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Cine Nostalgia: Quando o cinema homenageia o próprio cinema
Por Roberto de Queiróz
Durante a era dourada do cinema mundial - as décadas de 30 e 40 – diretores, produtores, roteiristas, atores a atrizes foram capazes de através de uma comunhão de habilidades, nos fazer exprimir os mais diversos sentimentos (luxúria, raiva, cobiça, frenesi, humor, paixão, entre tantas outras sensações, foram assimiladas por milhares de espectadores ao redor do globo terrestre). Copiamos vícios, cortes de cabelo, roupas de determinados personagens, atitudes, gírias e, principalmente, o glamour que os irradiava. Mas, com o tempo, isso deixou de ser suficiente: o cinema carecia de se bajular, adotar uma atitude narcisista. Eis que então passam a surgir os filmes cinematográficos que homenageiam a própria sétima arte (seja através das salas de projeção, do trabalho dos homens por trás dessa máquina de fantasias, entre tantas outras).
O maior caso de paixão ao próprio cinema como fonte de entretenimento – na opinião desse humilde crítico que vos fala – é a obra-prima Cinema Paradiso, de Guiseppe Tornatore. Como esquecer do fantástico Totó que vivia invadindo a sala de projeção do operador, levando-o à loucura e, posteriormente, vindo a se tornar ele também um gênio por trás da cabine, aquela única fonte de diversão de uma pequena cidade sem atrativos e outras diversões?
O mestre Woody Allen também rendeu suas sinceras homenagens à arte cinematográfica em A Rosa Púrpura do Cairo, quando o ator interpretado por Bill Pullman sai da tela após se encantar com aquela mulher que todos os dias ia ao cinema para assistir ao filme em que ele trabalhava, iniciando assim uma paixão mista de magia e romantismo.
Já na produção Matinê: uma sessão muito louca, o diretor Joe Dante traz de volta à cena as velhas Grind Houses (salas de cinema baratas ou, como chamamos aqui no Brasil, os cinemas-poeira) e um revolucionário diretor de cinema (vivido pelo ator John Goodman, o Fred Flintstones versão-filme) que aparece numa pequena cidade norte-americana próximo a uma base naval – isso em pleno período da 2º guerra mundial – para apresentar ao seu novo público as novas tecnologias cinematográficas existentes nas cidades grandes. Percebe-se claramente na película o precursor de filmes como Malditas Aranhas, A Invasão das Formigas Gigantes, entre várias pérolas do gênero.
Outra realização no gênero narcisista bastante interessante é o filme Cine Majestic, do diretor Frank Darabont (autor do indicado ao Oscar Um Sonho de Liberdade), que nos traz o sempre hilário Jim Carrey (dessa vez num papel dramático) como um diretor de cinema perseguido pelo macarthismo que, após fugir da capital hollywoodiana rumo ao interior dos EUA, sofre um acidente de carro - no qual perde temporariamente a memória – e é confundido com o filho do dono de uma antiga sala de cinema (a tal cine majestic) e decide ficar para ajudar o seu “suposto pai” a reerguer o prédio.
Em suma, muitos filmes saudosistas e narcisistas ao extremo (mas, em nenhum momento, sem perder sua ternura) foram realizados ao longo da história cinematográfica. Atualmente o diretor Quentin Tarantino trabalha junto com seu velho parceiro Robert Rodriguez na produção de Grind House (que contém dois médias metragens de terror), uma evidente “homenagem” ao cinema daquela época que jamais sonharia com esse cinema tecnológico de hoje. O que significam esses filmes? Falta de modéstia da parte de seus realizadores? Excesso de paixão à sétima arte? Não faço idéia. Mas que sempre é bom ver a história do cinema contada de forma apaixonante e nostálgica, disso não temos a menor dúvida. Temos?
ROBERTO DE QUEIROZ
Carioca, 29 anos, morador da cidade maravilhosa,amante das mais inusitadas expressões artísticas (emparticular da sétima arte), do qual me considero umconfidente mordaz.
Por Roberto de Queiróz
Durante a era dourada do cinema mundial - as décadas de 30 e 40 – diretores, produtores, roteiristas, atores a atrizes foram capazes de através de uma comunhão de habilidades, nos fazer exprimir os mais diversos sentimentos (luxúria, raiva, cobiça, frenesi, humor, paixão, entre tantas outras sensações, foram assimiladas por milhares de espectadores ao redor do globo terrestre). Copiamos vícios, cortes de cabelo, roupas de determinados personagens, atitudes, gírias e, principalmente, o glamour que os irradiava. Mas, com o tempo, isso deixou de ser suficiente: o cinema carecia de se bajular, adotar uma atitude narcisista. Eis que então passam a surgir os filmes cinematográficos que homenageiam a própria sétima arte (seja através das salas de projeção, do trabalho dos homens por trás dessa máquina de fantasias, entre tantas outras).
O maior caso de paixão ao próprio cinema como fonte de entretenimento – na opinião desse humilde crítico que vos fala – é a obra-prima Cinema Paradiso, de Guiseppe Tornatore. Como esquecer do fantástico Totó que vivia invadindo a sala de projeção do operador, levando-o à loucura e, posteriormente, vindo a se tornar ele também um gênio por trás da cabine, aquela única fonte de diversão de uma pequena cidade sem atrativos e outras diversões?
O mestre Woody Allen também rendeu suas sinceras homenagens à arte cinematográfica em A Rosa Púrpura do Cairo, quando o ator interpretado por Bill Pullman sai da tela após se encantar com aquela mulher que todos os dias ia ao cinema para assistir ao filme em que ele trabalhava, iniciando assim uma paixão mista de magia e romantismo.
Já na produção Matinê: uma sessão muito louca, o diretor Joe Dante traz de volta à cena as velhas Grind Houses (salas de cinema baratas ou, como chamamos aqui no Brasil, os cinemas-poeira) e um revolucionário diretor de cinema (vivido pelo ator John Goodman, o Fred Flintstones versão-filme) que aparece numa pequena cidade norte-americana próximo a uma base naval – isso em pleno período da 2º guerra mundial – para apresentar ao seu novo público as novas tecnologias cinematográficas existentes nas cidades grandes. Percebe-se claramente na película o precursor de filmes como Malditas Aranhas, A Invasão das Formigas Gigantes, entre várias pérolas do gênero.
Outra realização no gênero narcisista bastante interessante é o filme Cine Majestic, do diretor Frank Darabont (autor do indicado ao Oscar Um Sonho de Liberdade), que nos traz o sempre hilário Jim Carrey (dessa vez num papel dramático) como um diretor de cinema perseguido pelo macarthismo que, após fugir da capital hollywoodiana rumo ao interior dos EUA, sofre um acidente de carro - no qual perde temporariamente a memória – e é confundido com o filho do dono de uma antiga sala de cinema (a tal cine majestic) e decide ficar para ajudar o seu “suposto pai” a reerguer o prédio.
Em suma, muitos filmes saudosistas e narcisistas ao extremo (mas, em nenhum momento, sem perder sua ternura) foram realizados ao longo da história cinematográfica. Atualmente o diretor Quentin Tarantino trabalha junto com seu velho parceiro Robert Rodriguez na produção de Grind House (que contém dois médias metragens de terror), uma evidente “homenagem” ao cinema daquela época que jamais sonharia com esse cinema tecnológico de hoje. O que significam esses filmes? Falta de modéstia da parte de seus realizadores? Excesso de paixão à sétima arte? Não faço idéia. Mas que sempre é bom ver a história do cinema contada de forma apaixonante e nostálgica, disso não temos a menor dúvida. Temos?
ROBERTO DE QUEIROZ
Carioca, 29 anos, morador da cidade maravilhosa,amante das mais inusitadas expressões artísticas (emparticular da sétima arte), do qual me considero umconfidente mordaz.
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