Tuesday, December 26, 2006

Canto de Nana

ADEUS, ANO VELHO!
Por Nana de Freitas


Janeiro foi bom, mas custou a passar. Apesar das férias, três viagens, quatro churrascos e dois casamentos de amigos. Conheceu Júlio na Bahia e já nem se lembrava de Pedro quando se jogou nos braços de Ricardo.
Fevereiro começou com Ricardo, mas terminou com João Paulo. Entre os dois, veio o carnaval, assunto sobre o qual não podia mais falar, nem com um, nem com o outro. Antes da Semana Santa, no entanto, os encantos de Claudinho, que falava de música popular brasileira como se celebrasse uma missa, tamanho o respeito que nutria pelo assunto. Em algum ponto entre a Bossa Nova e a Tropicália, se enrolaram aos beijos e João Paulo virou passado. Remoto.
A sexta-feira santa foi de solidão e lágrimas, depois da discussão com Claudinho sobre a importância do samba rock na formação da identidade cultural contemporânea da classe média brasileira. E lá se foi Claudinho, sem dinheiro, sem nobreza, sem saber e, subitamente, sem o charme que trazia desde o início de março.
Aleluias no sábado pelo encontro com Bosco, que descia bêbado a rua da casa dela quando trombaram. Pediu desculpas e desmaiou, o coitado. Ela acudiu, cuidou, tratou, amou e sorveu. E devolveu à rua no início de maio, porque a fila anda, afinal, e Bosco bebia demais.
Às festas juninas compareceu com Jorge, Lúcio e “Júlio 2” (alcunha que o diferenciava do primeiro, o da Bahia), mas ela garantia que amava Carlos, com quem fizera um breve curso de fotografia ainda em maio. Mas Carlos foi para o Canadá estudar e as festas de junho eram para casais, com todo aquele frio e o romantismo da fogueira...
Dispensou Júlio 2 para curtir férias com Leozinho, na serra. Mas Leozinho detestou o frio, declinou do convite à caminhada e voltou mais cedo para casa, deixando a moça em companhia de Roger, o guia local - que não declinava de nada. Uma semana depois, Roger caminhava sozinho e ela voltava pra casa a fim de rever Carlos, que voltaria do Canadá. Mas não voltou. No lugar dele, veio Laurent, o “irmão” do intercâmbio – que fotografava e beijava ainda melhor que Carlos.
Laurent durou agosto inteiro e até o fim de setembro, mas perdeu o encanto justamente quando começou a domar o portugês e a se fazer entender.
Outubro teve Teco, Zé e Boi. Teve a Festa do 12 na histórica Ouro Preto e uma semana inteira sem aula nem trabalho. Ela encarou a maratona com bravura e chegou a novembro de compromisso com Henrique, com quem queria muito passar o Natal. Mas não deu. Já em dezembro, depois de uma briga, saiu na chuva, chorando, e conheceu Saulo, que a consolou e enxugou. Por essa e outras, Saulo ganhou um Natal ao lado dela, embora as intempéries sentimentais da moça não o tenham permitido chegar ao réveillon.
Nem 20h eram ainda e Bia já estava pronta para a festa e os fogos. Depois de repassar mentalmente todo o ano de 2006, queria fazer logo a contagem regressiva e começar 2007. Não agüentava mais ser sozinha. Aquele, sim, havia de ser o ano em que encontraria um amor...

3 comments:

Unknown said...

Amei Nana!!!! Mas a garota se chama Bia mesmo, ou será que é Polly? Me sinto assim há 2 anos. Dois longos anos de solidão....
Aliás, acho até que é o futuro-presente da humanidade.
Abçs

Anonymous said...

Grandioso texto! Mil parabens e beijos! E um P 2007!

RF

Anonymous said...

nana,

como tudo o que você escreve é delicioso, maravilhoso, perfeito. sinto muitas vezes nos seus textos o aravessamento de grandes vozes da nossa literatura como nava, drummond, lispector, prado (adélia), coralina (cora)... e infindáveis outras. e assim mesmo é o grande artista depois de beber nas melhores e mais puras fontes. sucesso sempre!!! saudades!!! beijos mil!!!

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