Venus Contra-Ataca
Dor e Sede
Por Adriana Oliveira
Há muito tempo eu pensei, ser mulher é dor e sede... Frase antiga, meio dramática, meio melancólica, e de vez em quando ainda é um pensamento legítimo, infelizmente. Estando debruçada na questão feminina por afinidade e súbita determinação, tentei chegar a um entendimento do que é essa mulher diante detantas mudanças, há quem chame conquistas, de forma hipócrita e vingativa.
Exercer papéis que se alternam ao longo do dia, que escravizam e subjugam ainda, talvez mais. Uma colunista gosta de se dizer Amélia num dia e sadomasoquista dois dias depois, convicta de estar superando suas ascendentes em todos os aspectos e se realizando plenamente. O que não menciona é seu prozac matutino eo ansiolítico da noite, suas crescentes despesas com botox, silicone e maquiagem. Anfetamina e lingerie, crises de choro, ao ver a filha escondendo comida, e padecendo frio e fome para ser um modelo de mulher que a mídia vende adolescentes carentes e deslocadas, nesse terceiro milênio em que não sabem ondese estabelecer.
As realidades femininas são muitas, na China continuam mutilando os pés das meninas para torná-las valiosas no matrimônio ou na prostituição, aleijadas, quando sobrevivem à gangrena e aos maus tratos familiares. Na África ainda mutilam as meninas retirando-lhes os clitóris, e criou-se agora um novo mito,que a cura para a AIDS é fazer sexo com uma menina virgem, daí...
No Brasil oíndice de prostituição infantil é escandaloso e a falta de informação torna agravidez na adolescência um fenômeno cada dia mais atual, que só não perde para a prostituição da classe média alta, cujo ícone de sucesso é uma certa Bruna Surfistinha. Não sei dizer das mazelas que sofrem as pobres mulheres mulçumanas,ocultas por panos e lenços ou nos cômodos incômodos da casa, perdendo seus filhos e irmãos, sua história e seu futuro.
Eu tentei dizer que nesse universo do caleidoscópio macabro, onde o feminino do terceiro milênio se situa, ainda há muito por fazer, e muitos mitos a vencer para atingir uma liberdade verdadeira, que não se limite às fotografias dos álbuns e revistas, fotologs etcétera. Mas uma atitude que permita a mulher umverdadeiro espaço, além das exigências estéticas, profissionais e familiares,que superam em muito a possibilidade de uma realização legítima.
Sem anestesia, com sua palavra, sem maquiagem nem idealização.
Para Debater, escreva a ADMIN@REACAOCULTURAL.COM respondendo as perguntas abaixo:
O avanço social tem incluído a mulher como desejado?
O que devemos fazer para integrarmos melhor os sexos?
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