Monday, January 29, 2007

CLAQUE-TE!

Tragédias cinematográficas: quando o ser humano é o seu maior inimigo
Por Roberto Queiroz

Tragédias sempre nos acompanham por onde quer que vamos. Quando estudava o ensino médio ouvia muito um colega meu de classe dizer: “tragédias quando acontecem, sempre acontecem em três”. Se seguisse essa prerrogativa naquela época, muito mais tragédias – além das que já aconteceram – teriam vindo à tona. E olha que a sociedade já presenciou poucas e boas nesses últimos anos de terrorismo global! Mas e quando essas tragédias (melhor enfatizando: esses atos sórdidos) são perpetradas por companhias e instituições legais? Aumentando mais ainda o meu olhar clínico: e quando elas são quase “fabricadas”, vitimando milhares de pessoas inocentes sem nenhum motivo aparente? O que devemos fazer quanto a isso?

O cinema – sarcástico denunciador desse tipo de contenda - já nos demonstrou por várias vezes um interesse contumaz nesse tipo de temática. Daí o fato de o pobre colunista dessa página não ter ficado surpreso com o acidente da estação do metrô em São Paulo, tendo em vista já ter presenciado situações bem mais complexas e mirabolantes em muitas produções cinematográficas.

O maior exemplo atual dessa nova safra de filmes, na minha opinião, é a do polêmico e discutido filme As Torres Gêmeas (World Trade Center, de Oliver Stone, 2006). Como não chamar o ataque do 11 de Setembro de uma tragédia infra-estrutural? Há quantos anos a nação norte-americana vem atiçando o ódio dos países do oriente médio? Como aprendemos nas tão famosas aulas de física do 2º grau “toda ação sofre uma reação”. Pois é exatamente isso de que trata a película de Oliver Stone: uma reação amarga a uma política devastadora dos EUA de cobiçar tudo que pertença ao próximo. Outro caso que segue essa mesma linha (já que mostra o quanto a cultura pop americana pode alterar o rumo das mentes adolescentes na terra do Tio Sam) é o de Elefante (Elephant, de Gus Van Sant, 2003) que narra a tragédia do Colégio Columbine, quando dois jovens armados entram na instituição num dia comum de aula e assassinaram mais de 50 alunos sem nenhum motivo aparente (a não ser, é claro, o desejo de manterem em alta a sua fama e popularidade, preceitos números 1 e 2 da cultura de massa americana). Não se esqueçam, porém, de que aqueles garotos compraram suas armas na internet como quem compra uma caixa de bombons. E isso num país que manda “crianças” despreparadas para lutar em suas guerras financiadas.

Outro caso muito comum nesse tipo de tragédias envolvem desleixos dos administradores. É o caso de Inferno na Torre (The Towering Inferno, de John Guillermin, 1974) quando um arranha-céu de 138 andares pega fogo devido à ganância do diretor financeiro da administradora do prédio que decide “poupar uns tostões” comprando material elétrico de segunda mão (e com isso matando milhares de inocentes que só estavam ali para se divertir) e Síndrome da China (The China Syndrome, de James Bridges, 1979) onde dois jornalistas presenciam um acidente numa usina nuclear e tentam, a todo custo, veicular a matéria no jornal onde trabalham. E é justamente nesse momento que começam os problemas do casal: a usina é uma das maiores financiadoras desse jornal e faz de tudo para cancelar a reportagem e manter a população na ignorância.

Como o pobre colunista dessa humilde revista virtual não poderia deixar de falar dos blockbusters (senão ele apanha de alguns leitores), reservei dois bons exemplos dessa safra tragédia + infra-estrutura: o primeiro é Epidemia (Outbreak, de Wolfgang Petersen, 1995) que nos traz um vírus – no caso o Motaba (evidente relação com o ebola) – assolando toda uma região dos EUA devido a um desleixo do próprio Ministério de Saúde americano que tenta elaborar uma vacina e acaba por espalhar a maldita doença entre a população; e o segundo, mais filme-catástrofe impossível, é Daylight (Daylight, de Rob Cohen, 1996), onde um túnel vem abaixo durante um acidente envolvendo motoristas descuidados, deixando milhares de pessoas presas nos destroços. A gravidade da situação surge durante a tentativa de salvar os inocentes e nos é mostrado o desleixo com que foi conduzida a obra em questão (enfim, uma tragédia que tinha tudo para acontecer e ninguém deu o braço a torcer).

Em suma, tragédias existem. São dilacerantes, cruéis, muitas vezes os responsáveis nos fazem perder a fé na humanidade? Sim. Isso é certo. Já se fala em Hollywood sobre um filme sobre o furacão Katrina. O canal de TV a cabo HBO produziu – e foi veiculado esse mês – uma minissérie em dois capítulos sobre as tsunamis. E muitas outras virão: sejam naturais ou fabricadas pela arrogância humana. Como fazer para combatê-las? Não faço a menor idéia. Só o que posso dizer aos meus adorados leitores é o seguinte: quando virem alguma, sebo nas canelas, pois é exatamente isso que os causadores das mesmas farão.

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