Toque de Toque - Gerdulli e a Musa Musical
Faça você mesmo
Por Rodrigo Gerdulli
Rãsh! É com prazer que vejo que o Reação Cultural está conquistando, mesmo tão logo, seu espaço. Após meu texto de estréia, algumas pessoas procuraram-me para comentar as idéias que apresentei. Confesso que não esperava e fiquei muito contente.
Esse contato com o público é fundamental, pois mostra que o projeto está sendo válido. Portanto, antes de apresentar-lhes novos artistas, que é um dos meus objetivos, gostaria de aproveitar de outra maneira esta oportunidade que me foi dada.
Conhecem o lema punk "do it yourself"? Não há nada mais louvável no meio artístico, sobretudo no musical, que o "faça você mesmo". Vou dar um exemplo, e acredito que os leitores que não moram nos grandes centros se identificarão. Sobretudo nas pequenas cidades, há uma grande massa que gosta de um mesmo estilo musical, normalmente o que está na moda. Da mesma forma, existem os excluídos, que ouvem outros sons e sempre reclamam da falta de um espaço alternativo, tampouco eventos que os agradem.
Aqui em Marília a situação é razoavelmente boa, mas já foi igual à que citei. Poucos anos atrás, não havia sequer um bar que satisfizesse as necessidades dos amantes de rock and roll, e as bandas ou tocavam em outras localidades ou bastavam-se aos ensaios e festas esporádicas. Em meio a esse cenário, um amigo, o Bart, teve a ótima idéia de fazer em sua casa um churrasco, convidar os mais chegados e botar duas bandas para tocar. Como era seu aniversário, batizou a festa de Bartstock, uma alusão ao Woodstock. Tempos depois, decidiu repetir a dose, mas com mais amigos e mais bandas. Criou-se, então, o Lollabartooza (já ouviram falar do Lollapalooza, né?), que se realizou em uma chácara e nasceu com pinta de festival. O Lolla, como também é chamado, atualmente ocorre todo semestre e a cada edição há mais pessoas interessadas em participar dele, seja prestigiando, seja tocando. São 24 horas ininterruptas de música e divertimento.
Após algumas edições e o reconhecimento do público, tornou-se louvável o fato de que começaram a ser formadas bandas com o objetivo principal de tocar no Lolla. A interação entre músicos — algo importantíssimo — e o espaço aberto para iniciantes e àqueles que não tem oportunidade de mostrar seu trabalho em locais convencionais também são pontos positivos desse tipo atitude.
Minha intenção ao contar sobre tal festival é mostrar que de nada adianta reclamar sobre algo estando acomodado. Se você sente falta de qualquer coisa, como saraus de poesia e clubes de cinema, por exemplo, drible as dificuldades e organize um. Se onde você mora aparentemente não existe ninguém que se interesse pelo assunto, não tem importância, organize sozinho, divulgue e surpreenda-se. Talvez o sucesso não seja imediato — o próprio Lolla levou algumas edições para chegar ao que é hoje —, mas não desista. Garanto que com o passar do tempo estarão satisfeitos com o resultado.
É algo digno, vamos lá! Do it yourself!
Rodrigo Gerdulli
(Escrito ao som de The Strokes)
Rodrigo Gerdulli é músico, tradutor e colunista esportivo. Também é uma daquelas pessoas que, antes de nascer, ainda no céu, Deus aponta e diz "deste aí eu vou rir".
Rãsh! É com prazer que vejo que o Reação Cultural está conquistando, mesmo tão logo, seu espaço. Após meu texto de estréia, algumas pessoas procuraram-me para comentar as idéias que apresentei. Confesso que não esperava e fiquei muito contente.
Esse contato com o público é fundamental, pois mostra que o projeto está sendo válido. Portanto, antes de apresentar-lhes novos artistas, que é um dos meus objetivos, gostaria de aproveitar de outra maneira esta oportunidade que me foi dada.
Conhecem o lema punk "do it yourself"? Não há nada mais louvável no meio artístico, sobretudo no musical, que o "faça você mesmo". Vou dar um exemplo, e acredito que os leitores que não moram nos grandes centros se identificarão. Sobretudo nas pequenas cidades, há uma grande massa que gosta de um mesmo estilo musical, normalmente o que está na moda. Da mesma forma, existem os excluídos, que ouvem outros sons e sempre reclamam da falta de um espaço alternativo, tampouco eventos que os agradem.
Aqui em Marília a situação é razoavelmente boa, mas já foi igual à que citei. Poucos anos atrás, não havia sequer um bar que satisfizesse as necessidades dos amantes de rock and roll, e as bandas ou tocavam em outras localidades ou bastavam-se aos ensaios e festas esporádicas. Em meio a esse cenário, um amigo, o Bart, teve a ótima idéia de fazer em sua casa um churrasco, convidar os mais chegados e botar duas bandas para tocar. Como era seu aniversário, batizou a festa de Bartstock, uma alusão ao Woodstock. Tempos depois, decidiu repetir a dose, mas com mais amigos e mais bandas. Criou-se, então, o Lollabartooza (já ouviram falar do Lollapalooza, né?), que se realizou em uma chácara e nasceu com pinta de festival. O Lolla, como também é chamado, atualmente ocorre todo semestre e a cada edição há mais pessoas interessadas em participar dele, seja prestigiando, seja tocando. São 24 horas ininterruptas de música e divertimento.
Após algumas edições e o reconhecimento do público, tornou-se louvável o fato de que começaram a ser formadas bandas com o objetivo principal de tocar no Lolla. A interação entre músicos — algo importantíssimo — e o espaço aberto para iniciantes e àqueles que não tem oportunidade de mostrar seu trabalho em locais convencionais também são pontos positivos desse tipo atitude.
Minha intenção ao contar sobre tal festival é mostrar que de nada adianta reclamar sobre algo estando acomodado. Se você sente falta de qualquer coisa, como saraus de poesia e clubes de cinema, por exemplo, drible as dificuldades e organize um. Se onde você mora aparentemente não existe ninguém que se interesse pelo assunto, não tem importância, organize sozinho, divulgue e surpreenda-se. Talvez o sucesso não seja imediato — o próprio Lolla levou algumas edições para chegar ao que é hoje —, mas não desista. Garanto que com o passar do tempo estarão satisfeitos com o resultado.
É algo digno, vamos lá! Do it yourself!
Rodrigo Gerdulli
(Escrito ao som de The Strokes)
Rodrigo Gerdulli é músico, tradutor e colunista esportivo. Também é uma daquelas pessoas que, antes de nascer, ainda no céu, Deus aponta e diz "deste aí eu vou rir".
No comments:
Post a Comment