Editorial - Oitava Quinzena - Virada do Ano - 11 de Janeiro
O Reação Cultural chega à Oitava Quinzena e edição, com o pique repartido de fim de ano, mas que, pela quantidade de colaboradores atendendo à chamada, mesmo com toda a correria que justifica – e muito – a ausência de alguns outros magos e magas, demonstra que o pessoal segue acreditando na investida de formar, nas palavras de Jean Scharlau, um bom “blogue coletivo”. Xii… Se eu fosse um editor de verdade, editava esse primeiro parágrafo. Aliás, editava também as palavras que grudam, estaria mais ligado nos links que não linkam nada, e acertaria um formato que realmente fizesse sentido. Até corrigiria erros ortográficos e/ou gramaticais… No momento, contudo, preocupo-me com os colaboradores e colaboradoras fantásticas que temos, que se orgulham em colaborar, em expôr suas palavras e seus rostos com o nome do Reação.
Sinto que 2007 tende ser um ano de poucas calmarias… Não sei se é o momento, a idade, a maturidade que ainda me falta ou os aprendizados que colecionei em 2006, mas pressinto que, daqui em diante, a única possível calmaria é a calmaria que eu me crie, e à qual conseguirei me adaptar em sincronia às calmarias alheias. Nenhuma das retrospectivas pedidas aos jornais que permitem a publicação de minhas crônicas teve um teor positivo. Muito pelo contrário… A repetição, o crescimento da apatia, a continuação da barbárie das guerras, a neurose coletiva da qual não conseguimos, tantas vezes, escapar, todos esses fatores pesam na hora de dar um veredito ao ano que se passou. Qual, as conquistas individuais contam, e muito! Mas, talvez algo esteja mesmo errado em não se importar com o ‘amigo secreto’, com as festas sociais, com os vastos sorrisos (que de tanto sorrirem, alguns se falsificam no caminho) e os votos de feliz, feliz, feliz… Talvez, haja algo mesmo fora da ordem, na ordem pessimista que me toma as perspectivas.
No ano passado, Dezembro e Janeiro foram meses de virada, e 2006 em sua íntegra também. Cresci como pessoa, e ao mesmo tempo, pessoas pelas quais sou grato, me deram o mesmo apoio incondicional que recebo desde meu nascimento, e que em épocas se expressou melhor, outras pior, mas sempre esteve presente. Ao mesmo tempo, outros personagens importantes na sociedade que me aceita, da qual orgulhosamente participo cada vez mais ativo, aceitaram minha participação por primeira vez. Minhas frases e criações malucas jazem em páginas virtuais, e alguma repercussão existe de minhas palavras… Ainda não sei exatamente o quanto é bom ter minhas palavras lidas, porque ainda não sei se o efeito delas é o mesmo intencionado, e se elas fazem mesmo o sentido que, por hora, fazem para mim. Mas, conversando com muitos dos colaboradores e colaboradoras atuais do Reação, descobri que o anseio de praticamente todo escritor é o mesmo: Será que alguém nos lê? Será que alguém se importa? Será que temos mesmo o que dizer?
Pois, apenas quando somos lidos é que sabemos, de fato, se fazemos alguma diferença. E a diferença que procuramos, ou muitos procuram fazer, é a inspiradora, motivacional, progressista… Ou seja, que nos leiam e que se importem por novos fatos, novos sentimentos, novas perspectivas, mesmo que parte delas sejam mesmo pessimistas. Estudiosos da literatura entendem que a arte escrita tem mesmo esta possível prática, a de iluminar os passos frios da mente, e acolher o calor intrépido dos sentimentos. Motivar, eventualmente, ações e reações. Em 2007, prevejo ainda mais literatura no mundo, que reluta seu esquecimento. Prevejo novas idéias, perspectivas e compromissos com a sociedade, com o meio ambiente, com a política e com a cultura. Prevejo que não exista um descanso que não nos seja merecido, e que não exista a paz sem voz, que, segundo Falcão, não é paz, é medo. Que o sonho das pessoas que sonham com seus países em melhores situações, se concretize um pouco mais. Que o processo para um melhor futuro comece imediatamente…
As boas e as más notícias co-existem… Perdemos a Sivuca, recentemente, nesta semana também a James Brown, e outros nomes brilhantes da música tanto brasileira quanto internacional, em 2006. Uma parte das passadas gerações desaparece lentamente, e logo não restam muitos nomes dos autênticos anos revolucionários de 60 e 70. Todavia, o movimento musical independente e internacional, globalizado e virtualizado, tende a uma maior aproximação à qualidade antes vista nos anais da mídia. Isso se deve a uma mídia massificada cada vez menos massificada e mais acessível, uma revolução que, apesar de não ser nova em 2006, teve novas repercussões neste ano de revoluções cibernéticas e tecnológicas, mais amplas do que as de 2005, e a previsão é de que os avanços apenas aumentem. Claro, nem tudo é maravilhoso… Invenções que poderiam beneficiar toda a humanidade já foram inventadas, mas ainda fazemos parte do gado que circula entre os terrenos das grandes corporações. A boa notícia: É possível fazer diferente, só precisamos de união e um objetivo que, apesar de comum, não restrinja nosso individualismo.
Em 2006, novas batalhas foram traçadas em nome de avanços medicinais, e ao centro deste palco baila a campanha que pede pesquisas em células tronco embrionárias, não apenas 'adultas'. Por hora, a sociedade, em grande parte, ainda considera as pesquisas um tabu a não ser rompido. Mas, as indicações são boas… Se por um lado, há tantos rostos tristes pelas ruas, por outro, o murmúrio se intensifica, os pensamentos rompem barreiras, e as vozes se multiplicam em nome da liberdade que todo e cada ser humano merece apenas por viver e existir.
Não… Não é hora de perder a postura, não é hora de jogar o pano branco, não é hora de se resmungar e reclamar, e não é necessário festejar a banalidade e o falso moralismo: Festejemos e celebremos todos a oportunidade de viver um mundo em que haja o quê melhorar, se podemos, de fato, fazer algo a respeito disso. O Reação foi criado, de certo modo, para que mais pessoas possam ditar novas idéias ao que seriam essas citadas melhoras. E por mais que capengue ainda em formato, a cada mês, novas e mais pessoas nos reconhecem pelas vias internáuticas. Nada mal, amigos e amigas reacionários. Nada mal para um bom começo, que segue em 2007, e que visa apenas crescer, de preferência para cima.
Boa virada de ano a todos, e que a vida seja, de fato, melhor para a maioria,
Obrigado, em nome de todos os colaboradores e colaboradoras, a todos nossos leitores e leitoras, por darem sentido a nossa saga!
Aos abrax, até 2007!
Roy Frenkiel
O Editor que não edita
admin@reacaocultural.com
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