Silvio Vasconcelos
Noite de luz
Daqui de tua lixeira, onde remexo teu lixo incógnito, vejo tua janela aberta, vejo tua família ao redor de uma mesa farta, vejo luzes, enfeites vermelhos e dourados, vejo uma árvore mágica que pisca sobre enormes caixas com laços enormes e brilhantes.
Daqui de tua lixeira, recolho o que te resta, procuro algo que termine o tormento da fome que agride meu corpo e daqueles que lá em casa me esperam de braços abertos e olhos profundos.
Daqui de tua lixeira, onde sou transparente e tu não me vês, vou partir nessa noite de paz, nessa noite feliz para alguns e quem sabe levar um bocado de tua alegria e compartilhar em minha mesa com o meio panetone que aqui encontrei.
E lá na barranca do rio, vou chamar o menino que por lá passa, sem pai e sem amor, perdido entre a cola que lhe disfarça a fome e o desejo contido de ser acolhido para levá-lo a minha casa, sentá-lo junto de nós e celebrarmos nosso Natal em família.
Não terei tantos enfeites nem luzes que lampejam cores brilhantes, mas dividirei meu jantar humilde, quem sabe um pedaço de carne com meu irmão perdido, junto com minha família amada e trarei para junto de nós o verdadeiro espírito dessa noite de luz.
Sílvio Vasconcellos, 44 anos, vive em Novo Hamburgo RS, Brasil e é administrador de empresas. Desde 2005 mantém dois blogs na Internet: Uni-verso In-verso e Contos & Encontros onde exprime sensações poéticas e textos que exploram os limites do ser humano, experimentando sentimentos em primeira pessoa ou descrevendo como um espião o desenrolar de seus personagens.
Daqui de tua lixeira, onde remexo teu lixo incógnito, vejo tua janela aberta, vejo tua família ao redor de uma mesa farta, vejo luzes, enfeites vermelhos e dourados, vejo uma árvore mágica que pisca sobre enormes caixas com laços enormes e brilhantes.
Daqui de tua lixeira, recolho o que te resta, procuro algo que termine o tormento da fome que agride meu corpo e daqueles que lá em casa me esperam de braços abertos e olhos profundos.
Daqui de tua lixeira, onde sou transparente e tu não me vês, vou partir nessa noite de paz, nessa noite feliz para alguns e quem sabe levar um bocado de tua alegria e compartilhar em minha mesa com o meio panetone que aqui encontrei.
E lá na barranca do rio, vou chamar o menino que por lá passa, sem pai e sem amor, perdido entre a cola que lhe disfarça a fome e o desejo contido de ser acolhido para levá-lo a minha casa, sentá-lo junto de nós e celebrarmos nosso Natal em família.
Não terei tantos enfeites nem luzes que lampejam cores brilhantes, mas dividirei meu jantar humilde, quem sabe um pedaço de carne com meu irmão perdido, junto com minha família amada e trarei para junto de nós o verdadeiro espírito dessa noite de luz.
Sílvio Vasconcellos, 44 anos, vive em Novo Hamburgo RS, Brasil e é administrador de empresas. Desde 2005 mantém dois blogs na Internet: Uni-verso In-verso e Contos & Encontros onde exprime sensações poéticas e textos que exploram os limites do ser humano, experimentando sentimentos em primeira pessoa ou descrevendo como um espião o desenrolar de seus personagens.
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