Thursday, September 14, 2006

Prof Toni

O Onze
Por Antonio Carlos

Em 2001 estava numa sala de aula com alunos adolescentes, quando começaram a chegar as informações, confusas, do que acontecia em Nova Iorque.

Primeiro pelo celular e depois, nos intervalos, pela Internet.
Surpreendeu-me o ódio que aqueles alunos, todos de classe média alta, nutriam pelos EUA. Um nacionalismo reacionário os embalava, embora todos já tivessem visitado a Disney várias vezes em suas curtas existências.

A cada nova notícia de um avião se espatifando ou uma torre caindo, verdadeiras comemorações daqueles meninos aconteciam, como se fosse um gol num final de copa de mundo.
Isso me assustou. Imaginei que se aqueles moços e moças, aqui no Brasil, eram capazes daquilo do que será capaz um muçulmano que se sente agredido e ofendido por cada ação do imperialismo estadunidense contra o seu povo ou territórios.
Atônitos os comentaristas de TV, jornais, rádio, enfim todos os “opiniólogos” de plantão buscavam explicações para o inexplicável.
Víamos, ao vivo, o ressurgimento triunfante de um político medíocre, de inteligência limitada, mas com os bolsos cheios de petróleo (negócios de família, alguns falidos é certo) e fundamentalista cristão de primeira hora.

Com ele, o Bush Jr., embarcamos na onda da tal Guerra Preventiva.
Com ele vimos renascer o “destino manifesto”. Só faltava falar em terra prometida e defesa dos interesses planetários, como nos filmes tão em moda na época.
Daí para a ocupação do Afeganistão e do Iraque foi um pulo.

Também foi um marco para a mudança da opinião pública sobre o papel dos EUA no mundo, haja vista as dificuldades que encontram nas relações com a Europa, aliada de longa data.
Assim nasceu um novo período para a humanidade, num mundo unipolar – do ponto de vista militar – o xerife dá as cartas, diz o que é certo ou é errado, suborna a grande mídia e engendra planos mirabolantes de intervenções por todos os espaços do Planeta, com a vã justificativa de guerra preventiva ao terror.

Nasceu ali uma nova forma de combate, com o terrorismo se reinventando e levando pânico a todos os lugares do mundo, principalmente onde se encontram os aliados dos “ianques”.
Madri, Londres... Qual será o próximo alvo?














Antonio Carlos da Silva

Licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Docente desde 1993, é professor do CPV Vestibulares desde 2004. É autor do Material Didático de Atualidades para as turmas de Pré-Vestibular do CPV. Foi consultor do Portal Klickeducação.
Atuou junto ao Núcleo de Educação de Adultos da Faculdade de Educação da USP, elaborando material didático para os professores, lecionando para o Grupo de Alfabetização Solidária e prestando assessoria para Prefeituras e ONGs.


1 comment:

Anonymous said...

Irã? Síria? Coréia do Norte? Cuba? Venezuela? São tantas opções para o Senhor da Guerra. E nós ficamos comovidos com o ataque do estudante na escola canadense. E o que o Bush faz no mundo, que é muito pior, parece não provocar indignação, ou provocando-a, não existe um movimento, uma aglutinação de pessoas contra este maluco. As poucas manifestações que se tem notícia não são impactantes, ou são abafadas pela mídia.

REAÇÃO, é disso que o mundo precisa.

Parabéns pela estréia, Toni!
Muito sucesso!
Abração!

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