Arquitetura Social
“ Arquitetura social é aquela que se situa acima do nível individualista”.
Arquiteto Richard Neutra
Em clima de final de Ano, esperanças renovadas e balanço das realizações, sucessos e decepções, alguns conceitos e anseios na prática da arquitetura social no Brasil, menos como especialização profissional, mais como intenção e instrumento de planejamento social e organização, respeito e valorização do ser humano na comunidade, profissão- intenção levada a sério, ferramenta possível e passível de transformação...
Que... não só em 2007:
- possamos observar cada vez mais interesse e sensibilidade dos jovens arquitetos aos problemas brasileiros, sobretudo aqueles relacionados às obras de caráter social, como habitação, escolas e equipamentos de saúde.
- as verbas destinadas à viabilização dos projetos sociais cheguem a seu destino sem as “paradas obrigatórias” infelizmente reconhecidas como inevitáveis.
- aqueles que decidam ensinar, o façam por amor e idealismo, comprometimento, responsabilidade, esperança, interesse pelas nossas necessidades, limitações e possibilidades reais, que a universidade seja o grande celeiro da criação e produção de talentos.
- a relevância da arquitetura – sobretudo da arquitetura social – não resida apenas na sua beleza, no discurso político fácil ou modismo, mas na procura em ser útil à coletividade, no real benefício à sociedade.
- os projetos contratados para o consumidor de baixa renda – hoje ainda mais como objeto de lucro dos empreendedores menos como intenção ou responsabilidade social – sejam comprometidos com a organização espacial e ordenamento das funções e arranjos das necessidades e adaptados às condições de cada região, no mínimo.
- os projetos sociais relativos à saúde e educação contemplem soluções simples e eficazes, que contribuam para o bem estar psico-fisiológico das pessoas, e também promovam e estimulem a interação entre as diversas categorias de usuários e os servidores públicos .
- sejam promovidas parcerias inteligentes e bem intencionadas entre o poder público e a iniciativa privada em projetos sociais, envolvendo nomes de vulto da arquitetura, até como estímulo aos jovens profissionais, a exemplo do Arquiteto Ruy Ohtake e seu trabalho junto a uma favela de São Paulo, onde a construção de uma biblioteca – levando arte e educação aos jovens – foi tão impactante quanto a pintura da sua fachada, a qual lhe deu identidade e promoveu sua inclusão espacial, além da social.
- os dados de 2004 fornecidos pelo Sindicato da Construção Civil (Sinduscom), que nos mostram um déficit habitacional absoluto de 7,9 milhões de moradias no Basil seja dignamente alterado, diminuído e rechaçado.
- os arquitetos sejam cada vez mais contratados e valorizados pelos órgãos públicos – com salários compatíveis e, mais que isso, com respeito e autonomia para montarem as peças essenciais do planejamento urbano, as quais equilibram a qualidade de vida nas cidades, desestruturadas e despreparadas para acolher tantas vidas.
- nossos legisladores, no real cumprimento do dever e honrando seus indignos salários, promovam leis preventivas e facilitadoras da inclusão social via arquitetura, leis que estimulem e não burocratizem o crescimento sustentável desse país tão carente.
Bom, pessoal, é o mínimo que se pode desejar. A todos um grande próximo Ano. Ao editor que diz não editar, brilhante “patrão”, obrigada pelo importante espaço.
Até !
Cristina Bondezan
Cristina Bondezan é arquiteta e urbanista. Nasceu e cresceu em São Paulo entre os italianos dos bairros do Cambucí e da Mooca. Exerceu cargos públicos na área de Planejamento Urbano, é docente do curso de "Design de Interiores "nas disciplinas : Projetos, Revestimentos , Gestão e Empreendedorismo. Seu escritório profissional situa-se na cidade de Marília, interior de SP . Um sonho : Ver o Brasil livre do parasitismo político . Um prazer : viver em amplitude e com olhos atentos...
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