O Povo e o Livro
Retrospectiva – 2006
Por Halem de Souza
Roy Frenkiel, editor e mentor deste Reação Cultural, quando nos solicita alguma colaboração, não cabe titubear: escreve-se. E ele solicitou aos que por cá publicam uma espécie de retrospectiva. Pois bem, vamos a ela.
Em primeiro lugar, devo dizer que iniciei minha trajetória na blogosfera justamente neste ano de 2006. Ainda sou meio “verde” no negócio. Por isso, dividirei esta coluna em três seções: na primeira apresento os eventos que considerei significativos, relacionados a Literatura Brasileira durante o ano; a segunda, contém os dois livros que recomendo; por fim, a publicação que mereceu ser destacada no ano de 2006.
50 e 100 anos
Neste ano comemorou-se o cinqüentenário de publicação de Grande Sertão: Veredas. Pelo Brasil afora, quase não se falou de outra coisa no meio literário e nas Faculdades de Letras; afinal de contas, este é um dos mais importantes romances da Literatura universal. Houve seminários e mesas-redondas em quase todos os grandes centros urbanos e também em cidades menores. Cordisburgo, município mineiro onde nasceu Guimarães Rosa viveu dias intensos (que certamente se repetirão em 2008, no centenário de nascimento do autor). O ponto polêmico das comemorações talvez seja a seção dedicada ao livro, no Museu da Língua Portuguesa, a cargo da não menos polêmica Bia Lessa.
Outro cinqüentenário, menos badalado mas também importante, foi o da obra O Encontro Marcado, livro que influenciou não tanto o “estilo” de outros autores, mas a decisão de tornar-se escritor, adotada pela geração que leu o livro em anos posteriores. Confessional, autobiográfico O Encontro Marcado é o ponto mais alto na irregular carreira que teve Fernando Sabino.
Livro de viés também autobiográfico é O Amanuense Belmiro, cujo autor, Cyro dos Anjos completaria cem anos em 2006. Livro que não caiu nas graças do leitor médio (apesar de sua simplicidade), mas deu a Cyro dos Anjos o reconhecimento de grande escritor.
Duas obras de autores mineiros completam cinqüenta anos; um grande escritor mineiro é lembrado no centenário. É, Minas Gerais foi bem falada neste ano...
Dois livros fundamentais
Para quem gosta de refletir sobre Literatura e suas relações com a sociedade, a cultura, a escola e a política, não pode deixar de ler Texturas: sobre leituras e escritos, de Ana Maria Machado (Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001). Embora tenha sido publicado há 5 anos, só tive oportunidade de lê-lo em 2006. O maior mérito de Ana Maria Machado é conservar nos seu textos ensaísticos a mesma leveza da sua ficção. Livro fundamental.
Outro livro especial, descoberto este ano, foi Reflexões sobre os caminhos do livro, resultado de um esforça da UNESCO, e publicado no Brasil pela Editora Moderna, em 2003, organizado por Eduardo Portella. O livro conta com artigos de pessoas dos mais diversos países (o que garante uma visão culturalmente distinta ); entretanto, todos têm a mesma preocupação: entender qual será o papel e o lugar do livro, essa objeto fundador da civilização, nessa era globalizada e informatizada.
O livro do ano
Como pesquiso e trabalho faz tempo com Literatura-Infantil, para mim, a publicação do ano foi O livro dos sentidos (São Paulo, Editora Ática) do paulista Ricardo Azevedo. Sabendo como poucos se colocar na ótica da criança, Azevedo e dos poucos autores do gênero que não imbeciliza o leitor. Esse O livro dos sentidos é o resultado da reunião de livros anteriormente publicados na coleção Menino de orelha em pé. O autor, que também é ilustrador, ainda teve o cuidado de fazer referência a obra de artistas plásticos da estatura de Magritte, Picasso e Hockney, para falar da audição, da visão, do paladar, do olfato, do tato e da intuição, sem o menor traço de “pedagogismo” idiota. Simplesmente perfeito.
Roy Frenkiel, editor e mentor deste Reação Cultural, quando nos solicita alguma colaboração, não cabe titubear: escreve-se. E ele solicitou aos que por cá publicam uma espécie de retrospectiva. Pois bem, vamos a ela.
Em primeiro lugar, devo dizer que iniciei minha trajetória na blogosfera justamente neste ano de 2006. Ainda sou meio “verde” no negócio. Por isso, dividirei esta coluna em três seções: na primeira apresento os eventos que considerei significativos, relacionados a Literatura Brasileira durante o ano; a segunda, contém os dois livros que recomendo; por fim, a publicação que mereceu ser destacada no ano de 2006.
50 e 100 anos
Neste ano comemorou-se o cinqüentenário de publicação de Grande Sertão: Veredas. Pelo Brasil afora, quase não se falou de outra coisa no meio literário e nas Faculdades de Letras; afinal de contas, este é um dos mais importantes romances da Literatura universal. Houve seminários e mesas-redondas em quase todos os grandes centros urbanos e também em cidades menores. Cordisburgo, município mineiro onde nasceu Guimarães Rosa viveu dias intensos (que certamente se repetirão em 2008, no centenário de nascimento do autor). O ponto polêmico das comemorações talvez seja a seção dedicada ao livro, no Museu da Língua Portuguesa, a cargo da não menos polêmica Bia Lessa.
Outro cinqüentenário, menos badalado mas também importante, foi o da obra O Encontro Marcado, livro que influenciou não tanto o “estilo” de outros autores, mas a decisão de tornar-se escritor, adotada pela geração que leu o livro em anos posteriores. Confessional, autobiográfico O Encontro Marcado é o ponto mais alto na irregular carreira que teve Fernando Sabino.
Livro de viés também autobiográfico é O Amanuense Belmiro, cujo autor, Cyro dos Anjos completaria cem anos em 2006. Livro que não caiu nas graças do leitor médio (apesar de sua simplicidade), mas deu a Cyro dos Anjos o reconhecimento de grande escritor.
Duas obras de autores mineiros completam cinqüenta anos; um grande escritor mineiro é lembrado no centenário. É, Minas Gerais foi bem falada neste ano...
Dois livros fundamentais
Para quem gosta de refletir sobre Literatura e suas relações com a sociedade, a cultura, a escola e a política, não pode deixar de ler Texturas: sobre leituras e escritos, de Ana Maria Machado (Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001). Embora tenha sido publicado há 5 anos, só tive oportunidade de lê-lo em 2006. O maior mérito de Ana Maria Machado é conservar nos seu textos ensaísticos a mesma leveza da sua ficção. Livro fundamental.
Outro livro especial, descoberto este ano, foi Reflexões sobre os caminhos do livro, resultado de um esforça da UNESCO, e publicado no Brasil pela Editora Moderna, em 2003, organizado por Eduardo Portella. O livro conta com artigos de pessoas dos mais diversos países (o que garante uma visão culturalmente distinta ); entretanto, todos têm a mesma preocupação: entender qual será o papel e o lugar do livro, essa objeto fundador da civilização, nessa era globalizada e informatizada.
O livro do ano
Como pesquiso e trabalho faz tempo com Literatura-Infantil, para mim, a publicação do ano foi O livro dos sentidos (São Paulo, Editora Ática) do paulista Ricardo Azevedo. Sabendo como poucos se colocar na ótica da criança, Azevedo e dos poucos autores do gênero que não imbeciliza o leitor. Esse O livro dos sentidos é o resultado da reunião de livros anteriormente publicados na coleção Menino de orelha em pé. O autor, que também é ilustrador, ainda teve o cuidado de fazer referência a obra de artistas plásticos da estatura de Magritte, Picasso e Hockney, para falar da audição, da visão, do paladar, do olfato, do tato e da intuição, sem o menor traço de “pedagogismo” idiota. Simplesmente perfeito.
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