Sunday, November 26, 2006

Editorial Sexta Quinzena

Caros leitores e leitoras reacionárias, aqui estamos com mais uma quinzena do Reação em módulo de expansão. Algumas coisas caminham mais rápido, outras mais devagar, mas todas caminham, e isso é o que mais nos importa. O número de visitas se estabilizou, e com um contador global (experimental, ele muda, porque nós também mudaremos o sítio do Blogspot logo, logo) podemos reparar que a maioria das visitas vem do Brasil, mas muitas vêm de Portugal e algumas dos Estados Unidos. Os demais países podem aparecer como engano, mas os que demonstram número crescente de visitantes, nos doam visitantes fixos, que vêm uma vez e voltam a re-ler o que o Reação traz de melhor.

Nessa quinzena, temos mais cultura e folclore e menos política, apesar de não podermos dispensá-la por óbvios motivos. Dei aos colaboradores um tema muito vago, e talvez esperasse que usassem o tema como bem entendessem, mas prometo ser menos vago das próximas vezes, ou melhor, me comprometo. Há uma frase de meu tio, querido mestre, médico psiquiatra, que sempre ilustrou melhor para mim o que significa a cultura no Brasil, assim compreendendo seu significado melhor, de modo geral. Dizia: ‘O Brasil não tem cultura, tem folclore.’

Claro que discordo, mas não do contexto em que a frase foi usada. A cultura existe no modo pacífico do brasileiro pensar, existe em sua música, em sua literatura e em seu cinema, existe em seus movimentos populares e em sua história. No entanto, por demérito de uma educação que ainda deixa muito a desejar, talvez o que meu tio quisesse dizer seja justamente na linha da cegueira causada pela falta de informação. No Brasil, uma massa cada vez maior se esquece da cultura, da história, das raízes e dos pensamentos, e se volta ao módulo básico de sobrevivência. As crendices então tomam o espaço das possibilidades escassas, e surgem os mitos, os folclores, as lendas contadas de geração em geração e repetidas como fossem reais, como tivessem acontecido com um amigo do amigo, com a vizinha da prima da tia do Mau-Mau, aquele ex-colega de trabalho do ex-colega de escola do primo de terceiro grau do papai.

Quando ouvi da campanha do Saci, quando em tempos de Halloween os brasileiros começam a celebrar o Dia das Bruxas, não sabia se ria ou se chorava. Já ouvi de uma campanha que mudasse as expressões ‘tetra’ ou ‘penta’ campeonatos quando o time não os venceu consecutivamente, logo, nada mais me assusta por inútil. No entanto, será que a campanha faz algum sentido? Pensando cá com meus botões, imagino que o Dia das Bruxas nada tenha a ver com a cultura brasileira, nem seu folclore. Mas, em algum ponto do planeta, em terras irlandesas, escocesas, francesas e inglesas, o Dia das Bruxas tem uma conotação bastante cultural, baseada em crenças religiosas pagãs, passando por ritos e acontecimentos históricos que moldaram aquelas populações. Já o Saci Pererê não passa de uma lenda, um mito, que faz parte de nossa cultura, mas não pode representá-la só. Não acredito que haja alguma utilidade em desvincular a população da adoção cultural sem sentido de outras nações, fazendo com que se apeguem a folclores e mitos. Talvez fosse mais certo re-apresentar a esse povo nossa cultura, em todos seus aspectos, e acostumar a população a rebuscar em sua riqueza, seus novos ritos, mitos folclóricos e comemorações especiais.

Assim, nossos escritores abordaram o tema cada qual de seu modo especial, e quem não o abordou, contribui diretamente à expansão pensamental de nossa cultura em estilo próprio. Professor Toni começa falando sobre a consciência das diversidades raciais no Brasil, baseando-se em uma reportagem da revista esquerdista Caros Amigos. Halem de Souza, nosso crítico literário, está de volta com sua coluna, e trata justamente do uso nacionalista dos termos ‘cultura popular’ e ‘folclore’, e como se expressam em nossa literatura. Depois, filósofo Vinícius continua analisando o governo Lula em seu segundo mandato, e ninguém poderá detê-lo! Cristina Bondezan comenta a poluição visual e como esta nos impede uma melhor qualidade de vida urbana em sua coluna de Arquitetura Social. Nana de Freitas sobe as cortinas, abre sua boca e fala sobre nossa cultura folclórica... Ou seria nosso folclore cultural? Roberto de Queiróz explora a cultura popular como crítico cinematográfico, e impõe respeito dizendo: CLAQUE-TE! O que diabos aconteceu com as musas do cinema? Uma entrevista para lá de especial com uma banda que ainda pode – e muito! – dar o que falar. Os Beselhos, em entrevista interessantíssima de Rodrigo Gerdulli, no Toque do Toque, Gerdulli e a Musa Musical. Mais uma carta selecionada ao Correio Sentimental, vocês mulheres, leiam e vejam se se adequam ao perfil! André Toledo estréia sua coluna reflexiva no Reação. Geraldino Marrento, depois de muita encheção de saco, me convenceu a publicar sua saga. O faço, porque meu ouvido não é penico, e o Geraldino até que manda muito bem. Direto de sua trincheira, Jens volta a escrever para o Reação, e dessa vez explora um causo bizarro, ocorrido em suas terras, que alguém amigo de muitos alguéns lhe contou. E um pouco do meu gosto musical, explorando Minha Música, Música Minha, a compensar a ausência espantosa do Canto dos Versos.

Uma nova coluna destaca seletos COMENTÁRIOS da quinzena passada. Confira, comente e participe! Tentei e tentei, mas não foi dessa vez que o cartunista se reúne ao Reação. Só tenho a dizer que será, e que há gente bacana e interessada, disposta a dedicar seu tempo para enviar trabalhos personalizados, driblando a correria do dia a dia. Eu sei que vale esperar, e sou muito grato pela atenção e carinho dos manifestados. A coluna indígena também volta em breve!

Ademario, da terceira quinzena, está montando uma peça teatral, e recomendo que escrevam para entrar em sua lista de contatos à publicidade de suas peças e acontecimentos culturais. Um colunista sobre esporte e saúde também deve eventualmente se juntar a nós...

Mas, a promessa para as próximas quinzenas é ampliar meu público local em Miami, apresentando bandas de brasileiros imigrantes de um modo único, falando sobre suas vidas, suas lutas, sua música e seus planos ao futuro. Para quem conhece, são celebridades, mas para quem não conhece, ensinam a sobrevivência internacional da arte brasileira, e de sua força na sobrevivência do indivíduo imigrante.

PARTICIPEM, pessoal. Quanto mais sugestões, mais crescimento. Se me enviarem textos, poemas, quadrinhos, entrevistas, biografias... Tudo será aceito com gosto. Precisamos reagir individualmente por nossos grupos. O Reação para isso está. Obrigado a quem nele acredita, e pau na máquina!

Abrax a todos,
Roy Frenkiel
O Editor que não edita

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