! O que aprendemos, decoramos e aceitamos como verdade absoluta simplesmente foi desfeito. Todos os colegas que na aula chamamos de plutões, todos os desenhos que fizemos com escalas absurdas para ressaltar seu diminuto tamanho, todas as horas decorando a ordem do Universo para não bombar na prova... Acabou, não é mais. E a astrologia? O que será dos pobres coitados regidos por Plutão? Existe terapia para rebaixamento astral?


Ora... O que precisamos entender é que essa é a nossa chance. O povinho do planeta água pode dizer que tudo agora é culpa de Plutão. Batemos o carro? Plutão está fora de órbita. Fomos grosseiros? Plutão desequilibrou a Via Láctea. Traímos a pessoa amada? Plutão saiu do eixo. Deixamos um amigo de lado? Plutão anda girando ao contrário. Passamos por cima de um mendigo sem a menor piedade? Plutão caiu no buraco negro. Jogamos uma bomba no país vizinho? É Plutão, esse danado, que não nos deixa viver em paz. Plutão, Plutão, Plutão. É só botar a culpa em Plutão. Até chegar atrasado no trabalho é perdoável, já que Plutão anda botando tudo de ponta cabeça.


Bem, todas essas hipóteses são apenas hipóteses. Por enquanto, nada aconteceu. Se gente tem a triste mania de ouvir as coisas calados, de aceitar, de acatar, de se submeter, por que seria diferente com Plutão? Por que ele reagiria diante de uma injustiça, de uma agressão? Por que ele lutaria por direitos que talvez nem saiba que possui? Por que deixaria de engolir a humilhação e partiria para o contra-ataque? Por que costumamos exigir dos outros reações que nós mesmos nunca teremos? A gente não gosta das coisas como estão, mas não nos desviamos de nossa rota para mudá-las. Talvez, no máximo, para desviar. Falta REAÇÃO para todo mundo. Reação para votar, para amar, para criar. Reação para movimentar. Reação para inventar, para refazer, para desfazer, se for preciso. Reação para melhorar. Para não deixar como está. Qual o problema em mudar? Nenhum, se a mudança for para melhor. Se a mudança for para o bem. Se a mudança fizer sentido. Se a mudança não for de 6 por meia dúzia. Se a mudança não for simplesmente uma questão de nomenclatura. Ou de sigla...


Para mim, Plutão está lá no canto espacial dele, muito triste da vida, muito calado, muito cabisbaixo, não com a nova titulação, mas com o pouco caso que foi feito dele. Plutão deve estar se sentindo ainda menor do que insistem em dizer que ele é. Tanto tempo figurando nas lindas pinturas do sistema solar! Tanto tempo fazendo parte da nossa vida, da nossa história, do nosso Universo! Plutão deve estar com um beiço enorme, sem querer botar a cara no céu, contando estrelas e choramingando para seu velho amigo Caronte o quanto essa gente da Terra é ingrata e mesquinha. Usaram, usaram, usaram e agora jogam fora, sem nem pestanejar. Depois eles é que são pequenos. Depois eles é que são frios. Depois eles é que são estranhos demais para serem planetas.


É, Plutão...



Camila Canali Doval, provável escritora, futura mãe de pequenos Caios, moça de família de comercial de margarina, quase formada em Letras, blogueira de plantão, taurina em alto grau (vide defeitos do signo), 26 anos de idade, infinitos de sonhos, incansáveis de busca, repletos de vida. Uma mulher de sardas assumida, apaixonada e feliz até onde pode e, olha, pode muito.

Mais de mim, aqui

cami_dbr@yahoo.com.br

Prof Toni

O Onze
Por Antonio Carlos

Em 2001 estava numa sala de aula com alunos adolescentes, quando começaram a chegar as informações, confusas, do que acontecia em Nova Iorque.

Primeiro pelo celular e depois, nos intervalos, pela Internet.
Surpreendeu-me o ódio que aqueles alunos, todos de classe média alta, nutriam pelos EUA. Um nacionalismo reacionário os embalava, embora todos já tivessem visitado a Disney várias vezes em suas curtas existências.

A cada nova notícia de um avião se espatifando ou uma torre caindo, verdadeiras comemorações daqueles meninos aconteciam, como se fosse um gol num final de copa de mundo.
Isso me assustou. Imaginei que se aqueles moços e moças, aqui no Brasil, eram capazes daquilo do que será capaz um muçulmano que se sente agredido e ofendido por cada ação do imperialismo estadunidense contra o seu povo ou territórios.
Atônitos os comentaristas de TV, jornais, rádio, enfim todos os “opiniólogos” de plantão buscavam explicações para o inexplicável.
Víamos, ao vivo, o ressurgimento triunfante de um político medíocre, de inteligência limitada, mas com os bolsos cheios de petróleo (negócios de família, alguns falidos é certo) e fundamentalista cristão de primeira hora.

Com ele, o Bush Jr., embarcamos na onda da tal Guerra Preventiva.
Com ele vimos renascer o “destino manifesto”. Só faltava falar em terra prometida e defesa dos interesses planetários, como nos filmes tão em moda na época.
Daí para a ocupação do Afeganistão e do Iraque foi um pulo.

Também foi um marco para a mudança da opinião pública sobre o papel dos EUA no mundo, haja vista as dificuldades que encontram nas relações com a Europa, aliada de longa data.
Assim nasceu um novo período para a humanidade, num mundo unipolar – do ponto de vista militar – o xerife dá as cartas, diz o que é certo ou é errado, suborna a grande mídia e engendra planos mirabolantes de intervenções por todos os espaços do Planeta, com a vã justificativa de guerra preventiva ao terror.

Nasceu ali uma nova forma de combate, com o terrorismo se reinventando e levando pânico a todos os lugares do mundo, principalmente onde se encontram os aliados dos “ianques”.
Madri, Londres... Qual será o próximo alvo?














Antonio Carlos da Silva

Licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Docente desde 1993, é professor do CPV Vestibulares desde 2004. É autor do Material Didático de Atualidades para as turmas de Pré-Vestibular do CPV. Foi consultor do Portal Klickeducação.
Atuou junto ao Núcleo de Educação de Adultos da Faculdade de Educação da USP, elaborando material didático para os professores, lecionando para o Grupo de Alfabetização Solidária e prestando assessoria para Prefeituras e ONGs.


Arquitetura Social

Por Cristina Bondezan

Nos meus tempos de Faculdade eu gostava de pensar a arquitetura muito além do que simplesmente o casamento da técnica com a arte , ou o aprendizado dos estilos, ou ainda o exercício da percepção , do equilíbrio e da estética - pressentia mais, idealizava o cumprimento de uma função social.

Rejeitava o rótulo fácil que nos davam de seres especiais ou artistas criadores destinados a servir apenas a alta e abastada burguesia, detestava quando nos consideravam confeiteiros do bolo construtivo, o glacê, o superficial e para muitos , supérfluo. Era intragável a frescura para os conscientes da realidade brasileira pobre e carente .

Felizmente os tempos mudaram e a modernidade exige uma nova postura dos profissionais lançados ao mercado: no mínimo que estejam informados e sensibilizados com nossos problemas crônicos , não só agravados pelas dimensões físicas, continentais , mas predominantemente pela incompetência e falta de seriedade na política . Temos hoje a oportunidade de exercer a flexibilidade técnica tanto no desenvolvimento de projetos sofisticados como num trabalho social junto a população de baixa renda , bastando para isso que nossa principal matéria prima- a criatividade – esteja estimulada pela pesquisa , alicerçada pela informação, e apoiada pela tecnologia.

Vivemos num país com um déficit habitacional absoluto de 7,9 milhões de moradias , número que significa a quantidade de habitações que precisam ser construídas para que todos os brasileiros tenham moradia digna ( dados de 2004/ Sinduscom ).

E o que seria o acesso a uma moradia digna? Entre outras coisas, terrenos regularizados, pagos e com saneamento básico; Projetos economicamente viáveis e asseguradas as condições mínimas de salubridade, insolação, acessibilidade , conforto - e por que não? Com estética. O conceito de forma e função nunca foi tão atual, precisamos apenas do esforço de cada profissional e da mudança de paradigmas existentes no meio empresarial público ou privado, via de regra fundamentadas no lucro rápido e fácil em detrimento da qualidade de vida da população de baixa renda.

Cabe ao arquiteto, entre outras, a nobre missão de planejar o crescimento das cidades, as quais desde a década de 70 crescem num ritmo vertiginoso e desordenado sobretudo por conta do êxodo rural ininerrupto, conseqüência direta da falta de uma política de incentivo ao campo . O que assistimos cotidianamente e bem diante dos nossos narizes é o crescimento da cidade marginal e clandestina dentro da cidade legal; Barracos se amontoam nas áreas públicas não fiscalizadas , reforço indiscutível da violência, da fome, a agressão ao meio físico .

Desejosa de contribuir com meu país através do exercício profissional, juntei-me há três anos a um amigo,também arquiteto e idealista para juntos elaborarmos uma Cartilha da Construção... Um "BE-A-BÁ" direcionado à população menos informada , que constrói precariamente e na clandestinidade , com materiais de péssima qualidade e com vícios construtivos equivocados, herdados ou passados no “boca a boca” da informalidade.

A linguagem é pra lá de coloquial, nada técnica, bem humorada, ilustrada. São dicas construtivas para aqueles que cada vez mais são empurrados para bem longe da informação .

Esse trabalho voluntário e sem qualquer fim lucrativo foi distribuído em comunidades de bairros, em lojas de materiais de construção e também para alunos de engenharia e arquitetura. Nessa empreitada, cuja primeira edição com tiragem de 10.000 exemplares já está totalmente distribuída e conhecida em vários pontos do Brasil , contamos com a parceria do nosso Conselho profissional e do Rotary Club , sentimos que o objetivo precípuo foi alcançado, apesar de ainda ser uma gota no oceano das necessidades brasileiras .

Há muito a se fazer
.


Dicas da Cartilha

Na letra L temos laje e as dicas principais são :

- Procure comprar a laje numa empresa de bom nome na praça - nesse ramo, referências são muito importantes.

-Não se deixe enganar : Lajes do mesmo tipo não variam tanto de preço , pois ninguém faz milagres! Portanto, desconfie das muito baratas!

- Exija nota fiscal e manual de instruções para a montagem da laje. Não fique longe..acompanhe , tenha interesse !

-O fabricante é obrigado a ter um engenheiro ou arquiteto responsável pelo produto. Exija um documento chamado ART - que comprova o nome do profissional responsável e respectiva inscrição no Conselho de Engenharia e Arquitetura.

-As vigotas ( trilhos ) devem ter , no mínimo, 7cm de altura e a capa de concreto 4cm de espessura aplicada na laje umidecida.


Em outra parte da Cartilha damos Dicas sobre o projeto :

- Garagem para 1 carro deve ter , no mínimo, 2,50m de largura por 4,50m de comprimento.

- Se você colocar área de serviço e cozinha na frente da casa, terá menos corredor interno e maior aproveitamento do espaço.

-Os quartos devem estar voltados para o sol da manhã, se possível.

-As áreas molhadas ( banheiros, cozinha e área de serviço ) devem estar de preferência do mesmo lado da casa e o mais próximo uns dos outros - essa providência resulta em economia e facilita o escoamento do esgoto.


Dicas burocráticas : A "Papelada"

- Antes de comprar um terreno, exija a documentação : escritura ou contrato registrado s em cartório.

- Verifique , antes de fechar a compra, se não existem dívidas pendentes de água e esgoto sobre o terreno.

-Lembre-se : Se é sua primeira obra e tem no máximo 70,00m² de área, você não deverá pagar INSS .









Cristina Bondezan é arquiteta e urbanista. Nasceu e cresceu em São Paulo entre os italianos dos bairros do Cambucí e da Mooca. Exerceu cargos públicos na área de Planejamento Urbano, é docente do curso de "Design de Interiores "nas disciplinas : Projetos, Revestimentos , Gestão e Empreendedorismo. Seu escritório profissional situa-se na cidade de Marília, interior de SP . Um sonho : Ver o Brasil livre do parasitismo político . Um prazer : viver em amplitude e com olhos atentos...

Silvio Vasconcelos

Eleonor

O que seduzia em Eleonor não era a sua voz aveludada ou seu cruzar de pernas, que invariavelmente era em câmera lenta, quadro a quadro. Era algo mágico, um élan, um mistério.

Quando ela sorria, trazia ao ambiente a expectativa de sua graça. Um lampejo de seus dentes parava a cena e ficavam todos na ansiedade do que vem depois, um artilheiro frente ao gol pronto para marcar.

Eleonor era gentil, mas trazia em si a aura dos pedestais. A todos distribuía atenção e de todos merecia o desejo de servi-la.

Não, Eleonor não era aquele mulherão de revista. Era a proporção certa entre o real e o intocável. Uma delicadeza equilibrada sobre pernas bem torneadas. Seu quadril era o arcabouço de boas carnes, mas não ofuscava os contornos do conjunto. Seus seios, rijos e definidos mereciam seus decotes. Talvez fosse a magia de seus cabelos, levemente ondulados, com balanço suave como se tivesse recém saído do cabeleireiro.

Tinha olhos de um mel com chocolate, doces, hipnóticos e amendoados. Quando naturalmente piscavam eram cortinas que baixavam para novamente trazê-los ao palco e receber bis. Sua pele bronzeada em qualquer estação era de um veludo macio, um pêssego maduro a espera da primeira mordida.

Porém, de todos os seus atributos, nenhum competia com a sensibilidade e a energia que emanava em qualquer conversa, quando a sinergia que lhe transbordava delatava sua inteligência. Seu carisma atraía ouvidos, olhos e o silêncio que precede as vozes de quem nasceu para ser seguido.

Assim era Eleonor, cheia de luz, cheia de suspense. As mulheres da faculdade lhe prestavam total apreço e, em alguns casos, olhares de encantamento. Nunca foi de ser escolhida e, por isso, fazia suas opções.

Parava o trânsito literalmente. Na rua, nos corredores, homens quase ensandecidos a viam flutuar entre todas. Mulheres não se sentiam ameaçadas e procuravam estar sempre por perto para aparar os remanescentes.

Anos atrás, era menina e com outras brincava. De tanto gostar de Jade, por ela se encantou. Não sabia muito bem o que era e no que daria, mas sonhou noites inteiras tendo Jade em abraços até acordar-se em sobressalto ao beijá-la. Jade não se confirmou, como outras tantas que passaram, mas nem por isso se abalou. Entendeu perfeitamente quanto especial era e porque isso a só ela interessava.

Enquanto os homens, seus olhos perdiam-se nas suas formas e seus ouvidos embebiam-se em sua cândida e suave respiração, Eleonor vagava imune a tudo. Sabia dos suspiros e das fantasias que despertava, mas o que ninguém sabia era o que dentro de Eleonor a fazia vibrar. O fato de ser lésbica, não vinha ao caso e por isso não revelava.













Sílvio Vasconcellos, 44 anos, vive em Novo Hamburgo RS, Brasil e é administrador de empresas. Desde 2005 mantém dois blogs na Internet: Uni-verso In-verso e Contos & Encontros onde exprime sensações poéticas e textos que exploram os limites do ser humano, experimentando sentimentos em primeira pessoa ou descrevendo como um espião o desenrolar de seus personagens.

Canto dos Versos



ONZE. AINDA ONZE
Por Joaquim Santos









Onze. Dois paus alinhados fazem um número.
Onze. As pupilas fechadas nos olhos do gato por nós fitadas,
quando a luz é plena,
no olhar da serpente, na hora relâmpago
da mordida.


Da Mesquita soa a voz que, cantando, chama à oração.
Sob um céu sossegado, promete a paz,
na adoração apaixonada, rendida, a Alá.
Mesmo de pé, já nos curvamos por dentro, submissos,
porque Allah U akbar.

Da grandeza de Alá fala o espectáculo demoníaco de mais de 3000 vítimas num só dia de morticínio,
entretidas na inocência de trabalhar enquanto vivem.

A ferida ainda não fechou,
por isso, não existe ontem nem hoje.

O entulho vai caindo ainda fragorosamente,
a poalha vai assentando ainda nas avenidas em torno das Torres,
ainda está suspensa a nossa expectativa estupefacta após o primeiro impacto, após o segundo;
os passageiros que vão morrer ainda aguardam nas aerogares;
as perspectivas do que se passou na sintonia com as vítimas
correspondendo a milhões, no mundo, simultaneamente a pensar e a sofrer um mesmo «porquê?»
ainda não foram accionadas.

Na pele dos passageiros,
já em voo, vemos os que se erguem com as lâminas que nos paralisam de pânico e estupor,
a tomada brusca do cockpit,
a mudança de rumo.
Será um desvio típico, por dinheiro,
como chamada de atenção para algum povo invisível
na sua economia, na sua obscura e desprezível causa?

Os nossos corações batem agora tão descompassados.
Seca-se-nos a boca.
Cola-se-nos a língua como se fora papel.
Some-se-nos a saliva tão completamente como se no deserto sob o sol escaldante.
Humedecem-se-nos os olhos porque sentimos o perigo inapelável,
a intuição de todo o horror.

O avião segue agora nervoso, num voo atípico, quase errático, à procura de alguma coisa.

Agora empalidecemos ainda mais.

A pouco e pouco a Nova Iorque cresce para nós e, lá longe, divisam-se já os mais altos arranha-céus,
esplendendo em rebrilhos ao sol matinal,
visão mágica, atraente, mas maligna, mas horrível.
Enquanto a aeronave curva, descendo,
vemos lá longe crescendo mais e mais a silhueta das Torres Gémeas na promissora Manhatten,
agora há uma aceleração decidida e voamos ainda mais baixo.

Que tempo para rezar?
Que tempo para dizer adeus a quem tanto, mas tanto, amamos?
Agarramo-nos a qualquer coisa, à cadeira, às mãos ao lado que se entrelaçam nas nossas.
Esfria-se-nos o rosto, o corpo enrijece.
Num desespero impotente,
cruzamos os braços contra o peito.

Neste não saber nem de grito nem de silêncio,
suspendendo o respirar, mordo os lábios.
Pulverizar-nos-emos em fogo numa fracção de nada,
nem maldição nem bênção mora dentro de mim,
tudo se precipita,
os edifícios avançam para nós, agigantam-se,
os motores rugem num crescendo doido,
antecipo o estampido,
a explosão,
não fecharei os olhos.
abertos neste trânsito…
onde em paz e em fúria ranjo os dentes!

Somente alguns segundos,
Três, dois, u… akbar.

Há dias em que somos todos palestinianos, chechenos ou darfurianos.
Outros em que somos todos norte-americanos.

América, magoada, ainda pasma e ainda sofre.

A aldeia invadida teve as mulheres violadas e os homens passados ao fio da espada.
Mas não é ainda tempo de fazer desta frase uma coisa exclusivamente metafórica e nunca literal.
O tempo é de guerra quente, complexa,
travada por imãs sanguinários e por políticos anões.

A Potência que até aí nunca se interrogara
ou valorizara o que passa pela cabeça do homem africano, quanto mais médio-oriental,
que nunca se detivera sobre a língua e a mentalidade do persa, do árabe,
para quem ‘xiitas’ e ‘sunitas’ eram palavras tão esvaziadas de sentido como o resto do mundo para um texano,
menos importantes que o oil de cada dia,
descentrou-se e, a pouco e pouco, sai da letargia,
compreendendo o incompreensível:
«Por que nos odeiam?»

O mundo alargou-se para a Potência, como num parto ainda mais doloroso.
Entre a vingança e a perplexidade, entre a ilha de excepção sádica Guantanamo,
e o sangue que mana quotidiano na Mesopotâmia,
a política serve-se fria e mal-passada, hoje.

O suicídio é sinal de agónico fim.
O Fim é um menu apocalíptico.
A sociedade da Sharia está moribunda,
debate-se com a modernidade.
A modernidade está refém.


Yehoyaquim Santos


















Nasci numa terra litorânea portuguesa em pleno noroeste ibérico e, antes de olhar para o mundo, já ganhava raízes e apegos apaixonados a essa pequena parcela de mundo, sonhando em voar só com a força da vontade e sem motores, enquanto olhava um céu sempre povoado de aviões comerciais, pardais e outros pássaros num voo baixo ruidosamente invitativo.

Quando entrei para a Escola e aprendi as primeiras letras, logo fertilizei as folhas de papel com quanta imaginação me habitava. Depois cresci e aprendi que as folhas escritas é que me fertilizavam a mim e me pediam voz que as vivificasse num drama de alma lido. Por isso profetizei-me poeta e profeta num mundo onde o voo não se corte e os muros um a um se derrubem. Depois a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras do Porto, o ensino do Português, agora o mestrado em Literatura e Cultura Comparadas, mais tarde e sempre o texto com alma e sabor dentro.

A sátira e a verrina interessam-me mas só se perante violações da ética e do bem comum planetários: os interesses obesos corporativistas e exclusivistas globalizadores estão a entediar o mundo de injustiça crassa e é preciso intervir, denunciar, alargar, de corpo e alma, a fronteira de bem-estar, desenvolvimento e portanto de pacificação das sociedades mais confltuosas. Cocktails Molotov? Só os de ideias feitos. A crónica e o poema são as únicas baionetas, os únicos mísseis admissíveis. Explosões suicidárias? Só se forem orgasmos, mas apenas por serem pequenas mortes em que nunca se deveria pequeno-morrer só, mas a sós, ele e ela, tu e ele, tu e ela, e é com tais armas e a esse combate que vou, é a ele que me associo aqui, no Pasquim.

Pela mahatma-ghandização do mundo e, portanto, também pela sua urgente desbushização cowboyesca!


Joaquim Santos

Crónicas da vida de casado.




Por Luis Miguel Luz



Presumo que todas as pessoas que aqui vão escrever comecem mais ou menos pelo mesmo, ou seja, que aceitaram este projecto porque isto e aquilo, que desejam que o mesmo tenha sucesso, que agradecem a oportunidade que lhes foi dada e o convite que lhes foi feito, etc, etc, etc. Como isso soa muito ao dia do meu casamento, não irei dizer nada disso. Aliás, nem sequer faço a mínima ideia da razão pela qual fui convidado. Ainda por cima sem receber nada. – diz-me a minha mulher, quando depois do jantar, lhe dei como desculpa que tinha que ir escrever isto, e por isso não a podia ajudar a arrumar a cozinha (não será possível isto deixar de ser quinzenal e passar a diário?).

O objectivo destas minhas crónicas é óbvio, safar-me o mais que puder da minha parte das tarefas domésticas, mas para além disso, tentar dar alguma dignidade à instituição que é o casamento: o sagrado matrimónio, a união pura entre duas pessoas que se amam e que decidiram partilhar o resto da sua vida um com o outro, e outras tretas que o padre disse, e que eu só ouvi quando vi o vídeo (na altura, estava mais interessado em olhar para o belo decote com que a minha mulher me presenteou nesse dia).

O facto da igreja levar tão a sério o ritual do casamento, e tentar por diversos meios condenar o seu término, sempre foi algo que a mim, ateu confesso, me fez impressão, mas bastou uma semana a viver em conjunto com a minha mulher para se fazer luz. Os padres não sabem o que é ter constantemente, uma mulher a gritar-lhe: qual é o sitio correcto para pôr a roupa suja; que afinal para lavar loiça deve-se usar detergente; que o papel higiénico não se renova automaticamente por artes mágicas (coisa que estranhamente sempre aconteceu e acontece na casa da minha mãe); que o sexo já não pode ser quando sentimos vontade, mas sim quando nos portamos bem (ou seja, quando passamos a mijar sentados, para não nos esquecermos de levantar e baixar o tampo da sanita). A única coisa que os padres têm que aturar das mulheres são as suas confissões, aquele blá blá blá constante. Infelizmente a minha mulher não é muito praticante, pelo que sou eu que tenho que apanhar todas as suas confissões e certificar-me que não me esqueço de ir abanando a cabeça enquanto penso no que aconteceu ao belo decote que ela tinha no dia em que nos casámos.

Bom, relendo o que escrevi, parece existir aqui algum contra-senso: Eu não estou arrependido de me ter casado. Já me encontro casado há mais de dez anos com a mesma mulher (o que faz de mim um bicho estranho perante grande parte da sociedade actual, principalmente quando assumo que gosto). Sempre que existe alguma mágoa sobre isso (quando por exemplo a minha sogra nos vem visitar por mais do que dois dias) penso sempre no dinheiro que ganhámos quando casámos, e se tal não resultar, pergunto à minha sogra, quantos quilos já ganhou desde a última vez em que nos vimos.

Encaro esta minha vida de casado como se de uma experiência se tratasse, e é essa minha experiência que irei tentar aqui transmitir, para que através dos meus amplos conhecimentos, mais homens aprendam a forma correcta de lidar com uma mulher: o momento certo para enrugar a testa quando elas nos falam de roupa; o esgar não demasiado intenso quando falam do preço das compras do supermercado; o ligeiro sorriso que devemos fazer quando nos perguntam se gostámos da comida que fizeram (e não a gargalhada sarcástica que tive a infelicidade de dar, da primeira vez que esta questão me foi colocada); etc.. Ou seja, se correr bem, irei tentar vender isto a uma editora e passar o resto da minha vida a dar seminários sobre como manter uma relação com uma mulher e gostar, sem se achar masoquista.

Os homens modernos têm que entender que as mulheres mudaram demasiado. Deixaram de considerar a cozinha como um território interdito aos homens e passaram a olhar para toda a casa dessa forma. A casa, para a qual todos os meses vemos descontar do nosso ordenado quantias que nos fazem chorar, não é nossa, é da nossa mulher. Nós somos apenas alguém que elas toleram. Nós homens, por outro lado, toleramos tudo isto convencidos que elas nos vão continuar a fornecer a razão pela qual nos casámos: Sexo. Mas mesmo em relação ao sexo, as coisas mudaram, o sexo agora é usado pelas mulheres, como arma. “Não arrumaste? Sofá.” “Não me ouviste? Sofá.” “Olhaste para a vizinha? Sofá.” O sofá é aliás, uma peça imprescindível na casa de qualquer casal moderno, por isso eis o meu primeiro, e talvez o mais importante conselho que deixo para todos os homens que se casaram ou juntaram recentemente, assim como para todos aqueles que o estão a pensar fazer em breve: Não poupem dinheiro na compra de um sofá-cama, escolham um com colchão ortopédico, confortável, que seja de fácil montagem e desmontagem, cujos lençóis não fiquem à mostra quando está em modo de sofá. Peçam ao vendedor uma demonstração, experimentem a sensação, invistam num sofá-cama de qualidade, de preferência que seja topo de gama. Lembrem-se que será nele que irão passar muitas noites a pensarem “O que raio é que eu fiz desta vez?”

Relendo novamente tudo o que escrevi, começo seriamente a ter dúvidas se irei convencer alguém de que realmente o casamento não é assim tão mau como isso.






Luis Miguel Luz, 38 anos, casado e pai de uma filha com 5 anos. Um gajo porreiro, bonito (de acordo com os actuais padrões de beleza patrocinados pela Fast-Food) que gosta de ouvir, tolerante e que, acima de tudo, nunca se cansa de realizar a sua parte das tarefas domésticas.....Pois...

O Povo e o Livro


A EX-ESTRANHA POESIA DE PAULO LEMINSKY
Por Halem Souza




as mãos que escrevem isto
um dia iam ser de sacerdote
transformando o pão e o vinho forte
na carne e sangue de Cristo

hoje transformam palavras
num misto entre o óbvio e o nunca visto”
Do poema Sacro Lavoro




Paulo Leminski (1944-1989) talvez tenha sido o mais importante poeta a mostrar, ainda que não de forma “militante”, como alguns concretistas, neo-concretistas e certos tributários de João Cabral de Melo Neto eram (e são) tão chatos. Numa época (1970-1980) em que poesia era sinônimo de hermetismo, de jogos verbais que faziam a cabeça apenas de professores universitários – e, portanto, excluíam os leitores pobres mortais – o artista polaco-curitibano trouxe de volta a alegria de ler um poema, com sua simplicidade invulgar.

Estive relendo o livro O ex-estranho (São Paulo: Iluminuras, 1996), organizado por Alice Ruiz e Áurea Leminski. Segundo Ruiz, os textos chegaram a ela num envelope, como “cópias ou versões de poemas já publicados, outros visivelmente inacabados e outros prontos”. Será preciso dizer que essa já deixou de ser uma poesia “estranha”, até mesmo para a academia e a crítica – não obstante ainda procurem onde encaixá-la?

Encontramos poemas nos quais o que importa é somente o verso lúdico, sonoro:

Qualquer coincidência
é mera semelhança
enquanto quixote pensa
sancho coça a sancha pança
Do poema Feliz coincidência


Em outros, por outro lado, como nos “debates filosóficos” dos pares antitéticos magro e gordo, azar e sorte, destino e acaso, para citar alguns, carregados de musicalidade e escolhas certeiras de palavras, o que vale é a carga semântica. Como neste, que encerra o livro

é simples, complicado, seja simplesmente
simples: não seja complicado
acha complicado ser simples?
simplesmente seja complicado

simplesmente? não é simples!
quem pensa assim simplesmente
não pensa assim por ser simples
pensa por não pensar simplesmente





Halem Souza (Quelemén)

Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sou "um hóspede do tempo"(Zélia Duncan).Mas enquanto não passo, vou contando e lendo histórias na biblioteca em que trabalho.

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FRANQUIAS CINEMATOGRÁFICAS: APOSTA DE SUCESSO OU RISCO MAL CALCULADO? Por Roberto de Queiroz




DURANTE MUITOS ANOS, IR AO CINEMA ERA O DIVERTIMENTO MAIS BARATO DO PAÍS. O SIMPLES FATO DE SE SAIR DE CASA COM TODA A FAMÍLIA PARA CURTIR UM FILME JÁ ERA, POR SI SÓ, MOTIVO DE DIVERSÃO. SE TOMARMOS COMO REFERÊNCIA AS DÉCADAS DE 70 E 80, QUANDO GRANDE PARTE DOS ÍCONES E HERÓIS CINEMATOGRÁFICOS FORAM CRIADOS, NUNCA SE FREQUENTOU TANTO CINEMA NO PAÍS. E UMA DAS FÓRMULAS DESSE SUCESSO TINHA UM NOME: CINEMA DE FRANQUIA. FORAM MILHARES (ROBOCOP, DE VOLTA PARA O FUTURO, INDIANA JONES, STAR WARS - QUE FOI RETOMADA RECENTEMENTE PELO DIRETOR GEORGE LUCAS -, HALLOWEEN, SEXTA-FEIRA 13, AHORA DO PESADELO, ENTRE TANTAS OUTRAS), E ELAS MOLDARAM GRANDE PARTE DA PERSONALIDADE E DITARAM MUITOS DOS COSTUMES DE QUEM AS ASSISTIU. QUEM VIVEU NO RIO DE JANEIRO NESSA ÉPOCA COM CERTEZA JÁ OUVIU A EXPRESSÃO "GERAÇÃO PAISSANDU", FORMADA POR PLATEÍAS GIGANTESCASQUE SE REUNIAM EM BOTAFOGO PARA ASSISTIR BOM CINEMA -DO QUAL FRANÇOIS TRUFFAUT, JEAN-LUC GODARD E LUISBUÑUEL ERAM OS MAESTROS PRINCIPAIS - E PROMOVIAM DEBATES INESQUECÍVEIS.

PARECE NOSTÁLGICO, NÃO É MESMO? INFELIZMENTE, NESSA ÚLTIMA DÉCADA ME PARECE QUE HOLLYWOOD TÊM ESQUECIDO DE TRABALHAR CORRETAMENTE ESSA RECEITA DE SUCESSO. OS CINEMAS ANDAM CAROS, AS PLATÉIAS ESCASSAS E OS FILMES- E, NESSE CASO, UM DESTAQUE MAIOR PARA AS FRANQUIAS -NÃO PARECEM PRODUZIR MAIS O MESMO FRENESI NOS ESPECTADORES. ASSIM COMO AS EMISSORAS DE TELEVISÃO TRANSFORMARAM OS 'REALITY SHOWS' NO PRODUTO MAIS COMERCIAL DA CONTEMPORANEIDADE, O CINEMA CRIOU TAMBÉMA SUA VÁLVULA DE ESCAPE. E ELA SE CHAMA EFEITOS ESPECIAIS. SE PEGARMOS, POR EXEMPLO, AS MAIS IMPORTANTES FRANQUIAS DO CINEMA ATUAL (HARRY POTTER, AS CRÔNICAS DE NÁRNIA, SIN CITY, FORA AS PRODUÇÕES DESTINADAS A SUPER-HERÓIS - AS PREFERIDAS DOS ADOLESCENTES FANÁTICOS) PERCEBEREMOS QUE O GRANDE APELO DE TODAS ESSAS PELÍCULAS ESTÁ NO LUXUOSO TRATAMENTO DADO AO ASPECTO VISUAL. A CRISE EM MEIO AO SINDICATO DOS ROTEIRISTAS É GRAVE. POUCOS SÃO OS NOMES QUE SE DESTACAM NUMA SEARA EM QUE ATORES TRABALHAREM NA FRENTE DE UMA TELA VERDE JÁ SE TORNOU MAIS DO QUE UMA REALIDADE. TORNOU-SE UMA NECESSIDADE.

LÓGICO QUE NÃO PODEMOS EXECRAR TODAS AS PRODUÇÕES DESSE FORMATO. VEJA O CASO DA TRILOGIA O SENHOR DOS ANÉIS, TRABALHO MUITO BEM CUIDADO E DEFINIDO DO DIRETOR PETER JACKSON (QUE, LOGO A SEGUIR, REPETIU AFÓRMULA NA SUA BRILHANTE REFILMAGEM DE KING KONG). PORÉM, ESSE É UM CASO ISOLADO. QUANDO SAÍMOS DO CINEMA DO QUE NOS LEMBRAMOS PRIMEIRAMENTE: DA ATUAÇÃO DE DETERMINADO ATOR OU ATRIZ OU DOS MAJESTOSOS EFEITOS ESPECIAIS DE DETERMINADA CENA? ESSE É A QUESTÃO QUE PRECISA SER DISCUTIDA POR DIRETORES, PRODUTORES E ROTEIRISTAS. ISSO SEM CONTAR UM OUTRO PONTO, TALVEZ O MAIS IMPORTANTE: ESSAS PRODUÇÕES CONSOMEM DINHEIRO EM DEMASIA, NEM SEMPRE SE PAGAM (DEIXANDO DÉFICITS QUE CUSTAM A SER APAGADOS POR SEUS RESPECTIVOS PATROCINADORES) E ACABAM COMPROMETENDO MUITAS VEZES PRODUÇÕES AMBICIOSAS DO CINEMA QUE PODERIAM FAZER UMA BELA TRAJETÓRIA NÃO SÓ JUNTO AO PÚBLICO COMO TAMBÉM NOS FESTIVAIS, POR CONTA DE SEUS ENXUTOS ORÇAMENTOS (O CASO MAIS RECENTE É A PRODUÇÃO ÉPICA DO CINEASTA BAZLUHMANN, DIRETOR DO MUSICAL MOULIN ROUGE, QUE E LECHAMA DE "E O VENTO LEVOU AUSTRALIANO", QUE POR CINCOANOS FICOU PARALISADA JUNTO AOS GRANDES ESTÚDIOS POR CONTA DO INVESTIMENTO EXCESSIVO NESSAS FRANQUIAS,MESMO TENDO OS ATORES HUGH JACKMAN E NICOLE KIDMAN).

EXISTE UM MODELO SALVADOR DESSA SITUAÇÃO? SE EXISTE, ESSE POBRE COLUNISTA NÃO O CONHECE. MAS UMA COISA É CERTA: A POSTURA DOS GESTORES DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA PRECISA SER MUDADA. É PRECISO MAIS EXIGÊNCIA DA PARTE DE QUEM AUTORIZA OS PROJETOS. E, PRINCIPALMENTE, É PRECISO ENTENDER QUE NEM TODOS QUE VÃO AO CINEMA ESTÃO ATRÁS DE BATMAN, SUPERMAN, X-MEN,HOMEM-ARANHA OU ALGUM PERSONAGEM DA LITERATURA FANTÁSTICA CHEIO DE PODERES E MISTÉRIOS. ÀS VEZES,"SER SIMPLES ACABA SENDO O MAIS COMPLICADO".





ROBERTO DE QUEIROZ

Carioca, 29 anos, morador da cidade maravilhosa,amante das mais inusitadas expressões artísticas (emparticular da sétima arte), do qual me considero umconfidente mordaz.

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